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Éramos como carne e unha. Jeito simples de descrever eu e meu melhor amigo. Quando eu estava começando a frase, ele terminava. Quando eu abria o sorriso, ele gargalhava. Ah, quanta amizade! Daquelas tão fortes, que às vezes conseguia sentir ele chorando. Imediatamente ligava pra ele, querendo acalmá-lo. De lá pra cá também era comum. Quando eu estava na sofrência, ele mandava uma mensagem dizendo pra que eu tomasse vergonha na cara e melhorasse. Vivíamos assim, um completando o outro emocionalmente, amorosamente e fraternalmente. Meu melhor amigo era a junção do cara que eu tanto idealizei em minha jornada. Mesmo assim, nunca tínhamos sentido nada além de amizade, até hoje. Fomos papear pessoalmente como de costume. E assim que ele veio segurar a minha mão, senti um gelo. Ele parou, me encarou e ficou sem ter o que dizer. Ficamos um olhando para o outro deixando aquele sentimento brotar instantaneamente. Quando ele me encarou senti como se ele estivesse me lendo por inteira. Que interessante! Pela primeira vez enxerguei meu melhor amigo como um homem, não apenas como amigo. Ah, quis muito beijar aquele lábio carnudo, parecia me devorar. Fiquei imaginando o quanto seria perfeito a nossa junção nesta jornada. O quanto já amávamos um ao outro. Será que eu estava disposta a viver tamanha perfeição? A resposta é óbvia: Não! Somos imperfeitos e o ter como homem seria um game over. Então, ao delirar em seu olhar por alguns segundos, voltei e dei um tapa na cara dele. E ele, impressionado disse: Não podemos. Sim, ele estava certo. Ambos temos lições para entender e uma jornada longa. Ele me beijou no rosto como de costume e foi encontrar sua namorada.

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