Before The War

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Um dia antes da guerra.

Já estava no fim da tarde, e os três meninos ainda treinavam no grande salão. JB atacava com força, porém ainda mantendo cuidado para não acabar machucando um dos príncipes.

Jimin pingava de suor, sua blusa branca grudando no corpo, e seus cabelos loiros colados na testa pela mesma estar encharcada, assim como o restante do seu rosto. Apesar do cansaço, mantinha a espada firme na mão e o olhar focado no seu oponente.

- Vamos, Chanyeol, nós ainda não derrubamos ele... – O príncipe estava tão exausto que parecia que não fazia ideia do que falava, porém, sua fraca voz conseguiu motivar o irmão, que se encontrava da mesma forma, mas conseguiu fazer outra investida, que foi desviada com facilidade.

JB estava ofegante, mas ganharia dos irmãos caso se esforçasse. Ele sorriu levemente para Jimin, que se mantinha sério, completamente focado e impassível, e ele não sabia se isso era coragem ou tolice.

- Não, já chega. – Ele abaixou a espada, e uma expressão confusa surgiu no rosto dos mais novos. – Não quero que acabem se machucando ou desmaiando de exaustão.

- Nós ainda podemos lutar...! – O caçula protestou, e só então Jimin percebeu o quão cansado seu irmão estava, apenas pela sua voz.

Jaebum não pode evitar um sorriso pela fofa audácia do amigo. Em resposta ele apenas guardou sua espada e acenou para os príncipes, enquanto caminhava em direção à porta.

- Deixa, Chany, amanhã a gente consegue vencer ele. – Jimin bagunçou os cabelos do mais novo, tentando motivá-lo, e logo sua expressão emburrada se suavizou em um sorriso.

Ambos guardaram suas espadas, e como se soubessem exatamente o que o outro pensava, correram com o restante da sua energia e avançaram nas costas do mais velho, que já estava próximo da porta, e precisou se segurar para não cair.

Uma tentativa fútil.

O peso e a força dos garotos eram superiores ao seus, e um mínimo deslize de suas mãos já foi suficiente para derrubá-lo no chão.

Os mais novos riam sem parar, sem se importar com a posição bizarra em que estavam, e apesar da dor da queda e de ainda ter os dois em cima de si, JB gargalhou junto ao ouvir a risada gostosa dos meninos.

Até que passos no corredor cessaram os risos descontraídos dos garotos. Era estranho o movimento de pessoas no castelo a essa hora, já que estavam todos trabalhando e os meninos estavam geralmente no treino.

Em segundos a porta foi escancarada com um estrondo, assustando a todos, principalmente Chanyeol. A figura inconfundível de coroa e roupas arrumadas encarou os garotos, que ainda estavam no chão.

Ao notar a presença dos príncipes, mudou rapidamente sua expressão preocupada e aparentemente nervosa por um sorriso forçado, percebido de imediato pelos mais velhos.

- Jaebum, por favor me acompanhe. – Era impossível não notar o tom de preocupação em sua voz, mas julgando pela sua aparência, ele estava escondendo bem mais do que aquele tom entregava.

- Sim, senhor. – Ele se levantou rapidamente; sua expressão antes calma e risonha, foi substituída por uma mistura de seriedade e nervosismo.

Os príncipes apenas observaram confusos enquanto o rei e JB deixavam o salão. Antes de se afastar muito, o garoto olhou para Jimin, e não havia dúvidas pela sua expressão que algo estava errado. Muito errado.

Eles só não sabiam que isso era apenas o começo do fim.

Horas se passaram desde que JB saíra do salão e não retornara da sala do rei. Como já passava de meia-noite, Chanyeol havia ido dormir. Porém Jimin não. Ele simplesmente não conseguia com tantos pensamentos girando em sua cabeça, lutando pela sua atenção, e uma sensação ruim o importunava desde que seu amigo havia saído, e ele sabia que ela só passaria ao vê-lo.

Até que não aguentava mais. Ele precisava encontrar Jaebum.

Jimin deu uma última espiada em Chanyeol antes de deixar o quarto, fechando a porta cuidadosamente para não emitir nenhum ruído.

O corredor se encontrava completamente escuro e silencioso, chegando a assustar o menino que já tinha 15 anos. Preferiu não acender nenhuma luz para não chamar a atenção de algum guarda que fizesse a ronda por perto, e usou o tato para se guiar pelo longo corredor até o salão principal, que ficava perto da sala do trono e da escada que levava aos aposentos do rei e da rainha, e principalmente, ao gabinete real.

Não demorou muito para que seus olhos se acostumassem à escuridão, porém ainda sim era difícil de enxergar. Ele se guiava praticamente pelas mãos e pela memória. E ainda bem que estava funcionando.

Após algum tempo caminhando cegamente pelos corredores que aparentavam não ter fim, finalmente esbarrou em algo que não fosse uma parede. Porém havia algo errado.

Era macio.

...E forte.

Foi aí que percebeu que não passava suas mãos pelo papel de parede, e sim em um... abdômen. E bem, foi inevitável que corasse, retirando suas mãos imediatamente.

- Jimin?

- Jaebum?!

Ele arregalou os olhos, apesar do mais velho não perceber devido à escuridão que os cercava.

- O que você tá fazendo aqui? – O mais velho perguntou, ainda surpreso pelo inesperado toque.

- Eu vim procurar você! – Jimin bateu o pé como se aquilo fosse a coisa mais óbvia do mundo. Para Jimin era. – Por que passou a tarde toda lá?

Silêncio. Isso era pior que palavras. Ele abaixou a cabeça, como se falar aquilo fosse errado, e após um suspiro criou coragem para falar novamente.

-... O que meu pai queria? Você nunca passou tanto tempo assim em uma reunião antes...

Após alguns segundos, que passaram como horas, JB conseguiu abrir a boca.

Como tão poucas palavras podem afetar tanto alguém? Ouvir aquilo foi como receber uma facada no peito ou pior. E o loiro sentiu como se seu mundo desmoronasse bem na sua frente.

Haveria uma guerra. E Jaebum seria mandado como general do exército.

O principal alvo dos inimigos após o próprio rei.

Não houve muito tempo para conversarem depois daquilo, já que Jaebum não podia ficar no castelo a essa hora, e Park tinha que voltar para o quarto antes que fosse pego por algum guarda. O mais velho ofereceu para deixa-lo em seu quarto, porém não falaram uma palavra se quer durante todo o caminho. Sua cabeça estava tão perturbada que não percebeu quando chegaram na porta do aposento, despertando somente ao ouvir a voz de Jaebum.

- Desculpe, Jimin.... De verdade... – O mais velho falou cabisbaixo, sua voz quase inaudível. Isso provocou uma avalanche de tristeza no mais novo, que se culpou mentalmente por fazer seu amigo se sentir ainda pior do que já estava.

-N-Não é sua culpa... – Houve uma pausa. Até que o silencio foi quebrado pelas lágrimas do pequeno que se esparramavam no chão, e pelo fungar de seu nariz, que já se encontrava vermelho.

O mais velho não sabia como reagir, então apenas envolveu o menor com seus braços, compartilhando um carinhoso, porém sofrido, abraço de dor.

E foi assim que Jimin dormiu nas próximasnoites. Lembrando do toque quente e inseguro de Jaebum, e derramandoincontáveis lágrimas até não aguentar mais e cair no sono.

Immortal - Jikook AUOnde histórias criam vida. Descubra agora