e nem nunca seremos

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notas iniciais do autor:

Primeiramente: eu nunca, em momento algum, romantizei um relacionamento abusivo nessa fic [e em nenhuma outra também, creio eu]. O tipo de relacionamento retratado aqui não é saudável, então, se você quiser conversar, saiba que eu estou 100% disponível. Mais explicações no final, bora lá.

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[terça-feira, 01:27 am]

Jinwoo não se surpreendeu quando abriu a porta de seu apartamento e deparou-se com a luz do corredor acesa, muito menos se chocou com o corpo estirado de forma desconfortável em seu sofá de dois lugares. [In]conformado, em meio a um suspiro pesado, o ruivo trancou a porta e apagou a luz antes de seguir caminho até seu quarto.

Entre passos lentos e cansados no decorrer de seu percurso, Jinwoo abriu o cinto de couro – que lhe apertava a cintura mais que o necessário – e desabotoou toda a social amarelo-limão, característica aos seguranças noturnos do shopping central.

Quando chegou ao cômodo, não se deu ao trabalho de acender as luzes – o breu da madrugada era mais agradável que a visão que teria se o fizesse. Sem vergonha ou cerimônia, terminou de retirar a vestimenta, que foi descansada no cabideiro atrás da porta – com exceção da boxer azul marinho, que foi jogada no Canto das Roupas Sujas – antes do sujeito rumar ao banheiro do corredor.

Momentaneamente, o Park decidiu ignorar o "fantasma do natal passado" que resmungava coisas desconexas e impregnava seu sofá com o cheiro forte de bebida; apenas adentrou o cubículo e ajustou a ducha antes de girar o registro.

Os primeiros jatos d'água quente sobre os ombros tensos do ruivo pareceram levar todos os problemas ralo abaixo. Jinwoo adoraria poder ficar sob aquela ducha por uma hora ou pela eternidade, mas, infelizmente, o mesmo não poderia se dar ao luxo de um banho tão longo.

Entre questionamentos aleatórios a si mesmo – como "será possível colocar uma banheira aqui?" –, o Park aproveitou ao máximo o banho curto – porém relaxante – que seu corpo tanto ansiava após uma longa noite de trabalho.

Ao que fechou o registro e encarou-se no espelho da pia, a realidade voltou a se fazer presente. Enquanto escovava os dentes e secava os dedos dos pés, o ruivo ouvia os resmungos de seu "hóspede" no sofá, e rezava para o deus que fosse para que nenhum vizinho viesse reclamar em sua porta – fato que ocorreu na última vez em que a situação se repetiu.

Após bons minutos de enrolação, Jinwoo deixou o cômodo quente, seguro e acolhedor com a toalha enrolada na cintura e os cabelos ainda meio úmidos.

O Park suspirou alto assim que acendeu as luzes da sala e teve a visão de Lee Dongmin praticamente dando pt em seu sofá.

Silencioso, aproximou-se do móvel e observou o estado deplorável do moreno. Foi difícil, mas Jinwoo resistiu à tentação de pegar uma das garrafas jogadas ao chão e quebrar na cabeça do Lee; entretanto, em compensação, sem delicadeza alguma, jogou as almofadas no sujeito, que despertou entre um resmungo e outro.

— Cadê teus amigos 'pra aturar teus porres, Dongmin? — Questionou, seco.

— Não fala assim comigo, JinJin... — o Lee resmungou em um tom infantil enquanto se revirava, procurando uma posição confortável.

— Não gosto que me chame assim. Aliás, pare de falar desse jeito; você não tem mais cinco anos — revirou os olhos perante a cena mais do que ridícula.

— Você é muito grosso, JinJin... — Dongmin insistiu com a voz alterada e o apelido "carinhoso", mas logo um riso sacana se fez presente no cômodo. — Grosso, grande...

não somos mais os mesmosOnde histórias criam vida. Descubra agora