Parte I - A Dor

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Adivinhem? Este é um texto sobre expectativa frustrada e um coração partido.  Eu passei por alguns dias dizendo a mim mesma que não passava de um momento, uma tristeza passageira ou apenas um mal estar. Tentei dizer a mim mesma que, bem como das tantas outras vezes em que algo não deu certo, eu superaria muito fácil, afinal de contas já me tornei doutoranda em superação.  Mas os dias passaram, a agonia no peito, ocasionada por um silêncio sem razão aparente, já aumentava a ponto de me sufocar.

Cochilei e acordei com um pequeno surto de ansiedade, pegando o celular e esperando uma mensagem... E eu, que sempre considerei ser apenas mais um momento, mais uma mulher, mais uma transa e que nunca me apeguei realmente, me peguei tendo um coração partido.

Eu me conheço bem o suficiente para saber meus sintomas dessa doença: pensamento constante de “onde foi que eu errei?”; vontade de mandar mensagem; ouvir música eletrônica ou rock adoidado; querer fumar e tomar uma bala ou outra; dançar enraivecidamente; não dormir (eu já tenho insônia, com o coração partido fica pior) e, pra terminar: a tristeza que toma conta de mim. 

O que me surpreende nessa história, - e aqui, meus caros, digo história pois é um fato real - é que eu, em nenhum momento dessa curta relação, achei que estivesse apaixonada. Achava uma boa companhia, um bom sexo, um bom papo. Um bom alguém. Sempre alegre, sempre disposta a fazer os demais sorrirem, inclusive eu, que não sou dada aos risos frouxos. Achava curioso quando os amigos nos pediam quando tornaríamos oficial, quando voltaríamos à casa da praia, quando me apresentaria a sogra... na verdade, ficava apavorada, sempre tive esse espírito livre e essa possibilidade de ficar presa me apavorava. 

Pois bem, poderia me apavorar, mas eu sabia que no fundo, eu apreciava essa expectativa. Essa vontade de ser e não ser, essa incerteza do amanhã que se tornou uma certeza: não era pra ser. Pelo menos, não naquele momento (e aqui quem fala é meu coração partido que continua esperançoso, tolinho).  Quero terminar este texto clichê falando o que estou sentindo: confusão, frustração e vontade de fumar um cigarro. Logo eu, que nem fumo.


Estamos de volta! - fernando_henrique97

Carry Your Home - CamrenOnde histórias criam vida. Descubra agora