Sem demora dessa vez: "Era uma vez..."
Um homem obcecado.
- Vamos David eu preciso do dinheiro, só mais alguns dólares.
O banqueiro olhava o amigo que estava novamente em decadência. Ele tentou apelar para a sanidade, como se ele não estivesse doente na mente e no coração.
- Samuel eu não posso mais emprestar dinheiro à você. Já tem uma dívida enorme em seu nome e o banco só não está com sua casa porque eu estou intervindo. Por favor amigo, me escute, eu sei que foi difícil perder as duas, mas você precisa seguir em frente e esquecer isso.
O homem bateu a mão na mesa, fazendo um porta canetas cair e outros objetos balançarem, se levantou da cadeira irritado com aquela conversa que já havia se repetido, várias e várias vezes, e como todas as outras vezes ela não era aceita de forma alguma.
- Eu tenho uma boa pista, fotos e até o local, só preciso de dinheiro pra alugar um barco. Preciso provar que o monstro do lago as matou naquele dia.
Ignorando mais uma vez, David tentou pensar em uma forma de ajudar, a loucura já havia o consumido, porém a esperança em recupera-lo permanecia constante em sua mente.
- O banco não vai te emprestar mais dinheiro, mas eu posso com uma condição apenas...
- Então vamos, conte qual a condição.
Samuel se sentou, deixando a raiva de lado, escutando atentamente o que o David falava.
- Se você for e não encontrar nada, vai esquecer essa história de monstro e tentar superar isso.
Samuel refletiu por alguns segundos sobre a condição imposta, mas estava tão crente que agora encontraria, que não demorou muito a responder.
- Ta bom! Se eu não encontrar, eu tento.
- Você promete por elas?
O amigo sabia que elas eram os únicos entes queridos, que podiam mover a viva de Samuel, mesmo que não estivessem mais nesse mundo.
- Sim, eu prometo, satisfeito?
David abriu a gaveta e pegou notas de cem novas e bem arrumadas, colocou dentro de um envelope e estendeu na direção do amigo, mas antes de entregar, falou olhando nos olhos de Samuel:
- Não, eu não estou satisfeito, mas vou me contentar com sua palavra.
Samuel pegou o envelope e colocou no bolso do casaco surrado.
- Obrigado.
- Tome cuidado velho amigo.
Samuel saiu do escritório, deixando David respirando fundo com preocupação.
O homem seguiu em passos rápidos para o píer da cidade, onde os barcos esperavam para sair ao mar. Um lugar que ele já fora tantas vezes, onde havia perdido grande parte do dinheiro e sanidade.
Seguiu rapidamente até um dos barcos ancorados, já familiar. Por fora, este tinha três cores colorindo seu casco: azul marinho, branco e azul. As velas estavam recolhidas e o convés estava repleto de caixas de madeira e cordas.
Quando avistou o velho capitão de barba grisalha e olhos verdes, este vestia roupas surradas de marinheiro e gritava ordens aos dois marujos, para que limpassem corretamente o convés da embarcação tão antiga quanto o dono.
- Leonardo, preciso falar com você mais uma vez.
O capitão se virou ao homem que gritava no píer, uma cena que já havia se repetido tantas vezes, mas toda vez que o personagem participava dela parecia definhar cada vez mais.
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Lendas Antigas: Novos Contos
Historia CortaUma série de contos, baseadas em monstros já conhecidos.