Céu sem estrelas, de Iris Figueiredo

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Livro: Céu sem Estrelas

Autora: Iris Figueiredo

Páginas: 360

Editora: Seguinte 

"Você tem que ler Céu sem Estrelas, há tempos não lia um young adult tão bem feito". Acho que esta tem sido a frase que mais tenho dito quando alguém me pede uma indicação de livros. A obra conta a história da Cecília, uma carioca que acabou de entrar na faculdade e que vê a sua vida saindo de vez dos trilhos após uma briga com sua mãe, e de Bernardo, irmão da melhor amiga de Cecília e alguém que esconde os próprios tormentos.

O que me chama a atenção na narrativa é o modo como a Iris escreve sobre temas delicados. A gravidez indesejada, o cabelo cacheado que sempre chamou a atenção, a desestrutura familiar, o ser gorda numa sociedade tão opressora, a depressão que tudo isso pode causar. Esses assuntos estão presentes de forma doce, delicada e, ao mesmo tempo, tão contundentes que não há como não querer um abraço ao fechar o livro pela última vez.

Outro ponto que eu considero forte na narrativa é o fato de ela ser composta por uma variedade mulheres. Cada uma delas com uma voz e com uma força característica da multiplicidade do que é ser mulher hoje. Desde a matriarca da família, que resolve todos os problemas à amiga que parece desmiolada (e que, no fundo, tem bom coração), o retrato feminino no livro é potente e mostra toda a força que a mulher (seja ela como for) tem.

Em termos de estrutura, o livro é dividido em duas partes. Na primeira conhecemos os personagens e suas dores. Na segunda, vemos como cada um deles busca resolver seus problemas de forma digna. No fundo, vejo Céu sem Estrelas como a busca pela dignidade de poder encontrar a própria paz, mesmo tendo um caos dentro de si mesmo. Vendo por este viés é impossível não se identificar nem que seja um pouquinho, mesmo que a gente viva problemas distintos das personagens.

O manejo que a Iris tem da linguagem torna o livro terno. Talvez por isso eu tenha enrolado tanto para terminar de lê-lo. Vi-me apegada a cada um dos personagens, a cada instante que se desenrolava diante dos meus olhos. Saí da Flipop com o meu exemplar autografado e cheguei à Bienal dizendo um "Iris, pelo amor de Deus, como lidar com esse medo do seu livro terminar?". Terminei a leitura e voltei lá para dizer a ela o quanto eu gostaria que Céu sem Estrelas virasse um filme (Alô, Netflix, viabilize esse sonho!).

Antes de terminar, não posso deixar de mencionar o projeto gráfico. Que livro de capa e diagramação mais maravilhosa! Dá gosto de ler um livro assim!

Nem preciso dizer o quanto recomendo, preciso? Se isso conta, todo mundo que comprou porque eu indiquei veio me contar o quanto amou esse livro. Te convenci? Ainda não? Então termino dizendo que foi o livro mais vendido durante a Flipop e o mais vendido da Bienal no estande da Companhia das Letras.

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