The Silent Killer

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Algo estava se aproximando.

Não. Aquilo já estava aqui.

O fim da guerra não quis dizer o fim do medo.

E como se já não bastassem todas as mortes, ela traria mais. Muito mais.


Jimin e Chanyeol, como sempre faziam as quatro da tarde, estavam treinando. A grandiosidade do salão chegava a ser exagero para ser apenas uma sala de treino. Possuía altas paredes brancas decoradas com grandes janelas, cortinas de seda, um enorme arranjo de flores preso à parede e colunas que se estendiam até o teto, onde se fechavam em formato circular. O teto era branco, como as paredes, e do seu centro descia de forma majestosa um candelabro de cristal, iluminando grande parte do salão. Era ali que os meninos costumavam treinar. Ambos os príncipes concordavam que era desnecessário todo aquele espaço que seria usado apenas para treinos corpo a corpo e espada, já que o de arco e flecha era do lado de fora do castelo. Mas o rei gostava, então não discutiam.

Chanyeol, agora com 14 anos, já estava mais forte e ágil. Apesar da jovem idade, possuía um corpo bem definido e beleza invejável. Ele não costumava se gabar por isso, só o fazia para irritar seu irmão, mas sempre foi na brincadeira. Ambos eram inseparáveis, e chegava a ser assustador como pareciam saber exatamente o que o outro pensava, sendo possível afirmar que conheciam melhor o irmão do que a si mesmo.

E por isso não foi difícil notar que algo estava errado com Jimin.

- Jimin. - Ele abaixou a espada. Ele não o encarou, apenas permaneceu imóvel em sua posição. - O que está acontecendo? Eu já te acertei umas 5 vezes, isso não parece com você.

O mais velho não respondeu.

Em vez disso, começou a tossir. Muito.

Ele largou a espada no chão e pôs as mãos na boca, tossindo desesperadamente, como se estivesse engasgado. Sua pele ficava mais pálida a cada segundo, e suas pernas tremiam.

Não demorou para Chanyeol arremessar sua arma para qualquer canto do salão e correr na direção do irmão, o segurando pelos braços por pouco antes que caísse.

- Jimin, o que houve?!

Ele entrelaçou seu braço no ombro do irmão, fazendo o mesmo com o dele, assim o mantendo de pé. Até que após algum tempo tossindo, a fraca força que puxava a blusa de Chanyeol se dissipou, e a mão de Jimin caiu pálida em suas costas, assim como seu corpo no chão caso ele não o estivesse segurando.

A outra mão de Jimin também caiu.

Não demorou nem um segundo para Chanyeol perceber que ela estava encharcada de sangue.

A visão do líquido vermelho escorrendo da pálida mão de Jimin deu arrepios no mais novo. Seu coração estava acelerado, e suas mãos tremiam pelo crescente desespero que inundava seu corpo.

Ele olhou rapidamente para cada canto da sala, procurando qualquer fonte de ajuda. Mas não havia nem uma alma naquele lugar. Apenas os dois. E por mais que gritasse, ninguém o ouviria.

Foi aí que percebeu que não havia nada a fazer.

Ele não podia deixar Jimin lá e procurar alguém ou algo que pudesse ajudá-lo. O medo e a adrenalina tomando conta de seu corpo o fazia gradualmente perder a noção de pensamentos racionais, e nem uma simples ideia se formulava em sua mente que pudesse ajudar seu irmão.

Não faz mal pedir ajuda de vez em quando. Eu sempre vou estar ao seu lado.

A voz de Jimin surgiu em meio aos seus confusos pensamentos, finalmente o dando uma ideia para onde ir.

Eu também estou ao seu lado, irmão.

Ele encarou a espada que estava jogada próxima a um armário de madeira. O armário de armas.

Seu plano não funcionaria com algo tão leve quanto a sua espada.

Ele se abaixou, colocando cuidadosamente o corpo de Jimin no chão, e em seguida disparou para onde estava o objeto. Ele o pegou rapidamente, e por pouco não cortou a mão ao passá-la milímetros do metal.

Ele encaixou a ponta no buraco do cadeado que trancava o armário, e em segundos ouviu um baixo clique, significando que o havia destrancado.

Chanyeol o abriu com força, não se importando com o dano à porta ou à parede. Lá estavam expostas diversas armas de todos os tipos e tamanhos, porém apenas uma o interessava. Seus olhos pairaram sobre o enorme e pesado martelo de metal que seu pai havia usado durante a guerra.

A arma mais pesada e mais preciosa.

Porém a única capaz de quebrar o vidro blindado do salão.

Ele sabia que seria punido por tudo que estava fazendo, especialmente por pegar esse martelo. Mas nada disso importava comparado a ajudar Jimin.

E assim foi feito.

Ele já não conseguia mais correr devido ao enorme peso do metal, e se perguntava como seu pai havia carregado aquilo diariamente. Ao chegar na enorme janela, juntou toda a sua força e desferiu um golpe no vidro.

Uma pequena rachadura. Apenas.

Ele continuou martelando, suas mãos antes vermelhas, agora quase sangravam pela força aplicada no cabo.

Até que ele finalmente quebrou, fazendo um barulho ensurdecedor.

Chanyeol largou o martelo e se apoiou na parede, escorregando de costas até que sentasse no chão. Ele finalmente se sentiu um pouco aliviado; alguém com certeza ouviu aquele barulho e logo viria checar o salão. Seu plano havia dado certo, e em breve Jimin seria socorrido.

Ele engatinhou até onde o maior estava, sentando ao lado de seu corpo desacordado.

Ver seu irmão daquele jeito tão de perto provocou uma súbita tristeza, e sem ao menos perceber, ele chorava desesperadamente em cima do peito do mais velho.

Ele não sabia o que Jimin tinha. Porém o que mais o atormentava não era isso.

E sim o fato dele não ter notado.

Não demorou muito para que o rei, acompanhado de alguns guardas, surgisse no salão, empurrando a porta com brutalidade.

Ele estava horrorizado.

Porém não foi a visão do vidro estilhaçado por toda parte, o armário arrombado e nem seu martelo de guerra no chão que o deixaram desse jeito.

E sim a visão de Jimin desacordado, com a mão encharcada de sangue e terrivelmente pálido, e Chanyeol chorando incontrolavelmente em seu peito que o fez correr instintivamente para seus filhos, ordenando a todos os guardas que buscassem ajuda.

Em poucos minutos Jimin estava internado. Assim como metade do reino.



Immortal - Jikook AUOnde histórias criam vida. Descubra agora