Sorry Mom.

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Elle

Durante toda a vida esperamos pelo primeiro amor, pelo primeiro beijo, pelo primeiro calafrio na barriga, o primeiro buquê de flores, as primeiras vezes de tudo...
Você foi tudo isso pra mim Harry, mas você também foi a minha primeira tentativa de morte.
Você foi meu primeiro pesadelo noite e dia...
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Era um sábado em Nova Iorque, e mesmo sendo uma cidade movimentada, observava a chuva caindo pelo vidro de uma das grandes janelas da minha casa.
Mais uma noite sozinha e com medo.
Quando não ter medo afinal?

Eu era jovem e tinha noção disso, tinha tudo pra ser a garotinha popular da escola, era bonita e rica de fato. Mas infelizmente não conseguia.
Meus pais foram embora para o Brasil, liderar uma construtora e uma agência de modelos.
Mamãe ficava na agência e meu pai liderava a empresa.
Escolhi ficar aqui, porque era de fato o melhor a não se fazer, mas era necessário pelos negócios que tínhamos aqui. Eu aceitei, acho que já estava grande o suficiente pra me cuidar, e as câmeras em casa me ajudavam a me sentir mais segura.

Em um mês começavam as aulas do último ano na escola e eu estava empolgada, assim sairia de casa e veria mais pessoas.

Resolvi ver algum filme enquanto comia pipoca e tomava algum refrigerante. Não demorou muito para que o sono me consumisse e eu dormisse ali mesmo no sofá.
Em meio a pesadelos eu me acordava, e em uma dessas vezes resolvi ir pra cama. Quando dormi durante o resto da noite depois de alguns calmantes.
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Acordo com muita enxaqueca, pra mim já tinha virado rotina, tomava tantos remédios que um a mais ou a menos não me afetava.
Fico na cama e pego meu celular, vejo as minhas redes sociais e as mensagens e fotos que mamãe havia me mandado na noite passada.

Chat on

Elle: Bom dia mãe!

Mãe:Bom dia Elle! Como amanheceu hoje? Está tudo bem por aí?

Elle:Está tudo bem sim, como vão as coisas aí? Papai está bem?

Mãe: Seu pai está bem empolgado com tudo, aliás, nós estamos. E temos uma novidade!

Elle: Conta a bomba da vez.-digo mas com o coração apertado, minha mãe não toma as decisões pensando em mim na maioria das vezes.

Mãe: Eu e o seu pai resolvemos nos mudar pra cá de vez! E vamos deixar um representante na empresa daí, você não vai precisar ficar se quiser, pode vir morar conosco.

Não queria acreditar no que lia, mas infelizmente, não poderia fazer nada quanto a isso, as decisões da minha mãe a maioria das vezes não tinham volta.

Elle: Mãe, no Brasil eu não vou ter estrutura, seria bom me mudar, sair dessa cidade, mas infelizmente eu gosto daqui. O que mais me deixa puta com toda essa situação é você não leva em consideração tudo que passei e o tanto que preciso de você aqui.

Mãe: Mary Elle, pare de drama. Estamos chamando você pra vir morar conosco e isso que aconteceu já faz um ano Mary! Você precisa superar tudo isso.

Meus olhos ardiam e as lágrimas começavam a escorrer.

Elle: você não sabe a dor que sinto até hoje mãe, não faz idéia e nem se esforça para entender. Não tem ao menos consideração por mim!- digo em prantos ao ter que lembrar de tudo.- Vou tomar café, espero que se divirta com a sua nova vida.

Chat off.

Deixo o celular na cama e logo em seguida ele desperta, era hora de mais um remédio.
Desço até a cozinha, tomo a pílula e preparo um café junto com um pedaço de bolo da noite passada.
Subo para meu quarto e tomo meu café tranquilamente enquanto assistia Star vs As Forças do Mal, Deus abençoe quem criou essa dádiva em forma de desenho.

Depois do café levo as coisas pra cozinha, lavo tudo e subo pro quarto pra arruma-lo. Ele era um quarto bem aconchegante, as paredes em um tom de branco gelo, e minha cama branca, nada muito decorado, só tinha algumas fotos em família.
Antigamente, todas essas paredes eram repletas de fotos nossas, ele me fazia delirar de amor a cada segundo.

Depois de arrumar meu quarto, já eram quase 10 da manhã, resolvi tomar um banho. Tiro meu pijama de dormir e fico me encarando no espelho durante um tempo... Tudo estava bom, até chegar na maldita cicatriz. Passo a mão por ela e a acaricia tentando de alguma forma aceitá-la e imagina-la de alguma forma positiva e que o que aconteceu deveria acontecer.
Mas logo a dor me preenche e o ódio por Harry Styles me consome, fazendo cravar as unhas tão fortemente em minha pele ao ponto de gotas de sangue começarem a escorrer por minha pele.

Harry, maldito foi o dia em que te vi pela primeira vez.

Neurotic.Onde histórias criam vida. Descubra agora