Fusão

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 Crys:


Eu passo horas analisando os estudos dela, tudo faz sentido, tudo se justifica, tudo leva ao mesmo resultado, precisamos ser unidade, ela menciona ''matéria exótica'' e fala que nós não evoluímos o suficiente para vê-la, manipular e controlar. 


O universo está usando a gente para se salvar. É Andrômeda, eu decidi estudar, me rendi a suas mudanças, pois, viver como eu vivia se tornou impossível e torturante. Eu estudo muito agora e vou cursar Física, quero explorar suas teorias. Você diz ser possível visualizar a quarta dimensão, se intriga nas anotações, pois, não sabe manipular isso ainda. Os livros que peguei algumas partes você deixou em branco.


Sabe, liguei para Jenny um dia. Foi um dia qualquer, ela atendeu esperançosa e logo perguntou como eu estava. Eu perguntei como ela estava de relance e nenhum de nós respondeu. Parece que esse jogo mental vai durar a vida toda.

Jenny me falou do tratamento dela e das terapias, falou como esta melhorando, falou sobre você e como ela tenta te perdoar, como ela te amou e ainda te ama. Eu ouvia, serrando os lábios. O que você fez com a Jenny me dá nó no estomago. Comecei a falar que eu ia estudar e mudar de ramo, pretendia aprofundar suas teorias e me convencer delas, falei abertamente que tudo para mim agora era focado para buscar conhecimento, pedi para Jenny trazer mais dos seus livros e anotações para mim.


Jenny mudou a voz e perguntou ''agora ela mudou você também?''.

 Disse a Jenny que sim, ''ela me mudou dos pés a cabeça''.

O silêncio cortou nossas linguás, então Jenny disse que ia trazer os livros e logo desligou.


Entendo que fui tolo, que desperdicei minha vida sendo um conformista e nunca busquei entender os outros, lembro de casuar de coisas que hoje nem mesmo fazem sentido para mim. Fui cego por muito tempo. Levava Andrômeda para sair com meus amigos e não percebia que ela odiava eles, pois, eram ignorantes, burros e só sabiam falar de alguém ou se gabar sobre algo sem relevância. Fútil, eu vivia nessa linha. Eu sorria para os belos sapatos e ternos caros.


Andrômeda grudou cruelmente em nós, mostrou o terror que tudo seria, para mim ela agora é como uma bruxa má. Eu ainda amo essa bruxa má. Ela me tirou de um lugar onde eu nunca sairia sozinho, ela foi dura, mas assim eu vi minha vida, ela não vale de nada. Roupas, sorrisos brancos, carros, dinheiro, não vale de nada.

Se acomodar com tanta coisa é triste e a ignorância é uma dadiva, agora sei. ''Viver sem saber por quem morrer, mas viver para morrer e viver para não morrer em vão''. Ela me trouxe aqui, nessa charada que a mesma anotou no caderno.

Eu vivo triste, sei bem que meu olhar agora é triste.

Vi meus ''amigos'' se afastando, diziam que eu já não era mais o mesmo, na rua olhares de dó, em casa, olhares frustrados. Eu comi tudo sobre o que disse, eu vou sentir, só é difícil para um ser como eu aprender a evoluir sozinho, não sei onde colocar tanta tristeza. Onde eu coloco tudo isso Andrômeda?


Você devia estar aqui, para me ensinar.  

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⏰ Última atualização: May 02, 2019 ⏰

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