Capítulo 4

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  - Me diga seu nome.
  Abro os olhos lentamente e pisco. De quem é essa voz? Enxergo apenas vultos.
  - Meu nome é Ana. Ana Hertz.
  - Qual o nome da sua mãe?
  - O nome da minha mãe é Katherine.
  - O nome do seu pai?
  - Ah! Eu não tenho pai. - percebo lágrimas rolando em meu rosto, novamente. Por que esse homem me faz tantas perguntas sobre nomes?
  - Calma Ana, tá tudo bem.
  - Me diga onde eu estou e por que tantas perguntas?
  - Você desmaiou na sua escola, estamos no hospital, eu sou médico e essas perguntas são porque você acordou agora e precisamos saber se você teve perda de memória ou não.
  Continuo olhando para a cara dele e não digo nada.
  - Tem uma pessoa que pediu que logo depois que você acordasse, ele imediatamente falasse com você, pode deixar ele entrar?
  Eu comecei a pensar e será que era o Simon? Estava muito feliz com a expectativa de ser ele, então me deixei levar.
  - Doutor, pode deixar ele entrar.
  Ele abre a porta e até fico com vontade de chorar de novo quando vejo que é Justin. Ele está com o cabelo bagunçado, sua jaqueta sempre perfeita, está meio amassada, e espera, JUSTIN ESTÁ CHORANDO?
  - Oi.
  Eu digo o mais calma que consigo, não entendo o motivo de seu choro.
  - Oi.
  Logo em seguida, ele dispara.
  - Olha só, me desculpe, eu não queria fazer acontecer isso com você e...
  - Mas você não tem culpa. Eu estou bem, viu? Eu estou acordada e falando com você.
  - Você não entende não é? Eu causo esse efeito nas pessoas.
  - Eu já disse, você não tem culpa.
  - Você me deixa confuso. Não é hora, nem lugar que eu queria te contar isso mas eu gosto de você. E normalmente eu não gosto de pessoas, as pessoas gostam de mim. Eu odeio essa sensação, a todo momento minha cabeça pensa em você, é como se eu estivesse preso. Isso torna a minha missão muito mais difícil do que já é.
  - Olha, eu é que estou confusa, você chegou, disse que tinha que me contar coisas e do nada você chega dizendo que gosta de mim? Você só deve estar apaixonado, por isso pensa em mim a todo momento, acontece toda hora com as pessoas. Mas espera, torna sua missão mais difícil? Que missão? Do que você está falando?
  - Seu pai.
  - Meu pai está morto.
  - Preciso ir.
  - Vai embora agora? É sério? Logo depois que você toca no assunto do meu pai estar morto? Você vai ao menos me encontrar de novo depois?
  - Talvez. Provavelmente não.
  Ele sai andando pela porta e me deixa lá naquele quarto de hospital. Naquela cama. Começo a chorar. Quando finalmente consigo parar de chorar minha mãe entra no quarto.
  - Filha o que aconteceu?
  - Não foi nada mãe, foi só um desmaio.
  - Você desmaiou?
  - Sim, mas já está tudo bem.
  Noto que ela não está mais tão preocupada e vê que eu estou bem. Ela coloca uma mecha do meu cabelo pra trás da orelha e me abraça.
  Ela senta do meu lado e eu durmo assim abraçada com ela.
  Na manhã seguinte, acordo tendo o sonho com aquele menino, dessa vez ele está em um hospital e é atendido por computadores, que acabam explodindo e o matando.
  À tarde, finalmente volto para casa. Não consigo parar de pensar em Justin e no que ele disse sobre meu pai. Quem ele pensa que é para falar sobre meu pai? Ele mal me conhece.
  Queria que Simon estivesse comigo, ele me daria conselhos sobre o que fazer.

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