amanheceu

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Ed amanheceu

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Ed amanheceu.

Ele passara a queda do dia lendo, como de costume, um dos livros do Stephen King. Suas olheiras eram de longe profundas comparadas as do último mês. Mas preferia assim. Certamente preferia.

Os milhares de monstros estavam diminuindo com demasiada frequencia e o garoto de pouca idade agradecia por isto assim que as luzes do sol vinham o visitar. No entanto, um grupo em especial “os sussurros persistentes” como Ed resmungava pelos cantos continuavam a lhe perseguir. Pareciam focados em pintar as paredes da mente de Ed. Podia descrevê-los muito bem: tinham cor, forma, vozes amedrontadoras, às vezes esperavam o pobre adolescente na esquina do colégio à noite e em maioria, o acompanhavam mesmo nos sonhos.

O Ed de três anos atrás diria que as coisas eram ampliadas numa altura e volume impressionantes. Naquela época, ele não conseguia ao menos entrar em seu quarto [que o rapaz dividia até hoje com os hóspedes do lar infantil os quais ainda não foram adotados por uma família carinhosa] ou permanecer sozinho. Morria de medo de ser encontrado e ser preenchido por milhões de machucados.

Oh, os machucados. O arsenal de feridas no corpo de Ed só não doíam mais do que as da alma. Seu borboletário particular era visto como um cemitério mal cuidado. Teu interior sofria e sofria e sofria e não conhecia outra palavra no dicionário para o representar tão bem.

Ele encolheu-se no sofá, encarou o relógio da parede por segundos e voltou a se esconder do mundo, sendo acompanhado dvc uma xícara transbordando de café. “Ela está atrasada”. Escutou o coração balançar cheio de pavor ao imaginar alguma tragédia acontecendo ao único ser do qual compreendia-o.

Ed suspirou no instante em que colocou os pés na entrada da enorme casa aonde viveu praticamente a vida toda. Abriu o jornal, olhou para fora da janela, encontrou as ondas de lágrimas invadindo o quintal. E declarou que aquela manhã [e talvez tarde] seria um completo fiasco quando o céu se pôs a chorar.

Ed apertou os dedos sob o papel velho chamado jornal enquanto o barulho insuportável da porta sendo arrastada dominava o corredor. O mundo diminuía a cada segundo que passava e a pessoa não conseguia empurrar a maçaneta. Ele podia visualizar os garotos o batendo, chamando-o por palavras das quais Ed nem sabia o significado. Podia ver claras imagens de seus progenitores terminando de o agredir.

E, o ar acabou.
E, a porta se abriu.
E, ela apareceu.
E, o dia amanheceu.

ㅡ Perdão pelo atraso. Estou aqui, Eddie!

E o sorriso dela iluminou o planeta dele de longe. Ed não precisou de muito tempo para voltar ao seu estado normal. Porque ele se lembrara do quanto Sophie o ajudara. Todos os dias. Todas as noites. Seja por mensagem ou pessoalmente. Seja com abraços de consolação ou por textos imensos nos aplicativos de conversas.

Soph era a lua favorita de Ed.

Porque ele se sentia infinito no momento em que lembrava de que a tinha para sempre; que ela nunca o deixaria para trás; que ela seria todas as estações dele; que o ajudaria a superar todos os monstros e que seria o sol de Ed em invernos horríveis de sobreviver.

[Amigos são importantes. Agradeço pelos meus.♡]

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⏰ Última atualização: Sep 08, 2018 ⏰

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