Mergulhar

Submergir

Eu sempre tive medo de mergulhar em você, Haru. Para mim você sempre foi aquela porcentagem do mar que era desconhecida, aquele mar que se movia e modificava acompanhando a maré, por mais calmo que fosse.

Você me causava medo, um medo que me deixava agitado, fascinado, curioso.

Eu sou humano, afinal. Tenho medo de tudo que aparenta ser desconhecido, tenho medo de submergir em você.

Mas sabe, Haru....

Eu percebi que ficar no raso me machucava, me deixava insatisfeito e inquieto. As minhas atitudes começavam a me irritar eu não aguentava mais ser racional!

Então, quando menos esperei, me joguei de cabeça em suas águas, nadei por suas ondas e me afundei em seu interior até me perder totalmente.

Deixei com que você me tomasse por inteiro, me conhecesse sem rodeios, mergulhasse em mim assim como eu fiz com você.

E quando menos esperei, nós dois éramos o mar um do outro. Tão densos e únicos, que não se misturavam.

Dois mares inteiros com suas próprias atitudes, manias, objetivos...

Meu sonho era me tornar um só com você, meu sonho era que um dia o seu mar fosse o meu mar também.

Era necessário que agora nós dois mergulhássemos juntos, ao mesmo tempo, em sincronia e eu não pensei nas consequências ao ver tanto amor em seu olhar.

Sei que você também não pensou.

E fomos cada vez mais fundo, alguns momentos devagar, outros momentos rápido. Nos misturamos diversas vezes e não era mais possível saber onde você começava e eu terminava.

Agora, nós éramos um só, mesmo ainda sendo individualidades tão diferentes.

Penso que se eu tivesse ficado no raso, não poderia sentir nem metade do que senti ao estar no fundo e teria me afogado sem ao menos tentar. Eu não teria conseguido ser um só com você.

E agora percebo, que desde que seja em meio as nossas ondas, não há nada nesse mundo que faça eu me arrepender.