Capítulo 8 - A amizade.

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– Ela já estava acostumada com o silêncio dele, até concordava que era melhor assim.


Eu a queria mais do que qualquer outra, mas eu sabia o quão difícil as coisas se tornariam, eu estava relutante e receoso, mas eu jamais esqueci dela, nem mesmo um único dia.

O peso disso tudo, as vezes parecia me sobrecarregar.

Eu sempre gostei da noite, e agora elas significavam angustia.

Era quando tudo parava, se silenciava, era o momento em que meus pensamentos gritavam em minha cabeça e corriam desesperados em direção a ela.

Por diversas vezes eu encarei aqueles números, mas nunca tive coragem de mandar mensagens ou telefonar.

Eu tinha medo, medo de ser ignorado por quem eu mais queria e medo de ser correspondido por quem eu mais queria.

Ser ignorado significava que eu deveria desistir dela, e ser correspondido significava que eu tinha motivos para seguir acreditando em nós.

Sempre pensamos que querer alguém e esse alguém não nos querer é o pior que pode nos acontecer, mas na verdade o pior é quando ambos querem um ao outro, mas por circunstancias da vida não podem ficar juntos.

O "nós" não poderia existir, não nessas condições, e eu sabia disso, mas eu não suportava mais ficar longe e fingir que nada existia, eu estava me afogando em um mar de sentimentos.

Faziam mais de dois meses desde a última vez em que estivemos juntos, o meu dia havia sido péssimo, tudo tinha dado errado durante a semana, eu estava tão frustrado, eu precisava de algo para me alegrar, eu precisava de alguém para conversar, eu precisava de alguém, mas esse alguém era ela, apenas ela.

Lembrei-me das vezes em que estivemos juntos, ela sabia ouvir as pessoas como ninguém, a impressão era de que ela poderia ouvir as histórias mais absurdas e mesmo assim te olharia sem julgamentos.

Eu confiava nela, não saberia explicar, mas ela era como um porto seguro, mesmo que nós não tivéssemos tantas oportunidades de estarmos juntos, as vezes em que estivemos foram o suficiente.

Lembrei-me dos seus olhos azuis, brilhantes e atentos, piscavam quase em câmera lenta, do sorriso gentil e sincero que ela dava enquanto ouvia minhas histórias, de como os cabelos compridos e negros caíam sobre seus ombros, do cheiro floral do seu perfume.

Lembrei-me do toque suave das suas mãos delicadas... como eu queria senti-las de novo.

Por deus, como eu a queria, e não poder tê-la ali ao meu lado estava me matando.

Passava da meia noite em Seul quando ignorei tudo que conspirava contra nós e simplesmente escrevi aquela mensagem, eu não sabia ao certo o que dizer, mas eu precisava falar.

Meu coração parecia querer saltar para fora do meu peito, minhas mãos estavam frias, e eu tinha medo do que aconteceria em seguida.

Oi!
Salve meu número – Dizia a breve mensagem –.

Olhei a mensagem que chegara em meu telefone, o número não estava entre meus contatos, olhei para o código e tentei recordar de onde seria aquele número, alguns segundos depois concluí.

Coréia... – Só tinha uma pessoa que sabia o meu número –.

Quem é? – Respondi ainda receosa –.

Sehun! – Dizia a mensagem –.

Em seguida sua foto apareceu no perfil do aplicativo.

Mas eu era muito cuidadosa e desconfiada, precisava ser, as pessoas fazem loucuras hoje em dia pelo número do telefone de alguém famoso.

Você pode me ligar por vídeo? Medidas de segurança – Respondi o mesmo, ainda confusa e surpresa –.

Ok, era por medidas de segurança sim, mas confesso que também queria vê-lo e ouvi-lo.

Ele me ligou aquele dia, a primeira de muitas ligações que ainda faríamos.

Ele parecia triste e frustrado, mas seus olhos negros ainda brilhavam como um diamante quando ele sorria, os cabelos estavam bagunçados, seus ombros estavam despidos, podia visualizar parcialmente, mas ele continuava perfeito.

Não pude deixar de notar, quando o mesmo ergueu um dos braços e levou uma de suas mãos até os cabelos, fazendo seus dedos compridos deslizarem entre os fios negros que haviam curativos cobrindo machucados em sua mão.

– Eles cobriam as marcas deixadas pela determinação, força de vontade, luta pelo sonho, pelo esforço em melhorar a cada dia.
– Sehun treinava as coreografias até a exaustão, e ainda tinha que arrumar energia para manter um abdômen bem desenhado, exigência das fãs, que muitas vezes só se importavam com o corpo bonito deixando de lado o ser humano que ali habita, algo que a modelo provavelmente não entenderia.
– O colapso viria, mais cedo ou mais tarde, era só uma questão de tempo.

Eu realmente me preocupava com ele então perguntei o que havia acontecido, ele não era o homem mais sorridente do mundo, também não era triste, mas neste dia ele estava.

Ele parecia ter guardado todos aqueles sentimentos por tanto tempo, eu me importava tanto com ele.

Eu o ouvia atenta, eu o ouviria quantas vezes fosse preciso, se isso significasse que ele se sentiria melhor de alguma forma, eu faria.

Tivemos uma longa conversa, quando estávamos juntos sempre tínhamos muito o que conversar, mas essa vez ele contara seus problemas, as insatisfações, as dificuldades em ser quem ele era, a pressão que sentia pesar sobre seus ombros, as frustrações, e tantas outras coisas que o sobrecarregavam.

Foi ali que tudo que eu mais temia se confirmou, eu estava mesmo apaixonada por ele, tudo o que eu queria naquele momento era abraçá-lo bem forte e roubar toda sua dor, mas eu estava tão longe e não havia muito que eu pudesse fazer a não ser ouvir.

– Após aquele dia, os dois passaram a se falar com frequência, exceto nos dias em que estavam muito ocupados com todos os compromissos e afazeres.
– Sehun sempre ligara, principalmente durante as noites, em virtude do fuso horário.
– A essa altura já sabiam quase tudo um sobre outro, desde as coisas mais simples que apreciavam até os sentimentos mais secretos sobre o sentido da vida.
– Não era difícil vê-los sorrindo enquanto olhavam bobos para a tela do telefone.
– Mas nunca, nenhum ousou dizer o que realmente sentira a respeito do outro, mas esse
momento era inevitável e logo chegaria.

Durante nossas longas conversas, quase que diariamente, o assunto "nós" nunca fora mencionado, era um assunto delicado para ambos.

Agora poderíamos nos considerar grandes amigos, confiávamos um no outro, apesar de toda distância física que havia entre nós, estávamos conectados, isso era inegável.

• • YOU AND I • • OhS, JJKOnde histórias criam vida. Descubra agora