NO DIA SEGUINTE, CAROLYNE E Sebastian saem de seus respectivos aposentos ao mesmo tempo, dando de frente um com o outro. Durante alguns minutos que seguem em silêncio, ele aproveita para decorar cada traço da face da moça que está fitando-o de maneira neutra. Decide ele; por fim, saudá-la.
— Bons dias.
— Bons dias. — reponde secamente.
— Como está seu tornozelo? —mostra-se preocupado.
— Está melhor como podes ver com teus próprios olhos, do contrário, nem ter-me-ia saído do leito. — diz com desdém.
— Santa ignorância, Carolyne! Então? — exclama ele fingindo estar ofendido — Com o que então usas de tamanha insolência para com o teu futuro marido?
— Tu não tens o direito de referires meu futuro marido, nem referir-se a mim como noiva, pois este casamento não ocorrerá.
Neste momento, ele a agarra pelo braço e diz bem baixo ao pé do ouvido:
— Nosso casamento bem podia ser amanhã ou hoje mesmo; à tarde, pois estou louco para te mostrar em meu leito, a realidade que recusas ver.
— Farias tu algo comigo à força? — inquere com medo da resposta.
— Se preciso for, para te por em teu lugar... — aproxima-se mais de do lóbulo da sua orelha, sentindo o cheiro de seus cabelos e pescoço. — Mal posso esperar para que sejas minha.
— Pois ouse fazer-me mal, e verás do que sou capaz.
Bruscamente, ela se solta do homem e segue meio manca para a mesa de café da manhã. Com seu rosto em brasa, chega- se até o pai e o cumprimenta com um beijinho afetuoso no rosto em seguida, cumprimentando o sr. Phillips. Logo, o futuro sogro inquere a menina:
—Reparaste se meu filho já levantou-se, srta. Carol?
Mas antes que pudesse responder à pergunta do velho, Sebastian surge com muita naturalidade, não demonstrando ascendência pelo pequeno diálogo com a noiva há pouco.
— Bons dias, meu pai, sr. Sheraton, srta. Carolyne; minha doce noiva.
Ele lhe beija a mão destra, deixando-a estupefata com tamanha petulância a maneira cínica como a trata, mesmo depois das palavras segregadas ao seu ouvido minutos antes, no corredor.Rapidamente, Carol tira a mão da dele e retoma o seu desjejum indignada com a má conduta do homem, temendo o que ele lhe poderia fazer quando fosse de fato o seu marido e tutor legal, já que é menor de idade ainda.
— Meu filho, sabes que amanhã vem a costureira para fazer a prova de teu terno e do vestido de tua noiva?
—Sim, pai, perfeitamente. Estou ansioso por isso. — fita a garota após dizê-lo, levando uma garfada de bolo de laranja à boca e mastigando-o calmamente.
— É tão bom saber que estão entendendo-se tão rápido. — diz o sr. Peter com muita alegria.
— Entendendo-me com este estranho, papai? — retorque a menina estupefata — com que razões dizes isto? Não vejo como entender-me com este sr., não, de modo algum.
—Ora, e como não? — interrompe o sr. Benjamin.
— Com todo o respeito ao senhor, sr. Phillips, não vejo como ter-me de dar ao prazer de partilhar de uma amizade com teu filho; de modo que não o conheço e sinto-me demasiado desconfortável em sua presença.
— Mas isso muda com o tempo, filha. — Peter põe a mão na dela — Além do mais, já se beijaram uma vez, ainda ontem, no dia em que se conheceram.
— Ele se aproveitou da minha situação, é um patife, oportunista! — esbraveja com as faces rubras de raiva.