Capítulo Trinta e Cinco - Casa.

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Liam trabalhou na livraria naquela tarde. O calor de setembro tomando seus poros suados enquanto a loja se abastecia de clientes. Quinn e Mattheo atendiam as estudantes e Emma arrumava as estantes de literatura chinesa.

— Acho que você deveria vir aqui — Ele reclamou — Eu não sei onde se guarda os livros brasileiros. Tem quatro alunos querendo minha cabeça em um prato se eu não entregar os livros sobre Pagu. E eu nem sei quem é ela.

— Os meninos ainda estão ardendo em febre — Zayn explicou pelo telefone — Eles ficam perto da sessão do Raul Pompeia. Que fica perto do Carlos Drummond de Andrade, e fica perto do Paulo Coelho, que fica perto do Machado de Assis que fica do lado da literatura hispânica.

— Que significa...

— Segunda estante á direita — Zayn riu — Boa sorte, e obrigado por isso.

— Vai me recompensar depois, eu espero. Era meu dia de folga e eu estou tentando entender sobre a Semana da Arte Moderna de 1922 para estudantes.

— Terá um boquete maravilhoso mais tarde. Te amo, beijos.

Zayn desligou e Liam empilhou os livros no balcão.

— Ok, eu achei esses livros aqui — Ele explicou — Quem foi que pediu o Ateneu?

Depois de atender os estudantes, Liam andou pela ala infantil. As mesinhas e cadeiras com lápis e canetinhas para as crianças se deleitarem com a visita, estavam todas organizadas.

Com a exceção de uma.

Nela, uma menina de um pouco mais de quatro anos, estava sentada. Seus cabelos loiros presos em um coque e ela usava um par de óculos de grau. Usava vestidinho de verão com um casaquinho de flores.

Ela cantarolava algo e então, Liam se aproximou dela.

— Olá  — Ele sorriu — Está perdida?

A menina ergueu os olhos da folha que desenhava.

— Estou esperando minha vó. Ela está comprando livros.

— Ah claro. Você gosta de ler?

— Eu ainda não sei ler muito bem. Mas eu gosto de desenhar.

— Gosta?

— Sim. 

— E o que tanto desenha?

— Minha mãe e o meu anjo. Meu anjo de guarda.

— É mesmo? E cadê a sua mãe?

— Ela morreu quando eu era um bebê. 

— Ah... 

— Não conheci ela. Não me lembro dela, mas eu desenho ela.

— E muito bem. Mas quem é seu anjo de guarda?

A menina sorriu e se sentou.

— Minha avó disse que ele cuidou de mim quando eu nasci também. Ele era alto e tinha um sorriso bonito, como ela disse. E ele foi embora, porque eu não podia ficar com ele. 

— E porque ele não podia?

— Eu não sei. Mas ele tá comigo, só não sei como.

Liam se ajoelhou.

— Ás vezes, ele está com você, nos seus sonhos. 

A menina ficou um pouco triste.

— Eu só queria falar pra ele que eu lembro dele. Eu lembro dele e a vovó disse que ele sempre se lembrar de mim também.

Letters&Love (AU!Ziam)Onde histórias criam vida. Descubra agora