Ser e Viver

Quebrada

Um dia, uma jovem de 18 anos chamada Eduarda (vulgo Duda),olhava o mundo da janela do prédio onde morava,mais especificamente do 15° andar.

Em sua cabeça se passava mil coisas ao mesmo tempo, principalmente a traição de seu namorado com sua melhor amiga,falta de auto estima,a depressão e anorexia.

Porque aquilo tinha que acontecer justo com ela?De 7 bilhões de pessoas no mundo,o universo resolveu fazer aquilo com ela, porquê?-pensou.

–Foda-se universo! - gritou para quem quisesse ouvir.

Ela havia bebido, não estava em seu juízo perfeito,ela pensava o que aconteceria se pulasse, com certeza quebraria cada osso de seu frágil corpo e morreria.

–Vai, você sabe que quer.Sua vida acabou,seus sonhos destruídos.

Ela escutou isso enquanto se olhava no espelho,a falta de comida trazia alucinações. Ela viu uma versão ruim de si mesma,mandando que tirasse a própria vida. Era como se fosse apenas uma marionete controlada por uma sombra maligna e perturbadora.

–Não é uma forma elegante de morrer.-falou Duda.

– Quem liga?-perguntou a sombra.

– Você chega no céu e perguntam como você morreu, seria legal responder morri lutando na guerra ou morri salvando pessoas em um incêndio.-disse Duda.

–Quem disse que você vai para o céu?No inferno quem sabe você tenha uma nova chance. -falou a sombra rindo.

Virou as costas e andou até o seu quarto, deitou-se em sua cama fitando o teto,observando as pequenas rachaduras. Pegou um Gillette em sua cabeceira e fez um risco em seu braço,tinha lido em algum lugar que em algumas culturas africanas um corte em si mesma significa purificação.

Quando viu o sangue escorrendo,era como se visse sua vida esvaindo e desaparecendo na palma de sua mão, não sentia-se pura, sentia-se suja. Fez outro corte,e depois outro e outro.
Lágrimas escorriam, molhando sua face assim como aquele líquido vermelho e viscoso descia encharcando seu corpo e sua cama.

Aos poucos, foi fechando os olhos, não sentia mais dor, somente o medo e o desespero, a proximidade da escuridão e o misterioso som do silêncio.