Elle
Me acordo e deparo com janelas gigantes com uma vista pra toda a cidade. A luz do dia era sensível, não era o tipo de dia que iria fazer um sol terrível.
Olhei ao redor e me vi em um quarto com paredes azul escuro, uma cama gigante e muito confortável.
Tudo no quarto era muito limpo e organizado.
Até que paro de observar tudo e uma dor de cabeça imensa toma conta de mim e eu solto um pequeno gemido de dor.
Olho pra porta e vejo o cara da noite passada entrando com uma bandeja na mão, parecia comida, e eu estava morrendo de fome.-Bom dia bela adormecida.- ele diz colocando a bandeja na cama e me dando comprimidos pra dor.
- Bom dia, e obrigada pelo remédio!.- digo tentando ser educada. Tento me recordar de fato do que aconteceu depois da boate, mas nada me vem a mente, então resolvi perguntar sem vergonha alguma.
- A gente transou ontem?.- pergunto de uma vez, não era sempre que isso acontecia.
- Sim, nós transamos ontem, não se lembra de nada mesmo?.- ele pergunta rindo.
- Bom, eu tava tão bêbada que depois que saímos de lá não lembro nem de você... E sem querer ser mal educada, qual seu nome mesmo?.
- Brandon Flynn. E o seu?
-Elle, Mary Elle. Estranho começar o dia assim com alguém. Mas foi bom te conhecer. Não sei como foi ontem mas...
- Foi ótimo. Tipo, muito bom.- ele diz sorrindo, o que me deixa muito tímida.
- Oookay, que bom que foi bom pra você, mas agora eu tenho que ir. Deve ter gente atrás de mim.
- Vou pegar um vestido pra você, você meio que rasgou sua roupa ontem.
Ok, agora eu fiquei com vergonha. Sinto minhas bochechas queimarem.
- Pedi pro meu motorista comprar algo que ficasse bem em você....
Ele me entrega a roupa e sai do quarto. Olho o vestido e era meigo. Preto tubinho, iria sentir um pouco de frio, mas não me importava. Gostava desse clima.
Vou ao banheiro e tomo um banho, quando paro na frente do espelho me dou conta de uma coisa. A cicatriz, provavelmente ele deve ter visto. E se ele me perguntar sobre ela? O que eu falo...
Imediatamente me vem a memória novamente Harry e começo a chorar dentro do banheiro... Parece que a noite passada não tinha sido o suficiente.Visto minha roupa e amarro meu cabelo, minha cara de ressaca era impossível de se disfarçar, mas eu não ligava, e queria mais.
Saí do quarto e fui seguindo o barulho que vinha de algum lugar da casa. Ela era enorme e facilmente alguém se perderia aqui.Vejo Brandon tomando seu café e tento não incomodar.
- É... Eu já vou indo, obrigada pela roupa e pelo café. Valeu mesmo. Tchau..
- Espera, você tá bem? Tá tudo legal?.- ele pergunta e.. por que as pessoas perguntam pra gente se a gente tá bem quando a gente não tá? Parece que serve só pra fazer a gente chorar. Ódio.
- Estou ótima, só preciso ir pra casa, tenho coisas pra resolver. Adeus.
Digo e saio às pressas daquele lugar.
Precisava da minha casa, do meu lar que não era mais tão seguro assim, mas que quando chegasse iria resolver toda essa situação com os seguranças.
Chamo um táxi, e tento lembrar o que aconteceu com o meu carro, provavelmente eu liguei pra alguém vir buscar. Meu Deus, nunca mais eu bebo tanto assim.... Penso alto ao ponto das palavras saírem da minha boca e o motorista escutar.
"foi isso que eu disse antes de virar alcoólatra" ouço o senhor dizendo e solto uma risada.
Ótimo Mary, além de doida, depressiva, agora alcoólatra, você tá só melhorando ein.Chego em casa e chamo os seguranças pra uma reunião, peço que um deles fique na sala das câmeras, e que revezem entre si. Também peço que um deles fique na parte de trás da casa, assim, seria mais complicado para que Harry entrasse aqui.
Termino de dar as ordens e pego no meu celular, vejo várias ligações da minha mãe, e algumas milhares de mensagens de Jamie"Onde você se meteu?"
"Tá tudo bem?"Sinceramente, ele parecia meu pai às vezes.
Pego meu celular e respondo.
"Você não é da família pra ser tão íntimo assim, faça apenas seu trabalho de psiquiatra".
Jogo meu celular em cima da cama e resolvo deitar.
Não queria falar com mãe, nem pai nem psiquiatra e nem com qualquer outra pessoa.
Tudo o que eu queria nesse momento era deitar e sentir minha dor. Encarar tudo o que tinha acontecido como se fosse algo de pura vontade minha, e não de desespero por apagar uma dor que de fato nunca vai se apagar.
Tento lembrar do que de fato aconteceu e como aconteceu entre mim e Brandon, e ele parecia ser um cara legal. Mas definitivamente, espero que tenha sido apenas uma noite.
Paro e penso que nunca cheguei ao ponto de ficar com alguém apenas por aliviar a dor que sentia por culpa de Harry. Comecei a me sentir uma vadia, uma completa vadia suja e sem valor algum... De repente começo a chorar descontroladamente. Me lembro de tudo que aconteceu. Me lembro da noite e da chuva, me lembro das palavras e da dor. Me lembro de Harry e por um curto momento queria que as coisas estivessem sido diferentes.
Queria que ele não tivesse feito aquilo com a gente.
Éramos felizes e eu o amava.
Mas, a culpa talvez tenha sido minha, eu talvez não tenha dado atenção, talvez não o protegi como deveria...
E minha mãe? Talvez Jamie tenha razão, talvez a errada tenha sido apenas eu, talvez eu que não entendi os dois lados de tudo.
Os pensamentos corriam soltos e eu deixava apenas as lágrimas caírem enquanto meu celular apitava diversas vezes por chamadas e mensagens.
Eu apenas queria que aquele pesadelo acabasse de uma vez por todas. Queria que tudo tivesse um fim.
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Neurotic.
FanfictionO amor pode ser uma benção ou uma maldição, um sorriso ou um pranto desesperado por socorro. No meio da noite em uma tempestade com sangue nas mãos te vi partir junto com uma parte do meu coração, mal eu sabia que aquele pesadelo havia apenas começ...