Estava eu no HC (Hospital das Clínicas de São Paulo), na Unidade de Oncologia, durante meu estágio da faculdade de Enfermagem.
Era um dia de Junho, aproximadamente 07:30'... Chovia... Estava conferindo os prontuários dos pacientes, anotando sobre suas patologias para estudo, quando passei na porta do quarto do Sr. J., e percebi um jovem que conversava alegremente com o paciente, que tinha um câncer hepático, e era caracterizado como Paciente Terminal.
O jovem tinha mais ou menos 20 anos, e usava uma jaqueta cor verde escura, com um tipo de "bombeta" na cor vinho, e longas costeletas, além de sorriso muito alegre e carinhoso com o Sr J.. Era muito cedo para visitas, mas não estranhei pelo fato do paciente ser Terminal, e às vezes, o enfermeiro liberava visitas fora de hora, apesar que desde a hora que cheguei tinha a porta do quarto sob minha vista.
Uns 30 minutos depois fui até o quarto do paciente, e este diz com alegria que recebera uma visita muito querida, que tinha vindo de longe, seu neto Anselmo.
Bem, às 09:30', o Sr J. faleceu, e assim que a família chega, após ser avisada do fato, percebo muita tristeza, e todos choram demais, quando ouço a seguinte frase...
"Ele morreu aqui, sozinho, sem ninguém ao seu lado..."
Me aproximo e conto que ele não estava sozinho, que havia um rapaz com ele de nome Anselmo. Nesse momento todos param de chorar, e me olham perplexos...
Achei que eles estavam assim devido o choque da morte, e ainda descrevi a aparência do moço, quando uma senhora pega meu braço, e pálida, diz...- Por favor, meu filho... não brinque com esse coração desse jeito... Meu filho, Anselmo, faleceu há 5 anos, em um acidente de carro... - E me abraçou, chorando...
O amor entre as pessoas vence a barreira do além, mesmo que seja para realizar uma "última visita"!
Anônimo - São Paulo - SP - Brasil