CAPÍTULO 2

348 23 30
                                    

(Não há lugar como o lar - PARTE II)

James Potter era um cético.

Dentre suas crenças pessoais, o destino definitivamente não era uma delas, e ele e tinha plena certeza de que tinha completo controle sobre o rumo que sua vida tomasse. Crendices e fé eram coisas das quais os seres humanos precisavam para se manterem sãos durante os momentos nos quais não conseguissem ser racionais. Uma válvula de escape, uma maneira de contornar a dor de se estar vivo.

Uma fraqueza.

James não apenas acreditava, mas sabia que ele fazia as decisões de sua vida. Aprendera, durante seus dezesseis anos e cinco meses de vida que você precisa fazer suas escolhas e então agir para que as coisas acontecessem. Além disso, você deveria aprender a lidar com as consequências de seus atos, pois não havia ninguém a quem culpar pelo efeito dominó de decisões mal feitas e impensadas além de si mesmo.

Isso era na verdade um grande problema, porque, para ser honesto, James era uma bela máquina de tomar decisões ruins.

Porém, no momento, James Potter desejava mais que tudo ser um crédulo.

Nada acalentaria mais seu coração do que acreditar em vida após a morte, paraíso, ou todo tipo de bobagem dos trouxas as quais ele costumava fazer pouco caso há menos de um mês. Naquele momento, ser um cético era a coisa mais dolorosa que já havia acontecido em sua vida, e ele faria de tudo para acabar com aquilo, cortar aquela parte de sua personalidade e para então poder modificá-la ao seu bél-prazer.

Aquele era seu momento de dor e de luto, e foi quando ele teve mais certeza do que nunca que os bruxos não eram nada melhores que os trouxas, de forma alguma.

Afinal, a magia que corria em seu sangue não conseguia impedir que seu coração doesse e sua garganta fechasse cada vez que pensava nele. Não havia feitiço que tirasse todas as lembranças e toda a dor que havia dentro de si.
James se sentiu muito dramático enquanto pensava sobre tudo isso, e agradeceu imensamente a uma inexistente força maior que sua companheira de compartimento não tivesse o poder da legilimência. Felizmente, ele foi trazido de volta a realidade ao avistar as torres há muito familiares que indicavam que em pouco tempo estaria no castelo de Hogwarts

– Não há lugar como o lar. – a voz da dita companheira de viagem quebrou um pouco no meio da frase, porque fazia muito tempo que estavam apenas sentados ali, sem falar uma palavra.

– Você provavelmente vai querer chutar a minha bunda dramática agora, mas nem mesmo Hogwarts se parece com um lar. No momento.

Uma sobrancelha de Skye se levantou, e ela lhe deu aquele sorriso cheio de significado.

– Que bom que você sabe que está agindo da maior forma Sirius Black possível.

James riu e colocou a mão no peito, fingindo estar ofendido. Na verdade, ele realmente estava. Um pouco. Se chegara ao ponto no qual podia ser comparado a Sirius Black, a verdadeira rainha do drama, então ele realmente estava sendo um pé no saco.
Tudo isso se passou por um segundo em sua mente enquanto ele olhava para o rosto bem humorado de uma de suas melhores amigas no mundo.

James tinha a política de ser muito grato por todas as pessoas em sua vida e por suas pequenas particularidades, mas, no momento, ele não conseguia pensar qual parte da sua existência o fizera merecedor de uma Skye Lynch.

Ela era o alívio bem vindo depois de duas semanas tensas com pessoas ao seu redor o tempo todo, preocupadas e perguntando como ele se sentia a cada segundo do dia. Era bom poder finalmente se sentar em silêncio e não precisar afirmar que, sim, ele estava bem e que não, ele não precisava de nada e que sim, ele tinha certeza disso.

Storms AheadOnde histórias criam vida. Descubra agora