35. confrontos

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Nem pude saber o que Bruno falou com a Eva mas fiquei curiosa.

Ao passo que cheguei em casa me deparei somente com Stefany no computador. Pelo que me parece minha mãe saiu e meu pai estava no trabalho. Thi também havia saído não sei aonde. Me vi em um momento ótimo para confronta-la.

Fui a resistência que ficava na sala e a desliguei, provocando um apagão. Não ficou exatamente escuro, porque era ainda 14 horas da tarde, e , apesar do frio de Junho, o sol estava iluminando através das janelas, como se estivesse ali apenas para dar luz. Me ajoelhei ali mesmo e fiz uma oração a Deus. Minhas palavras foram rápidas e incoerentes, mas meu coração clamava pra que a mudança que Ele fez na minha vida, pudesse alcançar Stefany.

Fui ao meu quarto ( que agora era o dela também) e a encontrei reclamando.

- Quer que eu prepare algo para a gente comer?

- NÃO! - Ela saiu da cadeira e pulou na minha cama, estirando-se.- vou ver se durmo um pouco. Estou morrendo de dor de cabeça.

- Tudo bem. Estarei na cozinha, precisando, só gritar.

Desci rápido e preparei umas mini pizzas com uns pães velhos que haviam no armário. Sei que Stefany assim como todo mundo ama pizza.
Quando terminei fui no quarto só para que ela, talvez, sentindo o cheiro da pizza, sentisse apetite e comesse.
Quando subi pude ouvir uns soluços dicretos.

- Fany ? - fui entrando com cuidado.

Como ela não respondeu, sentei no chão ao lado da cama, minha prima permanecia deitada do lado oposto a mim.

Ela se virou agora e ficou deitada de modo ereto e olhava pra cima mais de um jeito indefinido, só conseguia ver parte do seu rosto. E que rosto triste!

- Fany, se você não tomar um atitude sua vida nunca vai mudar. Eu entendo que perder tio Ló foi difícil. E esse acidente também mudou sua vida completamente. Mas você é uma garota que sempre admirei pela personalidade forte e determinada. Agora está presa na caverna e não quer sair de jeito nenhum. Eu sei que há um tempo de a largata estar no casulo. Mas há o tempo de ela sair e voar. E esse tempo chegou na sua vida.

- Quem já viu uma borboleta sem pernas? Ou sem uma das asas?! Me poupe!

- Mesmo assim se você prestar atenção ela não desiste de tentar. Não vê que estamos todos cansados? Por que acha que minha tia mandou você tão rápido pra cá? Por que acha que ninguém mais fica em casa? Você se tornou uma garota difícil, Stefany.

- E você acha que eu não sei, Natália?!! A única coisa que peço todos os dias é que minha vida acabe de uma vez. Você acha que eu não falo com Deus? Eu já pedi pra Ele tirar minha vida e não sei porque Ele ainda não fez isso.

- Porque Ele sabe que não é isso que você quer de verdade. Você quer viver ! Ser feliz!

- Não, eu quero morrer.

- Não quer.

Choramos e eu abracei. Afaguei os cabelos dela e disse o quanto ela era preciosa. Na verdade, tenho certeza que não era eu, mas o Espírito Santo.

Comecei a conversar com ela muito. Nunca havíamos conversado daquele jeito antes. Contei como foi minha vida nesse ano de 2011. O que achei que era o meu fim na verdade era só o começo de muitas coisas boas. Logo ela contou também a vida que ela levava antes do acidente. Tinha muitos "amigos", um namorado e um emprego. Depois tinha pouca coisa verdadeira: seus pais e alguns parentes. Logo depois de alguns dias o pai veio a falecer. E depois daí só páginas de amargura.

Dei uma desculpa de pegar água lá embaixo pra ela e fui lá na sala pra ligar a resistência e fingir que a luz voltou. Mas quando estava ligando levei um susto muito grande com a voz dela vindo do corredor de cima na ponta da escada.

NELE Exultarei! Volume 2Onde histórias criam vida. Descubra agora