CAPÍTULO 35-DONATO ENCONTRA ANDREAS

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Seguindo os conselhos de Andreia, Donato decidiu afastar-se da cidade para evitar algum encontro com Tiago.

Deu folga aos funcionários, pois eles precisavam descansar do mal humor do patrão. Também não aguentava mais ouvir Ulisses e Miguel repetindo a todo momento, achando que ele não estava ouvindo, "isso é falta de mulher", referindo-se a tudo o que o patrão fizera de errado nos últimos tempos.

Seguindo a dica de um amigo, resolveu passar o final de semana numa pousada tranquila no alto de uma montanha. Era baixa temporada e, com certeza, o local estaria vazio, mas ele não estava querendo ver gente.

Iria aproveitar aquele retiro para tentar colocar as ideias em ordem.

Abasteceu o carro, pegou algumas roupas e começou a subir o morro. Já estava há um bom tempo dirigindo solitariamente entre árvores silenciosas, quando percebeu que o carro dava sinais de algum defeito.

O mecânico parou. Não foi preciso fazer uma análise muito grande para perceber que uma pedra quebrara uma peça do carro e que não daria para, com apenas uma caixa de ferramentas, arrumar o veículo ali.

Tentou usar o celular, mas ele estava sem sinal.

Donato passou as mãos pelos cabelos negros e sedosos, concluindo que o melhor seria tentar pegar uma carona para voltar para a cidade e pedir um reboque.

Conformou-se com a ideia de ter que cancelar o passeio, pois com aquele contratempo, o desgosto o invadira e, talvez, o melhor seria voltar para a oficina. Daria um jeito de esconder-se lá de tudo e de todos.

Juntou os pertences mais importantes, colocou numa mochila e foi esperar passar alguém.

Meia hora depois, apareceu um caminhão de entrega.

Inicialmente, Donato assustou-se com o negro enorme atrás do volante que lhe sorria de forma simpática e amigável:

_Perdido, amigo?

_Meu carro estragou e eu preciso de uma carona.

_Se quiser, posso dar uma olhada no carro pra você.

_Não precisa. Sou mecânico e já descobri o defeito. Não dá pra consertar aqui.

_Então suba que eu te levo. Tenho que deixar esta mercadoria lá em cima. Se quiser vir comigo...

_Claro, vou aceitar. Parece que o tempo está fechando e não vou arriscar._disse já entrando no caminhão.

_Anunciaram chuva torrencial para daqui a pouco._informou o homem.

Donato não pode deixar de observar como ele dirigia bem. Simpatizou rapidamente com o motorista que manteve um papo amigável com ele durante todo o caminho.

_Meu nome é Andreas, mas todo mundo me chama de Touro Negro. Pode me chamar como quiser.

Donato logo ficou sabendo que ele tinha 55 anos, fora casado, tinha três filhos e sete netos. Era dono de uma transportadora e estava substituindo um funcionário que ficara doente e não pudera fazer aquela entrega.

Donato viu que começava a chover e recriminou-se por não ter consultado a previsão do tempo antes de sair.

_Você deve estar se perguntando por que eu, sendo dono da empresa e já sendo avô, ainda dirijo meus caminhões, especialmente num tempo desses. Pois eu lhe digo, mecânico, que acontecem tantas coisas na vida da gente que nos fazem mudar a nossa história radicalmente, pode acreditar.

Donato não quis perguntar do que ele estava falando. Imaginou que depois ele mesmo teria que também falar mais do que o necessário e ele não queria intimidades com um estranho, afinal, era apenas uma carona e logo se despediriam e não se veriam nunca mais.

O SINAL DE CAIM-2ª parte-Armando Scoth Lee-romance gayOnde histórias criam vida. Descubra agora