CAPÍTULO 3

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(O sangue é mais espesso que água)

– Você se importa se nos sentarmos aqui? – Potter a encarou por menos de dois segundos antes de abrir uma versão cansada do típico sorriso com o qual Lily já estava mais do que acostumada e em seguida fazer um gesto com a mão.

– Fiquem à vontade. – respondeu, por fim.
Ela tomou o acento do meio para que a divisão de lugares não fosse muito desconfortável para ninguém. Já era pedir demais de seus companheiros para que compartilhassem a mesa com alguém da casa rival.

Lily, ao contrário da maior parte dos alunos de Hogwarts, nunca se importara muito com a divisão de casas. Ela sempre havia acreditado que era algo bobo e que, além de tudo, alimentava antigas intrigas desnecessarias.

Veja bem, não era que ela odiasse a forma com que o sistema funcionava. Ela amava ser uma aluna da Grifinória e acreditava que a competição pela taça das casas era algo razoavelmente saudável, principalmente quando se tratava de manter os alunos na linha. Mas o ódio mortal criado entre certas pessoas era simplesmente... Errado.

Após Lily ter assumido seu devido lugar, Potter continuou a encarando por mais alguns segundos, como se estivesse muito surpreso pela iniciativa dela para fingir que nada de anormal estava acontecendo. Embora ele ainda mantivesse aquele sorriso, Lily pensou, não pela primeira vez, que algo parecia muito estranho no semblante do garoto.

Como se o movimento em seu rosto não chegasse completamente em seus olhos – os quais, ela não pode deixar de notar, carregavam profundas marcas de olheiras.

Seu contato visual foi quebrado quando o professor Slughorn se aproximou de sua mesa e suspirou profundamente, olhando para James com um quê de pena e tristeza em seu semblante.

– James, meu jovem... – ele disse, mais baixo do que seu tom habitual – Eu preciso que saiba que estou devastado. Uma perda imensa para o mundo das poções, sem sombra de dúvidas...

Percebendo que os estava encarando por mais tempo do que socialmente aceitável, Lily balançou a cabeça e se virou para a frente da sala, tentando deixar isso para lá. Infelizmente, não era como se ela pudesse parar de ouvir uma conversa que se desenrolava exatamente ao seu lado.

– Muito obrigado, professor. – James respondeu com um tom de voz monótono e apático. Quase como se o típico James Potter tivesse sido trocado por uma máquina.

– Por favor, transmita minhas condolências à sua mãe. – ele continuou, e então tomou as mãos de James entre as suas por dois longos segundos, entre os quais Lily o sentiu se mexer desconfortável ao seu lado.

Slughorn deve ter notado também, porque ele apenas soltou mais um longo suspiro e se afastou, bamboleante.

Obviamente, o desenrolar de tal cena apenas a deixou ainda mais curiosa sobre o que quer que estivesse acontecendo ali – muito embora, naquele ponto, Lily já tivesse uma certa ideia. De qualquer forma, ela afastou aquilo de sua mente, porque ela nunca seria rude a ponto de se intrometer na vida do garoto, e então disse para si mesma que Potter provavelmente estava apenas cansado, mesmo que aquele só fosse apenas o terceiro dia desde que tinham retornado à escola, afinal, ela não tinha nada a ver com os assuntos pessoais (ou a disposição física) de James Potter.

E, de qualquer forma, se esse fosse o caso, sua exaustão era completamente compreensível.

É um fato mundialmente conhecido de que muitas coisas são melhores quando estão sendo admiradas à distância do que quando conquistadas. Todas as pessoas já passaram por essa experiência no mínimo uma vez na vida, mesmo que de forma tola e infantil.

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⏰ Última atualização: Jun 12, 2019 ⏰

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