Capítulo 5 - Nicole

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Havia ficado sem reação. Meu cérebro deu pane total. Simples assim. A aproximação de Waverly me deixou completamente fora de órbita. Ver seu rosto tão de perto do meu, aquela boquinha tão próxima, seus olhos nos meus. Pude notar sua pintinha no canto da bochecha, o que fez com que eu tivesse que me conter para não passar meus dedos ali e ao sentir seus dedos entre os meus cabelos me arrepiei mais do que se eu estivesse entrado em contato com um vento gelado. Meu Deus o que essa menina tá fazendo comigo? Eu mal a conheço, isso é loucura!

— Nicole? — Ela me chama de volta —  Você está bem?

Bem? Como ficar bem tendo um precipício por um anjo hetero que namora um babaca? Mas respondo que estou bem — ao menos é o que meu ruído pareceu — e faço a única coisa sensata que passa entre a minha fantasia de beijar aquela garota: sair dali arrastando Wynonna.

— Ei, ei, mais devagar Forasteira. — Ela reclama e para de me acompanhar empacando nosso trajeto. — O que é que deu em você?

— Nada. — Respondi rapidamente a puxando para que ela voltasse a andar — Só quero chegar na sala logo.—  minto. Para a minha sorte e alívio, Wynonna volta a me acompanhar sem discutir.

Ao entramos na nossa sala, sigo Wynonna até duas cadeiras de uma mesma fila no fundo. Ao lado de Wynonna e atrás de mim estava sentado um garoto que parecia ter saído dos anos 70. Ele tinha o cabelo castanho escuro  grande com um corte nada moderno, possuía um bigode com o cavanhaque fino e costeletas que chamaram a minha atenção, mas não mais que suas roupas hippster. Ele usava um macacão jeans, uma camisa tie-dye colorida e nos seus pés botas de trilha.

— Doc? — Diz Wynonna surpresa ao vê-lo. — Pensei que você tinha reprovado por falta outra vez!

Ele abre um sorriso preguiçoso e pega na mão de Wynonna dando-lhe um beijo.

— Sabe como é, meu peito não aguentou de tanta saudade de você. — Ele diz com uma voz sedutora colocando a mão de Wynonna que beijou em seu peito.

— Doc, seu maconheiro chavequeiro! - Ela diz dando uma risada e puxa sua mão para bater nele. — Quando é que você vai tomar jeito?

— Quando eu encontrar alguém melhor que você para cuidar deste coração calejado. — Rebate ele apoiando o queixo na mão fechada em punhos e lança uma piscadela para mim. — E quem é esta preciosidade ruiva que iluminou o meu dia? — Pergunta dessa vez para mim.

Olho confusa de Wynonna para ele sem saber o que responder. Afinal ele estava realmente me dando uma cantada depois de flertar com ela ou só estava brincando? Wynonna, que pareceu adivinhar o que estava se passando na minha cabeça, ri da minha cara junto de seu amigo esquisito me fazendo dar um sorriso sem graça.

— Nicole, esse é John Henry Holliday. — Ela empurra a cabeça dele que tomba para o lado ainda sorrindo. — Doc, essa é Nicole, uma alma perdida em Purgatory. — Wynonna aponta para mim.

— Me chame de Doc, colecionador de fichas de fliperama e corações... — Ele diz fazendo um cumprimento como se estivesse segurando na aba de um boné. — Droga de diretora e suas regras idiotas. — Doc resmunga fazendo uma careta engraçada.

— Deixa eu adivinhar, você também costuma usar boné, mas a diretora proibiu aqui? — Pergunto rodando o meu boné no dedo.

— Mocreia desgraçada. — Ele concorda e faz figa com a mão me tirando uma risada.

— Agora é sério Doc, porque sumiu? — Wynonna pergunta baixinho.

— Minha mãe ficou doente de novo... — Ele diz cabisbaixo, porem logo seu sorriso preguiçoso volta. — Mas ela já está melhor e pediu pra eu te mandar um beijo.

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