Cap. 14

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Se aproximando lentamente da cabana, Klaus viu de longe quando um caçador pegou seu filho que estava desmaiado ao pé de uma árvore. O homem arrastou o lobo de pelos brancos como a neve até a cabana, e ao fechar a porta fixou seu olhar nos olhos de Klaus por um mísero segundo, que bastou para fazer o lobo estremecer. Alguns minutos se passaram e, Charlotte e Emille os alcançaram.

- Minha neta está ali. - Charlotte falou avançando na direção da cabana, mas foi impedida por Klaus que a segurou no ombro.

- Ele é um caçador. - Ele disse como se fosse fazer alguma diferença pra mulher.

- E eles são meus netos e seus filhos. - Ela falava como se já houvessem se casado. - Agora me solte, ou...  - Não foi necessário completar a frase. Seu olhar dizia do que ela era capaz pela família.

Ao soltar Charlotte, Klaus deu ordens para que todos avançassem, mas foram impedidos pela mulher que continuou seus passos sem se explicar.

Todos os mais jovens ficaram de boca aberta pela audácia da mulher. Nem se passava pela cabeça daqueles rapazes, que Charlotte era uma deles, uma vez que a viam apenas em sua forma de mulher.

Charlotte, então, bateu a porta. Não demorou para que o caçador lhe viesse a porta pensando se tratar de Klaus. Ao encontrar-se com Charlotte, o homem caiu de joelhos, aterrorizado.

- Com... como? Como pode? Eu... eu a vi... como? - Ele buscava uma explicação.

- O amor! O amor salva. - Ela lhe respondeu oferecendo a mão para que pudesse se levantar.

- Não é possível. Você se jogou. Eu vi com meus próprios olhos.

- Não. Você me viu pular, mas não se deu o trabalho de verificar onde eu havia pulado. Eu pulei para salva-la, mas infelizmente era tarde demais. Ela bateu com a cabeça em uma rocha e... bem, o resto você pode imaginar.

- Mas...

- Não há mais. Ele era meu irmão. Não saltei apenas por ela, mas por ele. Eu sei quem você é. As lendas mentem.

- Como? - Seu olhar de espanto causava uma sensação de paz nela. Ela queria rir, mas se mantinha serena. Se controlando para não haver transformação.

- Ora, caçador. Como conseguiram encontrar três corpos e não quatro? Como deduziram que se tratava de pai, mãe e o irmão da bruxa? Como ela conseguiria fugir e levar consigo o livro de magia da família, se na casa havia apenas uma porta por onde pudesse sair? Você foi o primeiro a atear fogo em sua própria família. Você fez tudo o que pôde para sobreviver. Só não enxerga isso quem não quer. Foi muito sangue frio pra fazer isso e agora se remói de dor por ter feito tal ato.

- Não! Você não pode...

- Eu não posso. Eu sei! Agora me deixe levar meus netos, ou você será o próximo a queimar.

- Nunca! Essa maldição não terá fim. Vocês fizeram por merecer.

Charlotte estava cansada de tanta conversa. Decidida a acabar com aquilo, a mulher avançou contra o caçador, dando sinal para que os outros avançassem e a ajudassem.

Infelizmente, o tempo e a magia não estavam a favor deles.

Ao se transformar e atacar o caçador, Charlotte o ouviu pela última vez antes que ele desaparecesse em sua frente.

- Não adianta tentar. Vocês nunca vão conseguir quebrar a maldição porque eu sempre estarei por perto para continuar minha vingança.

Ao se equilibrar, Charlotte suspirou. Ela já havia perdido o irmão mais velho que tanto amava, não queria que ninguém perdesse mais um membro da família ou um amigo, até mesmo um conhecido, por causa da maldita maldição. As horas passavam. Sabendo disso ela correu para dentro e encontrou Lucinda ajoelhada ao lado do corpo gélido de Johan. A menina estava pálida. Não tinha reação. Não vou quando a avó entrara.

Era tarde demais.

Johan havia sido fraco e não aguentara chegar a completar as duas semanas como seu irmão fizera.


 Apaixonada Pelo Lobo (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora