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Naquele dia, Chanyeol acordou decidido. Nas últimas duas semanas, tinha se aproximado bastante de Baekhyun, o suficiente para serem considerados amigos, e em nenhum momento Chanyeol lhe contou sobre sua transexualidade. Naquele dia, não iria mais esconder aquilo, pois cada dia com Baek lhe chamando por pronomes masculinos lhe dava nos nervos. Chanyeol era ela! Não ele!

Encontrou sua mãe na cozinha, preparando o café da manhã. Decidiu que também iria pedir para ela não lhe chamar mais como o Chanyeol, e sim a Chanyeol. Na verdade, precisava achar outro nome para si, mas não tinha nenhum em mente.

— Mãe? — chamou, entrando no recinto.

— Estou aqui — respondeu ela, no fogão. — Quando chegar, não esqueça que o seu jantar está na geladeira.

— Mãe, é hoje.

Sua mãe o olhou, parando tudo o que estava fazendo. Eles haviam combinado muito antes de que Chanyeol a avisaria o dia em que finalmente iria começar a sua transformação. Na época ele ainda não estava pronto para assumir a si mesmo como garota, por conta dos vários acontecimentos. Mas aquele seria o dia, pelo menos para os conhecidos, ele seria finalmente ela.

— Você está pronto para isso?

— Estou, mamãe. A partir de hoje eu serei a Chanyeol.

Sua mãe sorriu, e o abraçou com força. Por sorte, Chanyeol podia sempre contar com o apoio e o amor dela, e agradecia todos os dias por isso.

— Vamos precisar arranjar um nome melhor para você, querida.

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— Então, o que você quer?

Sua mãe era a parte mais fácil. Chanyeol não teve problemas para contar a ela sua decisão, afinal, ela acompanhou todo o seu processo de aceitação. Mas Baekhyun era diferente, ele não sabia como o garoto iria reagir a notícia, tinha medo de perder a única pessoa que era seu amigo naquela escola estranha. E se Baekhyun fosse alguém completamente homofóbico e com a mente fechada? Ou pior, ser alguém que não aceita que alguns nasceram com os corpos errados, alguém transfóbico? Até agora, ele não tinha dado sinais de tais atitudes, mas Chanyeol nunca sabia o que se passava por aquela cabeça cheia de cachinhos castanhos.

— Eu, hm...

— Vamos, Chanyeol! Não tenho o dia todo — disse Baekhyun, impaciente.

Chanyeol mordeu um pedaço de seu sanduíche, nervoso. Era agora ou nunca.

— Eu quero saber se... você me empresta aquele mangá? Sabe, de One Punch Man.

— Só isso? Poxa, você me assustou — respondeu, colocando a mão no peito. — Claro que empresto, mas tem que tomar cuidado com o meu filho.

Falha. Mais uma vez.

+++

Ok, Chanyeol tinha que admitir, não era tão fácil quanto ele pensava. Estava a horas tentando dizer a verdade a Baekhyun, mas simplesmente não conseguia. Não era só chegar e dizer "olha, na verdade eu sou uma menina, eu vim com defeito de fabricação e colocaram um pinto no lugar da minha vagina, então aceite isso ou vá a merda". Baekhyun não era tão simples assim.

A floricultura já estava quase fechando quando os dois finalmente ficaram sozinhos. Todas as noites era a mesma coisa, assim que o relógio dava oito horas, o movimento caía até que ambos ficassem sozinhos, Chanyeol fechava a loja e cada um ia para a sua casa. Baekhyun sempre o ajudava no fechamento e acabava por acompanhá-lo até a esquina, o que para Chanyeol era a hora perfeita para lhe contar tudo.

barbie girl - pcy. + bbh.Onde histórias criam vida. Descubra agora