Cara, sabe quando bate aquele desespero e você só quer chorar? É o que eu estou sentindo nesse exato momento olhando a Amy tão concentrada no celular.
Se alguém olhar para ela, vai com certeza achar exagerado o modo que eu a defino. Tenho que admitir que a sua carinha bonitinha e sua voz fininha faz com que ela aparenta ser um doce de menina. Eu achei isso no começo também.
Depois de algum tempo eu percebi que se fosse nomear alguém para ser o sentimento raiva, eu escolheria a Amy sem menos pensar. Raiva é tipo o seu segundo nome.
Porém, mesmo com todos os nossos conflitos, eu nunca pensei em roubar ela. Cara, ela é irmã do meu melhor amigo.
Corre um enorme risco dele e dela me dar uma surra. E eu sinceramente não quero apanhar dos dois. Eles são tipos os irmãos quebra tudo.
E eu estou desesperado porque a Amy é muito desconfiada, e tenho certeza que ela vai estranhar assim que eu parecer ao lado dela. Eu estou parecendo um espião, qualquer pessoa acharia estranho encontrar alguém assim.
Mas isso é necessário para meu rostinho bonito continuar intacto.
Encosto a cabeça na árvore e suspiro.
Eu estou tão ferrado que se existisse um reino de gente ferrada eu seria o rei.
O que eu vou roubar? O celular não dá, porque eu sou burro o suficiente para deixar a polícia rastrear o celular. Talvez o fone de ouvido. Além disso, ele está pendurado na bolsa ao lado do pé dela no chão.
Talvez a sorte esteja ao meu favor, pois um cachorrinho acabou de parar ao lado dela e conhecendo a Amy sei que ela vai abaixar agora mesmo para brincar com o vira-lata e vai simplesmente esquecer o mundo.
Bingo.
Valeu cachorrinho.
Atravessei a rua calmamente para não chamar a atenção dela e disfarçadamente puxei o fone da bolsa dela.
- Você é tão bonitinho.. - Escutei Amy falar e travei totalmente.
Engoli seco e virei para trás.
- O que? - Ela levantou os olhos para mim e franziu as sobrancelhas.
Rolei os olhos para a minha burrice e sai correndo sem nem olhar para trás. Só parei quando cheguei na esquina da minha casa.
Meus pulmões devem estar puto comigo agora.
Olho para o fone embolado na minha mão e bufo.
Nunca mais pego ninguém.