2 - Volta a Busan

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  Minha vida nunca foi tão para frente como está indo agora. Meu filho, agora com quatro aninhos já sabia falar coisas básicas como: cocô, fome e papai quebrou. Consegui concluir, finalmente minha faculdade de arquitetura, mais cedo que o normal já que fiz mais cadeiras por semestre e Namjoon foi transferido para o banco central de Busan. Agora estamos aqui, de frente para minha antiga casa em Busan para finalmente, poder estabelecer nossas vidas.

"Sei que não é tão confortável como sua casa era..." coloco as malas em cima do sofá encapado por um lençol branco, meio acanhado pela simplicidade do local, e coloco Jungji no chão próximo as minhas pernas, onde ele fica segurando para apoiar o corpinho ainda não acostumado com o próprio peso. "Mas eu acho que está bom para dar continuidade com a nossa jornada."

Namjoon, apenas tirou a gravata que compunha o terno — Na qual não vi necessidade em uma viagem casual — jogando junto com a mala em cima do sofá, me encurralando ali e me fazendo ficar sentado no braço do móvel, com cuidado já que Jungji estava próximo ainda, e capturou meus lábios em um único beijo calmo, puxando o lábio inferior ao se afastar minimamente e me encarar.

"Está ótimo meu amor, meu conforto vai estar presente em todos os lugares enquanto você estiver comigo. Até uma caixa de papelão seria nosso lar, se eu pudesse estar com você.

Com mais uns beijos de intervalo moderado, pois sou intensamente apaixonado pelas declarações dele, nos separamos com um sorriso bobo olhando Jungji, que havia se afastado em algum momento, escorando nas coisa e agarrava alguns pequenos objetos de deixei para trás quando fui embora quatro anos atrás. Era uma graça como ele se abaixava para pegar alguma coisa e o que já tinha nas mãos caía.

"Você acha que ele vai conseguir ficar bem na escola?" Perguntei meio medroso. Jungji é como eu, envergonhado e meio tímido. Não saber como as crianças vão tratar ele é um medo que eu levo muito em conta.

Não suportaria ver meu bebê sofrer.

"Jimin, Jungji é um garoto incrível, não há dúvidas que no primeiro dia ele volte para casa sorrindo por conta dos novos coleguinhas." Nam tenta me acalmar com mais beijos.

"Papai! Papai!" o pequeno corre até nós, estendendo uma caixinha dourada para mim. "Papai quebô!"

"Só por que aprendeu a falar isso, agora tudo que aparecer quebrado vai ser culpa minha?" Nam pergunta para a criança, indignado. "Eu vou te pegar, vem aqui!"

Então, saíram os dois correndo pela casa, sorri com a cena. Minha família... A que eu sempre sonhei em ter....

Olhei em volta, levantando do sofá e indo até a parede próxima a porta, ligando o interruptor e vendo a luz tomar conta de todo o cômodo. Com uma boa análise, pude notar estar faltando coisas, não que minha memória seja muito boa, mas tenho certeza que não era tão vazio assim. E provavelmente, em algum momento, teríamos que mudar, pois o bairro não é do mais seguro também.

A televisão que havia na sala, já não estava mais, assim como o aparelho de som e o relógio de parede. E isso apenas na sala. Olhando para a caixinha que ainda estava em minhas mãos, percebo ser uma coisa que eu, por muitas vezes quis voltar para buscá-lo. Era uma caixinha de música. A caixinha. Jungkook me deu ela em uma noite chuvosa, quando dormiu comigo durante todo o final de semana. Ao abrir, uma música de Mozart começou a soar em um tom falho, como se o tempo tivesse o feito cansar de me esperar.

Antes, esse som aquecia meu coração, pois eu sabia que ele era símbolo de que ele sempre estaria comigo. Toda vez que ele ficava afastado por conta da faculdade ou do trabalho, eu deitava na cama e abria a caixinha, poderia sentir ele ali comigo... Mas agora, era apenas uma música, eu simplesmente não via nada mais do que uma das composições de um homem compadecente com o amor. Não tem mais nenhum significado, muito menos motivo para ficar com ela.

Away  [PJM🖍️JJK]Onde histórias criam vida. Descubra agora