Não lembro quantos poemas apaguei
Para agradar o mundo
De quantas palavras engoli
Pra não machucar seu ego
Das conversas que omiti
Porque não lhe cabiam
Lembro-me apenas de colocar
Cada palavra em seu lugar
Uma orquestra de palavras
A sinfonia perfeita
Mas,
As justificativas cansam, destrói-nos
Os pensamentos nos enchem
E até para os poemas
Os sinônimos acabam
E no fim, que é chegada e largada
A gente se reconstrói
E encontra sentido
Em ser
Ser mais que preto e branco
Ser a própria voz.