Capítulo II - Sentimental

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"Leonardo"

Me levantei abruptamente da cama.

— Diga, Beatriz — Tentei manter neutralidade em meu tom.

— Leonardo, eu quero te pedir desculpas por hoje mais cedo — sua voz era fraca. — Acho que você merecesse explicações.

Comecei a andar impacientemente em círculos pelo meu quarto. Se ela pudesse ver meu rosto, com toda certeza, tentaria me acalmar.

— Beatriz... — Uma pequena pausa seguida de um suspiro. — Não sei por onde começar. Você me pegou de surpresa duas vezes, hoje.

— Eu conheço você, poderia ter me ligado, mas esperou que eu fizesse. — Beatriz acusou.

— Não! Eu... Eu... fui interrompido antes que pudesse pensar em uma resposta.

— Eu te conheço melhor do que ninguém — Ela reforçava.

— Beatriz... Por que ligou? — Revidei em um reclamo.

— Eu já te disse, Leonardo. Liguei pra te pedir desculpas — suas palavras misturavam sarcasmo e sinceridade. — Não sou tão orgulhosa como você imagina que eu seja – Beatriz sabia bem o que dizer. — Quero que sejamos amigos, como sempre fomos e...

— Bia... — Assim a chamava para demonstrar intimidade. — O que eu fiz de errado?

— Leonardo, por que você é assim? — Beatriz reafirmou com sua pergunta o seu descontentamento.

Sentei-me na ponta da minha cama, cessando meus movimentos circulares. Os rodeios que Beatriz em suas falas, me deixavam impacientes.

— O que eu fiz de errado? — Perguntei novamente inclinando meu pescoço para trás.

— Nada... Você não fez nada de errado — Sua voz era lenta e manhosa.

— Então qual o motivo?

— Leo, você é um garoto incrível. Fui até onde dava com essa relação, mas nós dois estávamos distantes demais. — Sua fala era arrastada, ela fazia longas pausas entre cada frase. — Tenho certeza que vamos continuar sendo amigos.

Apenas o silêncio. Inúmeros pensamentos permeavam minha cabeça. Algumas lembranças dos dois anos juntos me faziam querer chorar, ali mesmo. Beatriz tinha esse problema, agia como se tudo fosse simples de ser resolvido.

— Você está aí? — Perguntou.

Nesse momento, eu quis dizer a ela o quanto eu a amava. Quis dizer a ela o quanto era importante para mim, mas isso demonstraria o quão fraco eu era. Talvez, no fim das contas, Alice estivesse certa.

— Estou sim – meu tom era quase inaudível.

Uma nova pausa foi feita entre nossa conversa.

— Durma bem, Leo. Tchau! – Despediu-se.

A ligação foi encerrada por mim. Joguei meu celular no criado mudo e deitei em minha cama com os braços estendidos. Comecei a fitar o teto enquanto refletia sobre algumas coisas.

Em meu rosto, se fazia presentes seriedade, agonia e paz. Sentimentos desconexos, porém, igualmente intensos. Como poderia imaginar que algum dia choraria por uma garota? Se o meu eu do passado me encontrasse, hoje, ficaria surpreso. Beatriz despertava um sentimento diferente em mim, é como se ela me entendesse de verdade. Provavelmente, foi a única que me fez não querer apenas uma ficada. Me arrisco a dizer que Beatriz foi a única que garota que eu realmente...

— Mas que porra! — Esbravejei interrompendo meus próprios pensamentos. Coloquei a mãos abertas sobre meu rosto. As pontas de meus dedos percorriam a extensão de minhas pálpebras. Sentei no colchão ponderando por alguns segundos. Decidi tomar um banho.

Céu Nada VioletaOnde histórias criam vida. Descubra agora