Capítulo 2 Resposta

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Decido que irei para o escritório de meu pai ver o que descubro.

Eu sigo pelas ruas segundarias da cidade, pois as principais estão completamente congestionadas por carros abandonados, de modo que apenas seria possível passar se fosse de moto.

Atravesso a cidade e a outra metade dela está com energia nos postes e as casas iluminadas.

Vendo a cidade assim, parece até que estou em uma rua pouco movimentada e tudo está normal, por um momento finjo que nada mudou e que estou simplesmente indo buscar o Sonny na escola.

E por um momento meu coração fica aliviado.

Chego já muito tarde da noite à empresa de meu pai, uma pequena gráfica.

Estaciono de qualquer jeito em frente à loja, sei que se fossem outras condições eu iria levar uma multa ou até mesmo o carro poderia ser guinchado, meu pai me mataria e eu teria que pagar do meu próprio bolso, mas não tenho culpa dele não ter me ensinado a estacionar corretamente.

Já era para estar fechada há essa hora, mas tudo está aberto como se ainda estivesse em horário comercial. A entrada está intacta, porém atrás do balcão há muitas folhas caídas e espalhadas pelo chão e como em casa, não tem nenhum sinal de meu pai ou de Rick, seu sócio.

Vou direto para o computador no balcão e o ligo agradecendo por aqui ter eletricidade, esse é o melhor método de obter informações. Assim que ele inicia vejo na área de trabalho com espanto a data de hoje, 12 de novembro...

Passou-se quase um ano desde minha última memória...

Um ano dormindo...

Um ano que não vejo minha família...

Pesquiso as notícias atuais e há um ano ninguém posta nada, nem no jornal online da cidade, então pesquiso tudo que consigo pensar, olho jornais nacionais e internacionais, nos blogs que costumava entrar, não há nada recente, nenhum post, nenhuma notícia, nada... Todo o mundo está completamente vazio como se ninguém mais existisse.

Eu sinto um medo incalculável crescendo dentro de mim e uma vontade incontrolável de chorar, pela primeira vez desde que despertara eu percebo que algo muito sério está acontecendo e duvido se minha família está bem e se eu os verei novamente.

Meu coração diz que estou sozinha e teme ser para sempre, mas minha mente responde.

Não se preocupe Wenny, eles estão bem. – é o que eu diria para eu mesma, mas não sou eu quem fala.

– Como você sabe? – pergunto pela primeira vez esperando uma resposta e a recebo.

Sei de muitas coisas, se você me ouvir poderá revê-los.

– Como?

– Antes você precisa sair daí.

– Por quê?

– Logo eles chegarão.

Eu levanto e volto para o carro.

– Você me ajuda que eu te ajudo. – propõe ele, a esse ponto já sei que não é minha imaginação ou algo que eu criei, de alguma forma a voz em minha cabeça vem de alguém.

– Te ajudar como?

– Eu estou preso e preciso que você me liberte, mas logo eu serei suprimido. – percebo um medo imenso em suas palavras.

– Suprimido? Como assim?

– É suprimido, extinguido, acho que você diria morto.

– Quem é você?

MORPHEUS - Mundo AdormecidoWhere stories live. Discover now