Nota da Autora

48 2 1
                                    


O Brasil de 1872, Segundo Império. Dom Pedro II está no trono de um país recém-saído de uma guerra com o Paraguai e onerado. O período áureo da economia cafeeira ficou para trás e as terras do Vale do Paraíba fluminense vão se desgastando com as plantações de café que tomam os seus montes e sugam as riquezas minerais, criando um cinturão de esterilidade ao redor. O movimento abolicionista ainda engatinha, mas começa a angariar adeptos com a distribuição de panfletos nas fazendas e reuniões nas cidades. José do Patrocínio ainda está estudando Farmácia e Joaquim Nabuco prepara a sua viagem de formação à Europa. No Nordeste, os escravos começam a minguar nos engenhos, sendo vendidos para o Sudeste. Em São Paulo, Antônio Bento e o grupo Caifazes provocam fugas escravas e os quilombos vão se tornando uma ameaça aos proprietários de terras. O Partido Conservador, sob o comando do Gabinete do Visconde de Rio Branco, está no poder para proteger os direitos dos grandes latifundiários. Ainda assim, a Lei do Ventre-Livre passa. A lei que tem um apelido bonito, mas cujos artigos não são tão belos. Como um canto de sereia, ela engana e afoga as esperanças de liberdade plena. À luz dos recém acesos lampiões a gás, que vão pontilhando as ruas da Corte, a lei favorece mais os senhores de escravos do que os escravizados, ainda acorrentados à escuridão das senzalas.

A BARONESA DESCALÇA (amostra do e-book)Where stories live. Discover now