2.Beija eu?

353 26 9
                                    


Olivia

Eu nunca fora alguém que acordava tarde e não iria começar agora que estava enrolada numa vida que não era a minha. Por isso as sete em ponto, eu já estava arrumada dentro da primeira camiseta regata branca e calça jeans que achei na mala.

Porque nem a pau usaria uma daquelas roupas de fresca daquela megera.

— Eu sei que deve haver algo. — sussurrei ao abrir a gaveta do criado mudo e dentro dela encontrei um Ipad.

E fui rápida em descobrir a senha para desbloqueá-lo, pois a narcisista usara o próprio nome.

— O que temos aqui? Mas o que...

Era uma agenda de programações de sua semana fútil que incluía seus horários de academia, massagista e salão de beleza. E em alguns horários diferenciados existiam as abreviações de nomes ao lado de estrelinhas, mas era difícil saber o que eles representavam.

'' Quarta feira: Arranjar uma desculpa para não acompanhar o Julian a reunião da velha guarda de jogadores enfadonhos, pois não há glamour nisso. '' — dizia a anotação virtual dela em fazer pouco caso de algo que deveria significar muito para os envolvidos.

— No que será que o meu cunhadão trabalha? — tagarelei deixando a inspeção de lado para fuçar o Google com o nome de Julian Draxler.

E com aquela zapeada acabei fazendo o aparelho cair no tapete devido a minha descoberta de que ele era um ex jogador famoso que sofrera uma lesão no joelho e acabara vindo a se tornar o presidente do clube Bayern de Munique com um curto salto no tempo.

'' Minha nossa! Ele além de virginiano é mais podre de rico do que imaginei que pudesse ser. '' — pensei atrapalhada ao resgatar o aparelho do chão e o devolvi a gaveta.

Eu precisava saber mais sobre o meio em que Alicia vivia ou acabaria sendo descoberta e o meu plano de ação iria pelo ralo. Por isso a fala da própria sobre eu procurar a tal da Cathy fazia sentido.

— Depois verei isso. — sussurrei calçando meus chinelos e saí do quarto para ir cuidar do café da manhã antes que Julianne acordasse.

E uma vez na cozinha ainda vazia, eu repassei o que teria de falar ao homem quando nos esbarrássemos enquanto preparara uma porção generosa de ovos mexidos com queijo e cogumelos.

— A senhora sempre prefere acordar cedo e cuidar do café da manhã ao seu modo. — um comentário ameno soou atrás de mim e me virei para ver Maria me encarando.

— Bom dia. Cuidar disso me deixa relaxada e...

— É bom saber que a atividade a ajuda, mas para mim é estranho que seja a primeira vez em quatro anos que a vejo descer e fazer isso ou algo como o comportamento de ontem. — lançou na minha cara que estivera me testando e fiquei tensa.

— Maria, eu só estou um pouco...

— Nós duas sabemos que você não é aquela vagabunda. Não fala como ela e parece perdida nas questões da casa e tratou a Julianne como uma mãe o faria com uma filha amada. — dissecou a verdade e cruzou os braços me olhando julgadora.

— Ok. A Alicia é oito minutos mais nova do que eu. Não a via há quatro anos e como estou para receber um prêmio por uma fotografia tirada para a revista na qual trabalho no Brasil, eu achei uma brecha para vir visitá-la e acabei descobrindo que tenho uma sobrinha e que a minha irmã é uma vadia que fugiu de casa e me largou aqui para se fazer passar por ela. — falei de uma vez e a mulher arregalou seus olhos azuis.

— Acho que preciso me sentar e de um trago de conhaque. — disse ao transitar até um dos armários e se serviu de uma taça.

'' Agora só falta ela chamar a polícia. '' — ainda estava incerta se deveria sair correndo ou implorar por seu silêncio.

O Erro de  OliviaOnde histórias criam vida. Descubra agora