O lobo negro

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Jimin nunca teve uma boa relação com o pai. Na verdade, acho que sofria do mesmo mal de todos que eram como nós. Omegas já eram naturalmente raros, mas ômegas masculinos eram mais raros ainda, então as famílias usavam as velhas práticas de dote. Que para ser bem menos polido era como vender o filho ao alfa que pagasse mais. Eu não passaria por isso somente porque já fui prometido a Minho. Meu pai tinha planejado que ele se casasse com Jihyo, mas o ministro MinSik fora insistente, dizendo que casar dois alfas era uma péssima ideia.

— Ela era muito bonita, de uma boa família no Japão, mas não posso dar meu único filho para uma estrangeira — Lorde Park explicou a Jimin, que respirou fundo, parecendo a ponto de explodir em ódio. O escritório de Seokjin era como tudo na casa. Madeira. Madeira. Livros. Alguns porta-retratos de família. Madeira. Madeira nos móveis, nas paredes, no assoalho. Só estávamos lá há dois dias e eu já queria morrer de tédio.

— Ela não quis pagar o quanto o senhor pediu, não foi?

— Claro que não, meu filho. Eu n-

— Pai, o senhor me venderia ao diabo se ele pagasse bem. — Jihoon olhou para mim, como se estivesse com mais vergonha do fato de eu estar na poltrona ao lado ouvindo o comentário do filho, do que em repreender Jimin. Até porque nem adiantaria, Lorde Park era conhecido por ser um mercenário, foi sorte a irmã de Jimin ter se apaixonado por um rapaz com muito dinheiro, ou ele a teria vendido a qualquer um que se dispusesse a pagar por ela — Podemos ir?

— Perdão pela insolência de meu filho, majestade. — apenas acenei com a cabeça, não tinha como falar nada decente sobre isso de qualquer forma.

— É... nós vamos sair — sugeri — E conhecer a cidade. Tenha um bom dia, Lorde Park. — me levantei arrastando Jimin comigo e lhe lançando o olhar mais "Por que me chamou pra discussão familiar?" que consegui. Abri a porta, travando no mesmo lugar quando vi Minho parado diante de nós — Oi...?

— Alteza, Família Park... — pontuou antes de fazer uma reverência a nós — Achei que ia encontrar vocês jogando — riu.

— Jogando?

— Sim, tem um xbox b-

— O que? Tem videogame nesse infer- digo, casa? — Jimin nunca foi muito de jogar, basicamente ele só me via jogando com Jinki-hyung ou com a Jihyo, mas aquele lugar era tão chato que ele estava realmente revendo os próprios conceitos — Onde?

— Na última porta, no fim do corredor.

— Jihyo! Tem videogame aqui! — Jimin berrou a plenos pulmões.

— Onde? — minha irmã gritou de volta do primeiro andar.

— Aqui embaixo!

E foi com essa informação que meu melhor amigo me abandonou e de bônus levou minha irmã junto.

— Eu senti sua falta — Minho disse, sorrindo. Eu me sentia uma pessoa ruim toda vez que ele era tão gentil comigo, porque ele parecia sincero no que dizia enquanto eu...

— Também. — foi o máximo que consegui dizer sem soar falso e nem foi tão bom assim.

— Com licença, alteza — Lorde Park pediu, e afastei para que saísse — Tenham um bom dia. E diga ao meu filho que quero ter uma conversa com ele em breve — Jimin estava muito encrencado, realmente. Observei até o homem mais velho ir embora, ouvindo Namjoon se despedir dele e lhe desejar uma boa viagem de volta a Seul, para depois voltar a atenção para Minho novamente.

— Então... você vai ficar aqui?

— Só uns dias, preciso voltar a Seul, tem uma negociação importante com a Kim Farmacêutica. Aparentemente os navios que eles usam para transporte nunca sofreram problemas nas tempestades, seu pai quer usá-los para trazer comida.

Red WolfOnde histórias criam vida. Descubra agora