Eram 18:30 quando eu acordei, levantei do sofá me sentindo zonza, estava passando muito mal, minha cabeça doía e tudo girava, parecia que eu iria desmaiar a qualquer momento.
Por um segundo eu quase desmaiei, mas me escorei no sofá com muito esforço e fiquei um pouco de cabeça baixa. Contei de 1 à 30 e olhei em volta, a tonteira estava passando, ponto positivo.
Peguei meu celular e vi a mesma mensagem de algumas horas antes, desbloqueei e finalmente respondi"Como vc ainda tem coragem de vir me pedir desculpas? Eu não quero suas desculpas, pode engolir elas."
(...)
Já faziam 3 dias que eu não tinha nenhuma notícia de Lucy, ela não ia ao colégio, nem me respondia, eu já estava ficando preocupada com ela e sinceramente com um buraco fudidamente grande no meu peito.
Eu sentia saudades dela, sentia saudades das brincadeiras idiotas dela, de tudo e porra, como eu queria que a gente não tivesse brigado naquele dia, mas eu odeio quando ela me trata que nem merda e nem se dá ao trabalho de me explicar o por quê.
Já era a quinta mensagem que eu mandava pra ela naquele dia
"Já chega Vives, me responde sua maldita!"
Ela não me respondeu.
Eu estava sozinha em casa. De novo, minha mãe arrumou um novo namorado e sumiu. Acho que deve ter finalmente desistido de mim, todos desistiram e pelo jeito, Lucy também.
18:30 p.m
Eu estava cansada de me sentir e ficar sozinha, queria alguém pra conversar, alguém com quem eu pudesse desabafar e contar sobre o quão fudida a minha vida está, mas todos sumiram, e agora eu não tenho mais ninguém. Eu estava chorando pela terceira vez enquanto lembrava do que aquele maldito fez comigo. Cerrei meus olhos sentindo as grossas lágrimas caírem pelo meu rosto, tudo estava doendo, principalmente o meu psicológico.
Fui até o banheiro e me olhei no espelho. Eu estava destruída, abri o armário debaixo da pia em busca dos meus remédios, coloquei os três frascos em cima da pia e separei um de cada, antidepressivo, um para dormir e o último pra minha dor de cabeça. Guardei os frascos e fui até o chuveiro, me despi e tomei um banho quente. Assim que saí do box pude sentir o vento frio no meu rosto, me fazendo arrepiar, enchi um copo de água, peguei meus remédios e os deixei na minha mesa de cabeceira enquanto vestia meu moletom preto. Deitei, dei uma última olhada no meu Whatsapp, não tinha nenhuma mensagem de Lucy, mandei a última mensagem:
"Me perdoe por ter sido uma otária, eu sinto tua falta."
Tomei meus remédios, apaguei o abajur, rolei um pouco na cama e acabei pegando no sono.
Lucy POV's
Era a quinta mensagem de Lana que eu não respondia, não podia me dar ao luxo de falar com ela, nem ao menos responder as mensagens, se aquelas psicopatas desconfiassem, eu estaria morta. E Lana também.
Queria que essa merda toda fosse só um sonho. Mas não era, nunca era.
Entrei no chuveiro e fiquei lá durante meia-hora, queria tentar aliviar toda a minha dor, mas não adiantava, nada fazia passar. Saí do box, escovei meus dentes, coloquei minha calça e meu casaco de moletom. Quando estava quase pegando no sono o barulho do meu celular me faz despertar, era mais uma mensagem de Lana:
"Me perdoe por ter sido uma otária, eu sinto tua falta."
Me praguejei por não poder responder e joguei o celular em qualquer lugar da cama e peguei no sono.
03:50 a.m
Acordei assustada, tinha tido mais um daqueles pesadelos. Minha respiração estava descompassada e meu coração batia acelerado, enquanto as minhas mãos tentavam freneticamente acender o maldito abajur. Quando finalmente acendi vasculhei a cama à procura do meu celular, olhei no visor 03:50, droga! Como eu odeio ter pesadelos.
Abri o Whatsapp, estava muito tentada a mandar uma mensagem pra Lana e explicar pra ela toda essa situação. Que as vagabundas tinham voltado e que não queriam que eu falasse com ela, se não iriam machucar ela, e eu não queria isso nem fudendo. Levantei da cama e fiquei andando em círculos por uns dois minutos, finalmente já sei o que fazer. Arrumei a minha mochila, enfiei tudo o que eu tinha, dinheiro, roupas. Escovei os dentes, mas não me dei ao trabalho de trocar de roupa, peguei a mochila e saí correndo. Fui até a casa da Lana, subi até o quarto dela. O quarto estava escuro, ela estava deitada, com certeza dopada pelos remédios. Fui até ela e tentei acordá-la.
-Lana? Ei Lana, acorda! -sacudi ela.
-Hm? -ela murmurou e se virou.
-Lana! A gente tem que ir embora. Agora! -sacudi ela de novo.
-Que? Ir pra... Lucy? Meu Deus me perdoa! -ela me abraçou.
-Já passou, levanta, a gente precisa ir!
-Ir pra onde? -ela fez menção de acender a luz, mas eu segurei a sua mão.
-As garotas voltaram, elas me ameaçaram, disseram que se eu continuasse próxima de ti, elas te machucariam, ou pior... Por isso eu te evitei. Mas agora eu cansei de seguir as ordens delas, a gente precisa ir, por favor.
-Me explica o por quê de eu não poder acender a luz?
-Eu acho que elas me seguiram, elas me vigiam, mas eu não sei se me viram entrando aqui, por isso você não pode acender a luz, elas sabem dos seus remédios, sabem a hora que tu dorme, sabem de tudo, e se você acender a luz, elas vão saber que eu vim aqui.
-E as suas roupas?
Apontei pro canto do quarto, perto da janela por onde eu entrei. -Eu vim preparada linda.
Ela riu, levantou e pegou uma mochila, enquanto eu ia pegando as roupas e os remédios dela.
-Onde você vai? -perguntei vendo ela sair da quarto.
-Calma, já volto.
O tempo que ela demorou foi o suficiente para eu terminar de arrumar o resto das roupas, á que no escuro ficava duas vezes mais difícil. Ela voltou pro quarto com uma mochila, e eu a olhei sem entender nada.
-Dinheiro -ela disse quase que lendo os meus pensamentos. -Como mais iríamos financiar nossa fuga? -ela sorriu e eu também.
Seria uma longa noite.

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ULTRAVIOLENCE
FanficLana ou Elizabeth, sempre foi a deslocada do colégio, mas nunca se imaginou fazendo coisas erradas, como usar drogas ou fugir de casa, e tudo acabou mudando quando conheceu a pessoa que iria melhorar ou acabar com sua vida.