23 - Namjoon é uma naja

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Cansado.

Parando para pensar, essa palavra vem me definindo muito, mas é assim que eu me sinto.

Eu estava cansado e enjoado de todo esse sobe e desce que a minha montanha russa pessoal dava. Minha cabeça lateja de tanta dor por ter que suportar uma coisa que a alguns tempo atrás eu não precisaria me preocupar mais.

Ainda estávamos no cemitério; eu com a cabeça de Jeon apoiada em meus joelhos dobrados, afagando seus longos e desalinhados cabelos negros, enquanto assistia Jungji, cuidadosamente, ajoelhado ao lado da cabeça de Jungkook, colocava flores entrelaçadas umas nas outras, em uma espécie de coroa.

Eu me senti mal, passando o dedo carinhosamente sobre o lombo em sua testa. Seu desmaio parece ter sido repentino até para si mesmo, pois ele não conseguiu calcular bem para onde estava caindo inconsciente, e bateu com o rosto na lápide de Junghyun.

Não sei bem o que deveria fazer, mas eu só tive algum tipo de reação, quando Jungji começou a sacolejar o corpo de Jungkook, pedindo baixinho para ele sair de cima da caminha do irmãozinho. Tirei ele de cima da lápide, pedindo ao meu pequeno a garrafinha de água de eu trouxe para nós, e molhando um pouco o rosto de Jungkook o aconchegando em meu colo. Sei que temos que tentar acordar alguém que bate a cabeça, e eu já tentei por um tempo, ele deu uma mexida estranha, mas não abriu os olhos. Pelo menos sei que ele não está morto, então eu apenas espero até que ele mesmo acorde.

"'cabei, ama." Jungji sorriu, erguendo a coroa o mais alto que seus bracinhos conseguiam. "munitu?"

"Ficou lindo, meu amor." Sorri gentil, o chamando para se aproximar. "Você vai ficar parecendo um príncipe. Coloque-o."

Ele nega com a cabeça. "É pa gugu. Pincesa." Ele riu, colocando a coroa sobre o rosto de Jeon. "ama, beijinho" Juntou as duas mãozinhas em forma de bico, simulando um selinho. Ri. "Acodar."

"Filho... " Acariciei seu rosto, endireitando o aparelhinho em seu ouvido, que escorregava, e encantado com a ingenuidade dele. "Ggukie Hyung não vai acordar com um beijo, nós precisamos apenas esperar."

Pode parecer cruel, mas eu não queria que ele acordasse, acho que por medo do que aconteceria se ele acordasse e possivelmente percebesse que não foi um sonho toda sua descoberta. Eu não planejava contar para ele, nem sobre Jungji, muito menos sobre Junghyun, mas como sempre, o destino quer me foder bonito, desculpe a sinceridade das palavras.

Jungkook se remexeu em meu colo, gemendo dolorido, provavelmente por conta da posição. Ele piscou um pouco, por conta da claridade que passava por entre as folhas da árvore que havia sobre nós, e me olhou.

"J-Jimin?" Sua voz soou rouca, e sua mão, lentamente veio de encontro com minha bochecha, a acariciando. "E-Eu morri?"

Sorri um pouco, pondo minha mão sobre a sua, e fechando os olhos por um momento antes de responder em um tom ameno. "Não, mas não foi por falta de tentativa."

Senti seu aperto em meu rosto se fortificar um tanto antes de afrouxar e escorregar para longe. Dando um pequeno impulso para se sentar. Jungji correu para sentar em meu colo, onde antes ocupava a cabeça do pai, e observamos atentos quando ele olhou em volta, parando seu rosto na lápide escura ao seu lado.

A minha vontade foi de gritar quando vi, depois de o que pareceram três minutos observando, uma lágrima agonizante, lentamente descer por sua bochecha, como se tivesse recordado de tudo.

"Me diz que é mentira..." Ele pediu, em tom choroso, ainda sem olhar para mim. "Me diz que tudo isso é um sonho... Que eu estou em nosso antigo apartamento, com você ao meu lado, que meus pais estão vivos... Por favor, me diz que tudo isso é apenas uma visão sem graça de como eu vou terminar se eu não mudar agora mesmo."

Away  [PJM🖍️JJK]Onde histórias criam vida. Descubra agora