Capítulo 1

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Eu era apenas um garoto comum passando despercebido em torno da multidão. Tinha 18 anos, não era o padrão do que a sociedade impõe e isso realmente é verdade, não era mesmo, um garoto magrelo, de classe social baixa, um cabelo meio bagunçado, meio xoxo, e bem fora do meio gay.

Eu já havia passado por muitas situações que me machucaram, afinal me assumi gay muito jovem. As pessoas não compreendiam como alguém tão jovem conseguia afirmar quem era, afinal  eu era só um garoto de 15 anos em meios aos conflitos existenciais da minha vida. 

Eu sentia que era diferente quando eu via os garotos e meu coração batia mais fortes. Tentei lutar contra algo que eu nem sabia o que era verdadeiramente, fiz inúmeras coisas para não ser assim, afinal eu ouvia diversos comentários ruins sobre isso e eu sentia nojo de mim mesmo.

Eu não tive o apoio de ninguém nessa fase, nem mesmo da minha mãe, foi um grande trabalho mas hoje ela entende bem quem sou e me respeita.

Sempre fui sozinho e aprendi a viver com a minha solidão, que querendo ou não foi minha companheira nessa fase conturbada. As pessoas não me queriam por perto e eu tão pouco fazia questão de estar perto delas. E parar piorar... fui iludido amorosamente, enganado.

Os anos se passaram e eu carreguei comigo esses traumas que me geraram anos de terapia. Hoje, alcancei a maioridade que todos sonham mas sinceramente acredito que nada mudou. Serei um adulto triste ao invés de um adolescente.

Por mais que ninguém me notasse e eu nunca tivesse um amor correspondido, eu viva bem. Agora eu tenho dois amigos, a Amber , que conheci durante dias que eu comia escondido durante o intervalo na escola e o Pete, que conheci enquanto fazia as terapias, ele ia na mesma terapeuta que eu. Ah... Eu me chamo Wee, muito prazer.

Cena 1. Rua. Dia
Wee caminha lentamente em direção a um mercado quando um grupo mascarado de moto se aproxima do local. Eles descem da moto e Wee fica parado observando. Os ladrões anunciam o assaltado com suas armas, Wee fica imobilizado ao ver aquela cena, ele não consegue reagir ao que ele estava vendo. Os bandidos vão até a caixa registradora e pegam todo dinheiro rapidamente e saem correndo de lá. Boom é o último a sair do mercado, ele esbarra em Wee e deixa sua máscara cair. Os olhares de Wee e Boom se cruzam, ambos ficam hipnotizados.

— Ei, Cara! Anda, vamos cair fora daqui. — diz Ash gritando.

Boom empurra Wee e corre. Wee continua a observar Boom subindo na moto, Boom fixa seus olhos em Wee e coloca sua máscara.

O dono do mercado sai desesperadamente para chamar socorro e se aproxima de Wee.

— Wee, você está bem? — diz o senhor Dunt preocupado.

— Sim, senhor Dunt, e com o senhor? Está tudo bem? Não te machucaram? —  diz Wee.

— Não, só me levaram muito dinheiro. Ei, Wee... Você viu o rosto de um deles, certo? — diz senhor Dunt.

— Senhor Dunt, eu não me lembro bem do rosto dele. Eu fiquei tão nervoso na hora que nem parei para observar totalmente a fisionomia dele. Me desculpe por não poder ajudá-lo. — diz Wee.

— Tudo bem, Não se culpe. Irei ver nas câmeras e denunciar a polícia. — diz senhor Dunt.

Cena 2. Casa do Wee. Dia

Wee está sentado no sofá pensando no rosto de Boom, ele da um sorriso bobo ao lembrar da troca de olhares com o bandido.

— Que louco, ele é um ladrão tão bonito. Aí, Wee, você é louco de estar pensando em um marginal. — diz Wee.

Savana chega na sala.

— Meu filho, O que você está pensando aí? — diz Savana.

— Nada demais, mãe. — diz Wee.

Falling To PiecesOnde histórias criam vida. Descubra agora