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- "... Daylight
I wake up feeling like you won't play right
I used to know, but now that shit don't feel right
It made me put away my pri". - Redbone começou a tocar e eu apressei-me para desligar o meu despertador. Em tempos esta era a minha música favorita mas desde que a mesma virou o meu despertador eu simplesmente a odeio.

As férias de Verão tinham acabado e eu não sei se fico feliz ou triste, acabaram se as divertidas idas à praia com o Sebastian e a Camila González, como ela gosta de ser chamada, mas ia para a faculdade que sempre sonhei e apesar de ter de me despedir dos meus melhores amigos e ter de viver numa república com um monte de rapazes imaturos e excitados e raparigas histéricas, eu estou bastante ansiosa por este novo capítulo na minha vida.

Levantei me da cama e saí do meu quarto para a casa de banho partilhada com o meu irmão mais novo. Entrei na casa de banho e despi o meu pijama e fui para a banheira onde comecei a pensar em tudo o que ia mudar na minha vida. Ia para um estado completamente diferente do meu, ia ver novas caras e isso arrepiava-me um pouco pois eu nunca fui a melhor pessoa a fazer amizades. Isso não é muito importante também porque eu estou mais focada em tirar boas notas e acabar depressa a faculdade.

Saí do banho e lavei os dentes. Quando acabei voltei para o meu quarto e sentei me na cama a pensar no que vestir. Acabei por escolher umas calças de ganga pretas e uma camisola salmão. Deixei o meu cabelo loiro solto apenas prendi os cabelos da frente com uma pequena mola para trás. Pus creme na cara, perfume e calcei uns ténis brancos. Arrumei as roupas que faltavam na mala assim como os produtos de higiene e desci com as malas para tomar o pequeno-almoço.

- Bom dia família! - Disse alegre sentado-me na mesa.

- Então filha? Estás bem ansiosa? - O meu pai perguntou enquanto me passava as torradas e o sumo de laranja.

- Muito mesmo pai. - Respondi.

- Já posso fazer do quarto da mana a minha sala de jogos? - O pirralho do meu irmão perguntou.

- Dizes as coisas dessa maneira mas aposto que vais ser o primeiro a morrer de saudades minhas. - Disse deitando-lhe a língua de fora.

- Mas tinhas de escolher a faculdade mais longe de casa?- O meu pai perguntou triste e eu engoli o pão com dificuldade pronta a inventar uma desculpa mas o som da campainha a tocar salvou me.

- Eu abro! - Disse saindo da mesa a correr.

- Cariñoooo! - A Camila disse abraçando me.

- Olha que esmagas a rapariga, deixa um bocadinho para os jeitosos de UCLA. - Disse Sebastián atrás da Camila abraçando me também.

- Já estás pronta? - Camila perguntou.

- Sim, já só falta levar as coisas para o carro. - Respondi.

- Eu trato disso. - Sebastián ofereceu-se.

Eu e a Camila fomos até à cozinha e o meu pai e o meu irmão levantar-se da mesa.

- Não vens mãe? - O meu irmão perguntou.

- Tenho coisas para fazer Evan. - a sua resposta magoou-me um pouco mas o melhor é ignorar e eu já estou perita nisso.

Dei um abraço rápido à minha mãe e ela respondeu da mesma forma. Preferi não dizer nada para não me magoar e apenas saí de casa.

Entramos no carro do meu pai e deixei o Evan ir à frente para ficar com Sebastián e Camila nos bancos de trás.

A viagem até ao aeroporto não demorou muito tempo e isso deixou me um pouco triste porque agora estava com todos eles mas assim que o avião aterrasse estava por conta própria e sabia que as saudades iam aumentar drasticamente. Não estou propriamente perto das pessoas que gosto para as vir visitar sempre que quiser.

Chegamos ao aeroporto e eu não sei se quero sair do carro ou enterrar-me no banco e esperar que ninguém note a minha presença.

- Então cariño? Mexe esse rabo.-A mexicana da minha amiga disse me e eu obriguei o meu corpo a sair daquele veículo.

O meu pai e o Sebastián levaram as malas enquanto andávamos em silêncio até ao local de partidas do aeroporto.

A meia hora de espera até à chamada do meu voo passou demasiado depressa e mais uma vez eu sentia-me à deriva no que toca a sentimentos. Não sei se me sinto feliz, ansiosa ou triste.
Abracei os meus amigos e por fim o meu pai e o meu irmão.

- Falamos todos os dias por Skype, ouviste? - Sebastián disse apontando-me o dedo na cara.

- Sim, sim estejam descansados.-Respondi.

Demos um último abraço e finalmente fui para o meu avião.

Sentei-me no meu lugar e coloquei os fones ignorando os avisos de segurança da hospedeira de bordo.

Liguei o Spotify e encostei-me à janela do avião.

(...)

Acordei com uma voz grave a dizer que podíamos retirar os cintos de segurança e com os gritos de entusiasmo das crianças presentes naquele avião. Ajeitei o meu cabelo, retirei os meus fones e tentei limpar os possíveis vestígios de baba presentes na minha cara.

Tirei a minha mala por cima do meu acento e segui a multidão das pessoas pelo enorme aeroporto de Los Angeles.
Procurei a minha mala naqueles tapetes rolantes e quando estava quase a desesperar avistei-a a vir até mim.
Até agora tinham carregado as malas por mim por isso só agora é que me apercebi do peso absurdo que estas tinham.
Meio perdida fui até à saída e chamei um Uber para me levar até à faculdade.
Quando o carro chegou o amável motorista ajudou me a colocar as mala no porta bagagens e depois sentei-me.

- Primeiro dia na nova universidade? - o motorista disse quando viu o meu destino no seu GPS.

- Hum hum. - Disse tentando sorrir. A verdade é que eu estava demasiado nervosa para manter qualquer tipo de conversa. Mas quando me acalmei olhei pela janela do carro e comecei a observar a beleza da cidade.

Para grande sorte minha o motorista não tentou começar mais nenhuma conversa comigo e eu agredeci-lhe mentalmente. Quando paramos em frente à grande universidade senti todo o meu corpo tremer.

Agradeci ao motorista e entrei nos grandes portões a instituição de ensino.

Dias antes de vir para cá ligaram-me da faculdade e pediram para quando chegasse ir direita à faculdade e assim o fiz.

Perguntei a um funcionário onde era a secretaria e este depressa me indicou o caminho. A faculdade estava vazia e tudo muito silencioso o que fez com que o barulho que a minha barriga fez fosse mais audível do que o normal. Só depois desse acontecimento é que me lembrei que a minha última refeição foi o pequeno almoço e já eram duas da tarde.

- Boa tarde. Eu sou a Chloe Anderson a Ms. Elaine pediu que eu viesse aqui quando chegasse.- Disse para uma mulher da secretaria.

- Ah sim, menina Chloe a diretora queria falar consigo pessoalmente mas como deve calcular com o ano lectivo quase a começar a Ms. Elaine está cheia de trabalho então pediu para eu lhe desse o recado. Infelizmente houve algum erro e as vagas para a república a que a menina se candidatou já estão cheias, enquanto resolvemos este pequeno problema colocamo-la numa outra república "FBH"... - Assim que a mulher disse aquilo eu interrompi-a.

- Espere, essa não é a república dos jogadores da equipa de futebol e das raparigas da claque? - Eu sabia quase todas as repúblicas que aquela escola apresentava de cor pois tive bastante tempo em frente ao meu computador para escolher a república perfeita.

- Sim, pedimos desculpa pelo incómodo, comprometeremo-nos a resolver o problema o quanto antes. - A mulher disse com uma voz simpática e eu decidi parar de fazer um escândalo à volta do assunto e aceitar o meu destino. - Está aqui a morada da república, quando lá chegar haverá uma reunião na república onde irão destribuir os quartos e as tarefas.

- Muito obrigada. - Disse tentando encontrar o lado positivo daquilo tudo.

Abandonei a secretaria e saí da escola. De todas as repúblicas que a escola tinha eu tinha logo de ficar com a pior. Não quero generalizar mas com base em todas as séries e filmes da Netflix que vi até hoje as raparigas da claque são sempre umas cabras e os rapazes da equipa da escola uns convencidos...

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