IMPORTANTE

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Esse capitúlo contém um desabafo, pule para o próximo para continuar vendo Quotes.

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Eu sei que nunca posto nada sobre mim ou sobre a minha vida pessoal aqui e o intuito do livro não é esse. Porém, alguns dias atrás, me deparei com algo que muitos aqui vão se identificar também. Eu estava andando pela escola na hora do recreio quando me deparo com o seguinte cartaz;

 Eu estava andando pela escola na hora do recreio quando me deparo com o seguinte cartaz;

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(Perdão pela foto ruim '-')

Eu juro que li esse cartaz e comecei a repensar toda a minha pobre existência neste planeta.

Acho que muitos aqui já ouviram a frase "fulaninho é uma criança muito complicada". O que acontece é que, talvez muitos de vocês, assim como eu, foram quando criança esse "fulaninho." Uma criança muito dificil de lidar, teimosa, desobediente, bicuda ou qualquer outro adjetivo que pudessem te dar pra mostrar que você estava errado.
Parece que tentavam impor que você tinha que ser uma criança calma, educada, silenciosa e amorosa, mas não muito também. Com cinco anos de idade você tem aprender a ser calma e educada, mas tem que saber se defender, tem que ser silenciosa, mas também tem que saber conversar com as pessoas para mostrar que você é educada, tem que ser amorosa, mas não tanto, só quando a sua mãe estiver te filmando ou querendo fazer um selfie talvez, caso contrário, você acaba sendo uma criança muito grudenta ou sentimental.
Eu juro que não entendo essa lógica que os adultos tem de achar que uma criança que recém começou a conviver em sociedade ( Sociedade que foi imposta a ela) tenha que saber o que fazer ou não, tenha que saber lidar com emoções que nem mesmo os adultos conseguem lidar, eu juro, não entendo.
Eu sempre fui muito teimosa, (Pelo menos era assim que a minha mãe me chamava) eu sempre queria saber o porquê das coisas, como elas funcionavam, e hoje eu vejo que na verdade eu nunca fui "teimosa", eu só era curiosa. Eu gostava de descobrir as coisas, de mexer em tudo, sempre que eu ficava sozinha eu movia os móveis de lugar, mexia nos armários, revirava as gavetas. Eu também sempre fui muito sozinha, e isso de alguma forma sempre incomodou a minha mãe. Eu nunca tive irmãos nem primos muito próximos, eu não gostava muito de ter amigos na escola nem de brincar com outras pessoas, por causa disso eu acabei sempre convivendo com adultos, ou melhor, sozinha.
Isso foi muito ruim pra mim também porque eu acabei deixando de lado uma grande parte da minha infância. Agora que eu cresci eu consigo entender o trauma que você pode criar em uma pessoa com as coisas que você diz pra ela enquanto ela é criança. Agora eu vejo que cresci achando que eu era alguém ruim, alguém teimoso, que ninguém iria querer por perto. Talvez se os adultos que me criaram não tivessem me rotulado tanto, eu não teria medo de ter amigos, eu não teria tantos problemas em me relacionar com as pessoas, nem de achar que tenho sorte por alguém querer ser meu amigo.

Uma coisa que nunca saiu da minha cabeça foi quando eu e minha mãe fomos buscar minhas notas de final de ano no colégio, eu era bem pequena, deveria estar no segundo ou terceiro ano. Depois que a professora entregou as minhas notas (Que eram boas por sinal) ela se despediu e desejou boas ferias, eu lembro que estava muito feliz até a minha mãe fazer o seguinte comentário; "Nem me fala, não sei o fazer com ela esses três messes em casa". Eu fiquei tão triste depois de ouvir isso, talvez a minha mãe não tivesse ideia do que essa frase significou pra mim mas, foi como se um caminhão tivesse me atropelado e depois dado ré. Eu passei o ano todo fazendo todos os dias a mesma coisa, (que eu odiava por sinal) esperando o dia que as tão deliciosas férias chegassem que eu pudesse ficar em casa vendo desenho, comendo besteira ou fazendo qualquer outra coisa que uma criança deveria fazer. Talvez passar um tempo com a minha mãe que quase nunca parava em casa, ou esperando pelo menos um parabéns por ter passado de ano, mas tudo que eu recebi foi um "Não sei o que fazer com ela nesses três messes de ferias."
Talvez essa frase não tenha um significado tão grande pra vocês, mas todas as vezes que eu escuto uma mãe dizendo isso meu estomago embrulha todinho.
Mas agora saindo um pouco da minha infância, mês passado eu conheci uma menina, ela se chamava Isabella. Eu fui na casa de uma amiga pra uma social que ia rolar lá e quando cheguei fui direto pra garagem onde ficava o quarto da minha amiga, que tinha mais ou menos umas cinco pessoas dentro. Aquele quarto fedia a cigarro e maconha, sem contar que todo mundo ali já estava bêbado. Quando cheguei cumprimentei todo mundo e percebi que tinha uma criaturinha em baixo da mesa do computador, era a Isabelle. Ela estava contando feijões embaixo da mesa e brincando de fazendinha. Eu perguntei pra minha amiga quem era a menina e ela me disse que era a irmã dela. O que eu entendi da história era que os pais da Isabelle sairam e deixaram ela com a avó (que morava junto com a minha amiga). Me falaram pra não dar muita bola pra ela porque se não ela não iria desgrudar mais e eu, lógico, que fui conversar com ela. Descobri que Isabelle tem 9 anos e que a sua cor favorita é o arco-íris porque nas suas palavras "eu não poderia escolher uma cor e deixar as outras de fora". Quanto mais eu conversava com ela mais eu me apaixonava, eu brinquei de fazendinha, desenhei e até fiz um espetáculo de dança com ela. Descobri que ela quer ser detetive quando crescer, quando eu perguntei porque ela me respondeu, "Minha mãe diz que eu mexo em tudo e que se eu quiser ser mexeriqueira assim eu deveria ser detetive" (Já deu pra notar o quão eu me identifiquei com essa menina). Descobri também que Isabelle é uma artísta nata, que ela tem uma criatividade incrível e sabe dançar muito bem. Depois eu tirei ela da garagem e levei pra sala onde ela ia dormir. Diferente das outras crianças, foi ela quem contou histórias pra mim (Uma ótima contadora de histórias por sinal). O que me surpreendeu foi que todas as histórias tinham um final feliz, por mais louca que a história fosse e foi ai que ela soltou um "Eu gosto de finais felizes, é tipo quando a minha mãe chega em casa e não percebe que eu to lá." Vocês não tem ideia de o que essa frase fez comigo naquele momento. Eu tinha vontade de pegar aquela criança e sair correndo pra bem longe daquele lugar. Despois que ela dormiu eu fui pra casa e dormi abraçada com a minha tia chorando ksksksksksk. Minhas amigas vieram me perguntar o que aconteceu e depois que eu contei, uma delas disse, "Ai só tu pra entra nos drama dessas crianças". Dês de lá eu nunca mais falei com essas meninas.
O exemplo da Isabelle é o que muitas crianças que deveriam ter nada mais nada menos do que preocupações de crianças passam. Eu sei que talvez muitos de vocês tenham as suas histórias e os seus traumas, e que talvez esses traumas afetem a vida de vocês até hoje. Muito provavelmente esses traumas e coisas horríveis que deixaram em vocês foram encobertos por um "Fulaninho é difícil de lidar". Talvez muitos de vocês sofram com isso até hoje. Eu quero lembrar a todos que estão lendo ainda que vocês não se resumem a definições idiotas que seus pais tentaram te colocar, você é muito mais do que uma pessoa difícil de lidar.      

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Ps: A criança da capa sou eu com 10 anos de idade, indo pra escola com capa de chuva. MUITO OBRIGADO por ler até aqui ksksksksks e desculpe qualquer erro ortográfico. ♡


 AESTHETICS&QUOTESOnde histórias criam vida. Descubra agora