O que é Amor ?

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Duda já tinha terminado de arrumar suas coisas. Depois que Lizzie saiu, resolveu visitar a caçula, Luiza. A melodia de um piano reinava na casa, pegou um embrulho que tinha preparado e se direcionou para o quarto da irmã, enquanto Mozart tocava.

A menina tinha 14 anos,adorava música e poemas. Sua voz era como um arcanjo que orava para Deus,seus versos eram profundos e carregavam uma beleza inigualável. Era uma cópia perfeita de sua mãe,ao contrário de Duda que era a cópia de seu pai. Luiza escrevia em seu caderno, enquanto uma música alta ressoava pelo quarto.

Entrou sem bater,só deu tempo de sentir algo macio encostar na sua cara.

—Já ouviu falar de bater antes de entrar?Nunca ouviu a palavra privacidade?-reclamou Luiza.

—Poderia ser mais gentil da próxima vez e aumenta esse som, acho que o resto do bairro ainda não ouviu.-respondeu Duda com desdém.

—Que grosseria. Esse bando de idiotas não sabem apreciar uma boa música.-disse Luiza.

—Nem todos tem as suas habilidades de apreciação.-completou Eduarda.

—Eu sei,sou única nesta imensidão de mentes vazias controladas pela mídia. -gabou-se a irmã

Duda riu com a fala da irmã. Observou ela se levantar,baixar o volume e trocar a faixa,colocou Demons,de imagine dragons.

Analisou a letra:

When your dreams all fail
And the ones we hail
Are the worst of all
And the blood’s run stale

I want to hide the truth
I want to shelter you
But with the beast inside
There’s nowhere we can hide

Com certeza colocou pensando nela. Podia ser jovem, mas Luiza não era idiota.

—Bonita música. -comentou Duda.

—Se você analisar,tem um significado profundo.-disse Luiza.

—Vou entender isso como uma indireta. -falou Eduarda.

Elas riram,depois de um tempo Duda analisou a face de Luiza,estava rígida, impossível de ser lida. Invejava aquela habilidade da irmã de esconder aquilo que sentia,poderia ser muito útil em muitos momentos da vida.

—O que queres? -perguntou a pequena.

—Te dar uma coisa.-respondeu Duda.

—Assim?De repente? -questionou Luiza com uma desconfiança na voz.

—“Os melhores presentes são aqueles que recebemos sem data e hora”. Gretchen Stipp. -filosofou Eduarda .

—Claro,porque o cavalo de Tróia foi só um presente. - disse Luiza com ironia.

—Lá vem você com seu sarcasmo. -disse Duda.

Luiza suspirou fundo e revirou os olhos. Entregou o embrulho para a irmã,Luiza abriu delicadamente. Dentro encontrou um filtro dos sonhos,olhou com administração, era lindo. Com penas azuis e vários filtros menores embaixo.

—Quero que se lembre de mim. Então comprei para você, queria de dar antes de partir. -disse Duda.

—É lindo. -falou Luiza

—Que as coisas ruins passe pela teia e não corrompa seus sonhos. -comentou
Eduarda.    

—Eu sei para que serve. Não sou idiota. -falou Luiza com grosseria.

—Em grego, idiota quer dizer único. Você é idiota. -disse Duda.

Ela olhou para Duda como se quisesse fuzila-lá com os olhos. Não precisa de mais uma das estranhezas da irmã e com certeza não precisava de um amuleto.

—Eu não queria te aborrecer, só queria me despedir. -explicou Duda

—Se despediu, até mais ver, sentirei saudades e todas essa coisas. -disse Luiza com desprezo na voz.

—Não precisa agir assim. -falou Eduarda.

—Assim como?

—Como se tivesse um bloco de gelo em vez de um coração. -Disse uma resposta pesada para a pequena

—Eu não sou fria. -gritou Luiza

—As vezes parece que seu coração não tem amor. -disse Duda.

—Amor não passa de uma reação química do cérebro. -rebateu Luíza.

—Você ainda tem muito que aprender antes de falar o que é amor.

—Apesar de tudo que fez, eu vou sentir sua falta.

—Não precisa esfregar.

—Você precisa aprender com seus erros.

Duda ficou em silêncio por alguns instantes.

—Foram atitudes egoístas, você não tem direito de falar que eu não sei amar. -falou Luiza.

—Você ganhou, espero que agora nós duas possamos nos acertar.

—Você tentou se matar.

—Eu espero o seu perdão.

—Só peça perdão se estiver disposto a mudar suas atitudes. O arrependimento sem mudança é o vazio e o perdão será em vão.

Uma lágrima escorreu pelo rosto de Eduarda, logo notada por Luiza. Sentiu-se mau por julgar a irmã assim, mas era difícil esquecer.

—Eu te amo.

Duda olhou pra cima surpresa, ela não era uma pessoa sentimental, era a primeira vez que Eduarda ouvia Luiza Lemos dizer isso, era um milagre, o tipo de coisa que só se vê uma vez na vida.

—Eu também te amo.

Um silêncio se formou.

—Você deveria falar isso mais vezes.
-falou Duda quebrando a quietação.

—Desnecessário, não preciso falar pra saber.

—As vezes você não deixa explícito.

—Agora já sabe, não espere escutar novamente.

—Boa noite.-Duda despediu-se da menina com um beijo na testa.

— Antes que vá, também quero te dá uma coisa.

Luiza pegou uma foto na cabeça do criado mudo do lado da cama e entregou a Duda.

—Boa noite.-desejou Luiza.

—Bons sonhos Lu.

E saiu, Luiza pendurou o filtro na janela e observou, quem sabe se ele não é só um mito, esperava que realmente prendesse seus pesadelos. Uma boa noite de sono era o que precisava, sem pensar na irmã em um caixão de vidro.
Duda ao chegar em seu quarto, se arrumou e se deitou para dormir. Antes pegou a foto que tinha ganhado, era dela e com suas irmãs, atrás tinha escrito:

Família é espírito
Família é união
Família é da alma, o distrito
Família é de coração

Sorriu, sentiria falta delas, apesar de que no fundo queria ir embora, aquela cidade trazia-lhe muitas dores.
Guardou a foto na sua carteira, para que sempre pudesse olhar. Eduarda dormiu profundamente, sonhando com o que lhe aguardava. 

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⏰ Última atualização: May 18, 2019 ⏰

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