A Ilha

Capítulo 8

   Aqueles olhos esmeraldas intensos me fitando, junto com um sorrisinho torto debochado só para completar o pacote! Claro que tinha que ser ele.... Nicolas Warm.
   Senti minhas bochechas vermelhas queimando como o inferno.
   Vendo meu estado, seu sorriso se alargou...
   - Ou será que você está procurando alguém em especial - disse Nicolas em um quase sussurro enquanto dava um passo em minha direção.
   Engoli em seco..
   - Eu... eu... - fico tão envergonhada que não consigo completar a frase.
   Ele arqueia uma sobrancelha e dá mais um passo para perto de mim e eu intuitivamente reajo dando um passo para trás só para bater com uma de minhas canelas na cama.
   - É.. Que... Essa é a minha cama... Ou melhor era a minha cama.... Tinha acabado as do dormitório feminino... Então.. - respirei fundo para tentar me acalmar - Bem... Estava tentando achar minhas malas, queria ver se estavam no armário só que ele está trancado... Será que poderia me ajudar com isso?
   - Claro - disse suavemente e com um sorriso um pouco mais amigável, porém sem desgrudar o olhar do meu.
   E num instante seu semblante voltou a ficar sério, enquanto ele andava lentamente na minha direção, fechando passo a passo a distância entre nós, até estar tão perto que conseguia sentir sua respiração forte em minha pele, a alguns milímetros de encostar o seu corpo no meu, quente, seu corpo estava tão quente... Também sua essência era fogo, deve ser por isso que ele estava me deixando em brasas... Estava tentando não ter pensamentos impertinente sobre tudo o que eu queria fazer com ele no momento, enquanto em minha testa forma se um grande ponto de interrogação, tentando entender o porque dessa aproximação repentina...
   Acho que notando minha cara confusa ele fala.
   - Acho que eu preciso passar por aqui - Disse ele ainda me comendo com os olhos e com um sorriso sarcástico a se formar
   Me espremi um pouco mais perto da cama, quando ele passou praticamente roçando em mim, antes de abrir a gaveta do criado mudo, pegar uma chave e me dar. Sem dúvidas ele estava querendo me provocar, brincar comigo, o pior é que ele estava conseguindo e o desgraçado sabia disso! Mas pelo menos, mesmo com toda a sua gostosura e status, ele estava sendo gentil me ajudando aqui, isso eu não esperava.
   - Obrigada - Agradeci, antes de me virar e ir em direção ao armário.
   Que claro, só para constar estava vazio!
   - Acho que você se enganou- diz ele com um risinho.
   - Mas....A professora me disse que me colocaram nesse quarto... - tento me explicar de uma forma que eu não parece uma idiota.
   Ele olhou minha bolsa na cama e pareceu pensar em algo.
   - Você é a garota que era regular ?- ele pergunta.
   - Sim... - respondo receosa, o que ele tá armando?
   - Interessante... - ele me encara uns segundos com um olhar pretensioso, que quase me deu um arrepio, antes de ficar neutro de novo e continuar... Fico me perguntando se não é só loucura da minha cabeça por cara tão lindo estar me ajudando? - De qualquer forma vamos mudar de dormitório.
   Com isso ele se virou e foi para um armário, idêntico ao que eu acabei de abrir, e pegou duas malas grandes e foi até a porta só parando para me olhar é dizer.
   - Você não vem?
   E com isso saiu andando sem esperar que eu o seguisse.
   Pego a minha mochila e o sigo sem pensar,correndo para não ficar para trás.
   Porque eu estou seguindo ele afinal? Ele foi minimamente legal, mas é um elite e dos grandes.... Eu nem devia estar indo com ele, mas não posso negar que ele de costas é uma visão a se apreciar, eu conseguia ver seus músculos ondulado embaixo de sua camiseta negra enquanto ele andava, e que músculos ele com certeza devia levantar algum peso, é de se admirar, mas o que realmente faz o show valer a pena até uma humilhação pública era a sua bunda, era uma daquelas bundas redondinhas e empinadas que não tem como não conferir, o movimento era realmente hipnotizante...Talvez eu seja eu tarada por bundas? Nunca se sabe.
   Ele para de repente e eu quase bato naquela bunda...quer dizer nas costas dele.
   - Senhor Warm, estava procurando você- diz uma voz na frente do Nicolas que eu logo vejo que se trata do diretor - Queria parabenizá-lo pelo resultado do primeiro teste. Seu pai vai ficar muito contente, já ligou para ele?
   Nicolas dá um olhar para o diretor que eu só podia traduzir como desprezo.
   - Ainda não Diretor Gomes vou ligar assim que chegar no dormitório - ele dá um sorriso que não chega aos olhos - Ah aproveitando nosso encontro diretor, você pode ajudar a vermelhinha aqui? - ele aponta para mim.
   O diretor me olha como se eu tivesse brotado do chão naquele momento.
   - Oh, sim... Na medida do possível - responde voltando seu olhar ao Nicolas que por sua vez fica esperando que eu fale alguma coisa.
   - Eh...Eu não sei... Das minhas coisas - digo baixinho.
   - Não consegui te escutar senhorita - fala o diretor.
   - Ela não sabe onde estão suas coisas , parece que foram extraviadas ou Sei lá.
   Eu só fico lá sem reação enquanto Nicolas e o diretor conversam e resolvem meu problema como se eu simplesmente não estivesse ali.
   - Pelo que está nos registros, ainda não recebemos nenhuma mala de roupa da senhorita... Robson - informa o diretor lendo alguma coisa no celular.
   Eu finalmente interrompo a conversa dos dois já de saco cheio de ser ignorada.
   - O que isso quer dizer? - falei me concentrando no diretor.
   - Seus pais não trouxeram sua mudança senhorita - ele responde sem prestar a mínima atenção.
   - Vocês já ligaram para minha casa? Tiveram resposta? Meu pai por acaso não quer me ver?v- jogo as perguntas pra ele já irritada com a atitude dele.
   - Calma senhorita - ele suspira e pega o celular novamente para ver se tem mais informações - Já ligamos para a sua casa, a chamada não foi atendida, aqui está dizendo que mais tarde seu pai ligou para escola querendo saber de você... Huum parece que ele vai vir amanhã de manhã trazer suas coisas e falar com a senhorita - termina o diretor.
   - Ele ligou? Posso retornar a ligação, ele deve estar preocupado por não falar comigo.
   - Sinto muito senhorita mas temos uma política de não comunicação para fora da escola nos primeiros três meses no mínimo e já estamos abrindo uma exceção para a senhorita ver seu pai amanhã - fala o diretor rispidamente.
   - Como assim? Você acabou de falar para o Nicolas ligar para o pai dele - falo com tanta raiva que meu tom sobe.
   - Chega! - o diretor rosna e finalmente me olha - Desde que você apareceu imaginei que seria um problema, eu não gosto de problemas Senhorita.
   E com isso ele vai embora me deixando com raiva e um tanto de medo, mas a raiva era tanta que eu podia sentir as fitas me cercando e se formando enquanto atravessava a barreira.
   - Nossa, eu sabia que ele era uma babaca, mas não sabia que era tanto - Nicolas olhou meio assustado, meio admirado para mim - Calma vermelhinha, estou sentindo seu poder daqui - ele ri - Mas acho que qualquer homem que chamasse Charlotte não tem como não ser babaca, ele só poderia ter não exagerado tanto nesse fator - disse dando uma piscadela para mim.
   Isso de alguma forma me distrai.
   - Charlotte? Você tá dizendo que o nome do diretor é Charlotte.
   - Sim, ele odeia que chamem ele assim - ele fala dando um sorriso sexy - Charlotte Gomes é um homem facilmente irritável, mas é um level 3, acredite em mim, ele ainda vai te bajular muito.
   Ele falava como se conhecesse bem o diretor.
   - Level 3? Mas para trabalhar na escola não tem que ser no mínimo level 4? - digo pensando em tudo que eu já ouvi sobre a escola especial.
   -vNormalmente sim, mas ele é um caso diferente, tem o poder de controlar os sentimentos,o que é bem útil no meio de uma escola - ele passa a mão ajeitando seus cabelos - Pelo menos foi o que me falaram, esse cara tem muito o que provar.
   Parece que a sociedade especial não é tão unida quanto eu pensava afinal.
   - Vamos vermelhinha, só temos meia hora pra ir para o dormitório.
   - Porque só meia hora? - perguntei confusa.
   - A coordenadora está mantendo o resto dos alunos na quadra para os level 5 se mudarem para o dormitório certo, algo como evitar acidentes.
   - Se controlar é uma coisa básica para um de nós vermelhinha, sem controle a ilha já estaria toda destruída. Se voce perder o controle como quase fez la atras nunca vai sair daqui - ele parece refletir suas próprias assustadoras palavras - Se você perde o controle assim acho que meu serviço dessa vez vai ser de graça.
   - Seu serviço??? - merda devia saber que ele queria alguma coisa.
   - Sim, falar com o diretor por você, se não fosse por mim você nem iria saber que seu pai está vindo amanhã, tem que ter status para ter as coisas nessa escola, é assim que funciona, você já vai aprender.
   - Ser level 5 já não é ter status?
   - Não com os professores..... Pelos menos não tão cedo, a partir do segundo ou terceiro teste talvez você tenha algum.
   - E o que o Sr level alto iria querer de mim?
   Ele ri, que cretino.
   - Não sei se você sabe, mas os faxineiros aqui não limpam os quartos, isso é um dever do aluno - ele suspira - Imagino já que você era regular, que você saiba limpar bem, você sabe? - ele pergunta com a maior cara de pau.
   - Isso é tão... - Não consigo nem terminar... Ele é tão... É tão... Babaca.
   - Que? - ele me olha esperando - Então você limpa?
   - Só porque eu sou regular tenho que ser sua empregada! - que idiota.
   Ele sorri e fica do meu lado.
   - Não, seria um mútuo benefício.
   - Pode parar - digo - Sem chance.
   Com isso eu apresso meu passo e entro no elevador sozinha só para parar por não ter ideia de que andar era o dormitório.
   - Não é assim vermelhinha, a gente podia se ajudar sabe - ele diz chegando no elevador e apertando o botão do último andar.
   - Liga pro seu papai - respondo, ele parece ficar bravo com essa frase, mas eu não dou a mínima, ele realmente perdeu o brilho para mim agora.
   O elevador logo chega ao seu destino e eu me parabenizo por nem olhar na sua direção, não preciso encher ainda mais o big ego desse cara.
   Quando estava prestes a sair do elevador acabando com aquela situação ridícula e fingir que o "principezinho mimadinho" nem existia, as portas do elevador se fecham na minha cara, me viro para me deparar com um Nicolas apertando o botão que parava o elevador. Merda! O que eu estava pensando desdenhando um cara assim,ele vai me massacrar... Mas foda-se! Por mais sexy que ele seja, ele mereceu! Infelizmente minha auto segurança não durou muito tempo e eu só consegui travar e ficar muda enquanto tomava consciência de estarmos nós dois sozinhos, "presos" nesse elevador...
   Ele chega perto de mim todo esnobe, me prende entre seus braços me pressionando com seu corpo contra a porta do elevador, encosta sua boca no meu ouvido e sussurra cheio de si
   - Você está realmente muito vermelha agora sabia? Escolhi bem o seu apelido... - se afasta do meu ouvido, só para me fitar os olhos, e a uns três centímetro da minha boca falar de um jeito que, não sei se era por estar presa com seu corpo quente pressionando o meu ou qualquer outra coisa aleatória, mas me pareceu bem sedutor - Você pode ganhar muita coisa mantendo o meu quarto em ordem Vermelhinha.
   Queria dizer que "Nem fudendo", mas não era capaz de formular palavras no momento... Merda! De repente ouço uma vibração e barulho vindo de trás de mim, só sinto a porta do elevador abrir antes de cair de bunda no chão e sentir um um peso me esmagando e me pressionando no chão, ao mesmo tempo que levava uma bela cabeçada.... Ai... Mas que porra aconteceu?
   Abro os olhos ainda meio tonta e me deparo com Nicolas em cima de mim, com os olhos espremidos, passando a mão em sua testa.. Percebo que essa circunstância seria extremamente sexy, se não fosse a dor em minha cabeça e em minha bunda! Mas então me lembro de tudo que ele disse e minha raiva borbulha, voltando com tudo, até que ele abre os olhos... Devia ser um crime alguém possuir olhos tão lindos!! Fico confusa... Mas é difícil brigar com ele quando está me encarando, assim... Tão perto...