A queda de Duma

Pecadores

Até agora ainda estou pensando nos acontecimentos da noite passada, boa parte de mim acha que estou louca e a outra parte acredita que foi real, pensar nisso me fez atrasar para o trabalho, arranjei um emprego como garçonete no café da esquina, ‘’que ótimo! Atrasada no primeiro dia, só podia ser eu’’, corri até o café e lá percebi que meu relógio que estava adiantado, pelo menos isso... Dei o meu melhor no trabalho e isso me fez esquecer um pouco a noite passada, Seu rosto era oque mais vinha á minha mente, eu estou totalmente apaixonada por ele, mesmo ele sendo só um sonho, eu acho, mas droga! Foi tão real... O cheiro dele, a maciez de suas asas, seu rosto lindo e o brilho em seus olhos... Tão lindo, será que é mesmo real? Ainda estava pensando nisso ao me banhar para o primeiro dia na faculdade, ‘’como é possível que seja um anjo?’’.
 
-Ai! (me esbarrei em alguém) Desculpa.
-tudo bem (era uma menina de estatura física baixa, cabelos curtos, muito fofa).
Não dei muita atenção para o ocorrido, pensar em ontem fez eu me atrasar para a primeira aula, agora sim eu estava atrasada, entrei sem fazer silêncio e me sentei em uma cadeira perto da janela, não consegui prestar atenção em mais nada e isto já estava começando a me irritar, eu só estava pensando nele sem ao menos saber se é somente coisa da minha cabeça, ou não. Ao fim das aulas eu acabei percebendo que vivi este dia no modo automático, que primeira impressão eu devo ter passado? Entrei em casa e resolvi ligar para a minha mãe.
-Oi Filha! Pensei que não iria ligar. Como foi o primeiro dia na faculdade? Já desempacotou tudo por ai?
-Oi mãe, já desempacotei tudo, e está tudo em seu devido lugar, meu primeiro dia não foi como eu pensei que seria, pois hoje estou meio aérea...
-deve ser cansaço, eu tenho que marcar um dia para te visitar aí.
-Esta semana não mãe, por favor, eu sinto sua falta, mas eu preciso de um pouco de tempo só para mim (falei pegando uma xícara) vamos marcar (coloquei-a na cafeteira), mas não esta semana, por favor.
-Nossa! Quanto ‘’por favor’’, é assim mesmo, os filhos crescem e nos esquecem.
-Mãe a senhora sabe que não é isso, larga de Drama.
-hm...
-Mãe eu te amo.
-eu também te amo, mas tenho que desligar, estou cambaleando de sono.
-Boa noite mãe.
-Boa noite meu anjo, até amanhã.
E então desligou... ‘’meu anjo’’, Anjo... Tudo me faz lembrar você... Bebi o café e fui assistir, mas pensar nele era inevitável, será que ele já estava esperando eu adormecer? Tomei banho, vesti um baby doll, apaguei as luzes e deitei. Virei por longos minutos na cama, o café foi uma péssima ideia, me sentindo idiota, mas encorajada por estar sozinha falei:
-Anjo, se você estiver aí... Faz-me ir ao seu encontro.
Não demorou nem meio segundo após terminar esta frase e eu senti minhas pálpebras pesarem, então não tive mais dúvidas o meu anjo é real. Estou em um campo, a grama é do verde mais lindo que já vi, voando até mim veio ele, eu sabia que ele era lindo, mas cada vez mais em que eu o admirava, ele parecia mais lindo, fiquei zonza, acabei de perceber que parei de respirar, ele pousou em minha frente e me segurou sentando-me na grama antes que eu caísse sentir seu corpo ao meu fez meu estômago embrulhar como se eu fosse vomitar, era bom e desconfortante, mas não muito, seu cheiro me trouxe á realidade, então ouvi sua voz melodiosa.
-Você está bem?
-Agora sim (ele me soltou e eu quase protestei, mas relaxei quando sentou ao meu lado).
-Pensou muito em mim hoje... Isso me preocupa (ele disse fitando o horizonte) os arcanjos me disseram para eu apagar sua memória sobre mim.
-NÃO! (meus olhos lacrimejaram só com a menção deste fato)
-Calma, eu estou errado, mas sinto algo estranho por você.
-estranho? (pela primeira vez me senti extremamente desconfortável em sua presença, desviei os olhos para as minhas mãos juntas no meu colo) estranho bom ou ruim? (perguntei, mas temi a resposta, agora eu caí na real, que anjo em toda sua divindade se apaixonaria por uma simples humana como eu? No céu deve ter anjas tão lindas quanto).
-é um estranho bom para mim e ruim ao mesmo tempo, estou violando as regras que a mim foram instruídas por Deus, para poder conhecer você melhor, eu acho que estou apaixonado por você, e isto é um erro.
-Desde quando?
-Oque?
-Desde quando está apaixonado por mim?
-Desde o dia em que te vi nua, até então eu te via como minha protegida, nada mais, mas quando te vi nua te enxerguei como mulher, isto é pecado também, percebe o quanto isto é errado? Nem consigo contar quantos pecados já cometi, e sei que Deus sabe de todos eles, acredito que ele espera que eu me redima.
-E você fará? (perguntei mais uma vez com medo da resposta, ele se deitou na grama).
-Tão errado... (ele estava pensativo, e isto era extremamente lindo, encostei minha mão na sua e um frio me fez arrepiar até o ultimo fio de cabelo, fui invadida por uma sensação boa, e então ele me surpreendeu, me puxando para deitar ao seu lado, com a cabeça em seu peito) Esqueci-me de desejar, feliz aniversário atrasado.
Então ele me fez cafuné e eu percebi que queria morar ali para sempre, nos braços dele, de repente seu toque ficou quente, porém a sensação boa não passou.
-O frio pode te incomodar um pouco.
-Obrigada... Sabe, acabei de perceber que você não me respondeu a ultima pergunta que lhe fiz ontem, qual o seu nome?
-Me chamo Duma.
-Duma...
-Oque foi?
-Nada, acabei de perceber que me apaixonei por você sem ao menos saber seu nome (ri ao expor os fatos).
-Bem, já está amanhecendo, você precisa acordar e eu preciso encarar minha bronca no céu...
-Espera, eu não quero o seu mal, mas eu te quero.
-E eu sei disso, mas nem sempre o que queremos é certo. Tenho certeza que estou me metendo em encrenca.
-Duma... (ele me interrompeu)
- Não sei se voltarei (ele segurou suavemente meu rosto entre suas mãos enormes, mas delicadas) então eu acho que mereço uma ultima lembrança boa.
Então ele se aproximou lentamente, seu cheiro embriagando-me, não sei distinguir o quão doce ele cheira, só sei que eu quero o que ele está prestes a fazer, aproximei-me dele e então logo estávamos tão próximos que eu podia sentir suas lufadas de ar adocicado em meu rosto, eu poderia sentir aquele cheiro para sempre e viver somente daquilo, deslizei minha mão pelo seu rosto até os seus cabelos e então selamos nossos lábios, em um beijo suave, seu gosto não era muito diferente do cheiro, doce, ele era totalmente doce e isto me fez querer nunca soltá-lo, logo o beijo se intensificou, eu sentia fome de seus lábios, o seu gosto era perfeito, dos céus, o pecado tem um ótimo gosto, acariciei seu rosto, nos afastamos pois estávamos sem ar, quase por dois segundos, pois voltamos a nos beijar da mesma forma que antes, eu estava curtindo cada segundo, quando ele tornou o beijo lento e nos desconectamos com um estalo audível.
-Céus, isto é muito bom!
-Sim e por que paramos? Vamos continuar, eu posso viver aqui (então ele riu, este agora era meu som favorito) oque foi?
-Acabei de selar meu pecado, infelizmente eu preciso ir. (então ele me deu um selinho) tentarei voltar. (ele se levantou e abriu as asas, eu me sentei na grama)
-Tome cuidado, eu te amo, se você não vier eu não sei se suportarei.
-Tentarei com todas as forças. Não  é possível que Deus me negue este amor.
-Boa sorte Duma.
E então ele se foi e eu acordei em minha cama, seu gosto ainda em minha boca, virei e encarei o teto ainda sentindo seus lábios nos meus.
-Deus, permita que ele seja meu, e se não tiver que ser não o faça nenhum mal. Por favor.
Pensar em nunca mais ver o Duma depois do nosso beijo e da nossa declaração me entristeceu, chorei enquanto me arrumava para mais um dia de trabalho. Mas decidi preencher meu dia com pensamentos bons, eu queria que ele voltasse e não colocaria negatividade nisso.