Capítulo 1

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A favela toda estava em silêncio, dia de operação policial costumava ser assim mesmo. Os soldados fardados entravam de bicho na comunidade, sempre leiloando a cabeça do chefe. Dispostos a pagar sempre mais e mais.

- QUEM TROUXER A CABEÇA DO DREW, SERÁ O CHEFE DO BATALHÃO. GOVERNADOR MANDOU AVISAR! (Russão gritava para os rapazes de 20 anos, com seus fuzis atravessados no corpo).

Entrar na favela onde o Drew é chefe, é pedir pra tomar bala e ir pro saco preto. Por isso mandavam os mais novos, faziam os soldadinhos, recém instruídos, de escudo.
Andrew Bieber com seus 25 anos, havia construído um império de grande porte. Começou como um assaltante de bancos com seus amigos, que são seus olhos dentro e fora da favela. Hoje controla o tráfico de drogas, prostibulos e as boates. Quase a favela toda trabalha pra ele, mesmo levando a vida toda errada que leva, era tratado com um anjo na comunidade. Aquele famoso lobo em pele de cordeiro.

Com 10 minutos com a polícia dentro da favela, as sirenes começaram a tocar. Sistema de segurança para avisar aos moradores, e não ficarem de bobeira, porque bala perdida nunca tem dono. Drew tava na boate no topo do morro quando os rapazes avisaram a ele que o batalhão estava mais uma vez no complexo de bicho querendo a sua cabeça. Só que não tem como ser pego na sua quebrada, era como se perder em sua própria casa. Tiros já podiam ser ouvidos da boate, e os soldados do Drew estavam tudo na rua pra trocar tiro.

- CARALHO DREW, OS CANAS ESTÃO BOTANDO A FAVELA DE CABEÇA PRA BAIXO! (Ryan disse, entrando no escritório da boate).

- Estão entrando em casa de morador...(Chaz quase gritava aflito).

- Vou ter que por a cara nessa porra mesmo? Quem tá comandando essa merda? (Drew)

- Plantão de Russão, parceiro. Tá ligado que aquele cara só vai sossegar quando te por no saco, né? (Ryan falava tudo atropelado).

- Caralho, Ryan! Vou pro saco porra nenhuma não! Pago muito bem esses filhos da puta pra fazerem minha segurança...vacilando quem vai parar na vala são eles.

- É a sua cabeça que tá sendo leiloada a prêmio lá fora, não a deles, Andrew!

- Tomar no cu, Chaz! Quem vai levar bala se não calar a boca nessa porra é você! (Drew sacou a arma e Chaz abriu os olhos, apesar de tá nessa vida a anos, ainda morre de medo de levar bala).

Era só rajada e mais rajada de tiro, se aquilo continuasse, Andrew ia se juntar com seus soldados e intervir, acabando com todo o circo que Russão estava armando no morro. Só que os policiais, não sabiam quem o Drew era de verdade. Mesmo estando no ramo a um tempo, nunca teve seu rosto estampado no jornal ou em primeira mão no noticiário nacional. Então só conheciam a sua história, e queriam acabar com seu império. Só que a favela toda comia na sua mão, e nunca se deve cuspir no prato que você come e repete, aquele morro era dele. Como ele sempre gritava "Eu sou o PATRÃO, porra!"

Os rapaz não deixaram Andrew sair da boate, de longe ali era o local mais seguro para ambos. Era de difícil acesso e sem contar que era como uma cama de gatos, qualquer um se perdia fácil ali dentro. Mas seria só o Noah aparecer que o chefe iria ter que descer a favela. Celular do chefe começou a tocar, era o Bruninha, gerente daquela boate.

- Salve, Brunet!/Sim, claro!/Manda ele subir!

Segundo depois Noah adentrou a sala com o fuzil atravessado no corpo e o ombro sangrando.

- Porra, Drew! Olha o que aqueles canas fizeram comigo!

- Não sei porque a surpresa, se vai pra um confronto, tem que por a cara pra levar tiro mesmo.(Andrew não ia muito com a cara do Noah, só o aceitava porque era muito bem treinado e até agora não tinha vacilado com ninguém ali).

- O senhor arrogante esta de volta! (Noah retrucou)

O que Drew mais admirava no Noah, era sua total falta de respeito por ele. O rapaz não tinha medo, mesmo tendo noção do que poderia acontecer com ele, caso o mesmo, perdesse a cabeça por alguns segundos. Mesmo chegando a pouco tempo, queria sentar na janela e desafiava o chefe. Tem que ter muita coragem, mas algumas pessoas gostam de brincar com fogo.

- Chama o Tiron que ele da um jeito nisso aí, vai chamar alguém pra tirar essa bala dai.(Ryan falou)

- Obrigado pela preocupação, sub chefe! (Noah rui irônico olhando pro Drew).

- Esse rapaz tá doido pra ir pra vala!(Drew disse sorrindo de lado) Se liga, parceiro...pode descer a favela?

- Pode sim, os tiras vazaram. Os meninos do Rubinho estão limpando a bagunça feita.

- Deu ordem pros moradores ficarem em casa?

- Até a sirene tocar, ninguém pode transitar na favela.

Tiron entrou no escritório na hora em que o Noah falava, e não poderia perder a chance de zoar o engomandinho universitário. Sim, o Noah tem faculdade de direito, mesmo sendo uma coisa boa para os negócios, os moleques não perdoam uma bola a fora.

- Transitar? Caralho, mano! Fala que nem homem, cadê as gírias de morro? Perde a pose de filhinho da mamãe!(Os rapazes começaram a rir).

- A conversa tá Boa, mas eu tenho que cuidar da favela. Esses merdas do governo já fizeram muita bagunça e eu tenho que resolver essa porra.

Drew desceu as escadas até o andar de baixo, Bruna e as garotas que trabalhavam na boate ensaiavam as danças com um som alto.

- Salve, gostosas! (Drew as comprimentou com um sorriso safado e deu um tapa na bunda da Bruninha).

- Fala, chefe! (As meninas falaram juntas).

Depois das drogas, as boates eram o que mais rendia em dinheiro e status pro Andrew. Em dia de baile, todas lotavam e davam o que falar. Muita gente de fora vinha admirar e usufruir da recepção que as meninas proporcionavam. Ali sexo é lei e o perigo constante. Quem não quer viver em um lugar assim?

Dono do morro, PORRAOnde histórias criam vida. Descubra agora