Dificuldades

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Mudávamos  de casa mais não de bairro, a casa dessa vez era feita de compensado (um tipo de madeira usada para fechar construções, essa madeira quando molha incha e despedaça), eram duas peças e bem feias.

Cheguei em casa Katia e minha mãe almoçavam a comida estava uma delícia como sempre, depois de almoçar perguntei que  carne era aquela.

Um silêncio ficou no ar.

- Negão você sabe que as coisas estão difíceis então pra não deixar vocês comerem sem carne sacrifiquei seu porquinho.

Nossa chorei 3 dias.

Com as dificuldades chegando tive que voltar a trabalhar  e a estudar a noite. Trabalhava na casa de uns evangélicos que passavam o dia ouvindo umas musicas que eu achava tristes.

Meus pais não ligavam para estudo estudava por vontade própria e tinha as melhores notas, reprovei somente quando eles resolveram separar,  minha cabeça ficou confusa não conseguia me concentrar. Estudar e trabalhar com 14 anos não foi fácil, acordava as 05:00 e dormia as 23:00, o salário era baixo e o serviço era muito.

Meu pai quando morava com a gente me deu uma TV à cores, o meu passatempo sempre foi assistir gostava tanto daquela TV foi uma das poucas coisas que restaram da vida antiga, até minha mãe resolver trocar por uma TV velha preto em branco que estragou rápido.

Um dia ela chegou com um novo namorado o Pipoca, apesar do apelido ele era legal e engraçado não durou muito tempo, ela descobriu que ele era casado e tinha 8 filhos.

Em suas saídas continuava encontrando o Dema escondido. As vezes eu topava com ele na rua e ele soltava palavras do tipo: Gostosinha.

Minha casa ficava bem próximo a rua, em um sábado estava sozinha com minha irmã devia ser umas 02:00 da manhã, ouvi um barulho parecia que algo tinha explodido dentro de casa fiquei tonta um pouco surda e com muito medo, o medo era tanto que deitei e cobri a cabeça tinha essa mania quando me sentia apavorada. Passou não sei quanto tempo ao certo  ouvi pessoas conversando, criei coragem e fui olhar pelo buraco da casa era muita gente abri a porta quando olhei minha mãe estava vindo cambaleando totalmente bêbada.

- Meu Deus é o seu pai Adriana é o seu pai mataram ele. Não senti as pernas e antes mesmo que começasse a chorar ela falou novamente.

- É seu padrinho mataram o seu padrinho. Percebi que realmente tinha alguém morto e que não era nenhum conhecido entrei para casa com muita vergonha, aliás vergonha era o que eu mais sentia dela, quantas vezes pedi para Deus tirar a minha vida, achava meu coração muito pequeno para tanto sofrimento.

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Katia

Minha irmã foi uma criança muito doente, mimada. Mesmo sendo criança ela foi a que mais sentiu as mudanças da separação, foi um bebê que teve de tudo.

De criança quieta se tornou sapeca , chorona. Minha companheira em todos os momentos apanhávamos juntas aliás fazíamos tudo juntas. Eu era a babá dela éramos totalmente diferentes ela era irritada, respondona desafiava minha mãe mesmo tendo 5 anos.  E o melhor de tudo não apanhava.

Meu pai casou novamente voltou a vender fruta, pois perdeu tudo. As vezes íamos em sua casa passávamos no máximo três dias a esposa dele nos tratava forçadamente bem, quando ela teve a primeira filha com ele a convivência com minha irmã ficou difícil.

Meu pai queria que fôssemos morar com ele mas meu coração não queria deixar minha  mãe, ainda não entendia o motivo.

Mamãe ainda tinha um lado mãe, não comíamos bem mas nunca passamos fome. Quando a coisa apertava ela fazia um macarrão alho e óleo delicioso, sempre trazia do serviço achocolatado embrulhado em guardanapo  tudo que ganhava não comia guardava para dividir. Foi uma mulher cheia de virtudes honesta, forte, humilde, focada, lutadora e bondosa.

Um dia chegou em casa carregada estava amarela , passou mal no meio da rua nunca tinha visto ela doente. Graças a Deus sarou rápido.

NÃO SEJA VÍTIMA DO SEU PASSADOOnde histórias criam vida. Descubra agora