Beautiful Death

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Dizem que quando estamos à beira da morte, nossas vidas passam diante de nossos olhos. Nunca acreditei muito nisso, até sentir em minha própria pele. Mas não foi ruim, não foi desesperador, muito pelo contrário.

Foi maravilhoso.

As memórias foram capazes de aliviar a dor. Podia ver meus pais, meus avós, meus melhores amigos, desde a infância até aquele momento, com meus dezessete anos. Até os garotos chatos e insistentes apareceram, assim como minhas paixonites inesquecíveis. Em qualquer momento, aquilo levaria dias para ser contado, mas eram memórias guardadas em minha mente que passavam rapidamente diante de meus olhos, no entanto acontecia de uma forma lenta. O mundo estava parado à minha volta, enquanto as cenas se passavam como em um filme no teto daquela mercearia.

— Você está sexy, Ann — Giulia comentou, balançando seu corpo no ritmo da música alta que tocava em meu quarto.

— Eu sei — abri um sorriso malicioso, olhando-me no grande espelho que havia ali.

Decote grande em V, comprimento que mal tampava minha calcinha fio dental vermelha, preto e de paetês; o vestido caía perfeitamente em meu corpo, realçando os exatos lugares que deveria.

— Está pronta? Não quero perder muito da festa, tenho certeza que será épica — ela disse empolgada, conferindo seu look.

Em questões de vulgaridade, Giulia não estava muito diferente de mim. Seu vestido era vermelho sangue, completamente aberto nas costas, tampando apenas a bunda. O decote ia quase até seu umbigo, sendo um pouco coberto apenas por uma espécie de babado que caía no contorno.

— Prontíssima — respondi, esfregando meus lábios um no outro para espalhar o batom.

Logo saímos de minha casa, entrando em meu carro e seguindo em direção à casa de Luke Lancaster, capitão do time de basquete da escola. O motivo para toda aquela comemoração? Fim do colegial. Era sexta-feira, e aquele havia sido, definitivamente, nossos últimos dias na escola. O objetivo era aproveitar o máximo possível, enquanto ainda não precisávamos nos preocupar em virar adultos.

— Nem acredito que finalmente estamos livres — Giulia gritou, deixando que seu cabelo se esvoaçasse pelo vento que entrava pelas janelas.

— Não por muito tempo, ainda temos faculdade — lembrei.

— Ah, não seja estraga prazeres — ela revirou os olhos, fazendo-me rir. — Vamos aproveitar o tempo que nos resta.

— Eu sei, eu sei — suspirei, relaxando meus ombros enquanto dirigia. — Só quero esquecer a vida nesta festa!

Aumentei o som no último volume, enquanto eu e Giulia cantávamos ainda mais alto, sem nem prestarmos atenção direito no que acontecia ao nosso redor. O mínimo que eu ainda fazia era prestar atenção na estrada, mas mesmo assim eu podia ouvir várias buzinas.

Algumas ruas depois, estávamos em frente à grande casa amarela de dois andares. Já podia enxergar alguns copos descartáveis caídos pelo gramado e pela rua, assim como as várias pessoas andando, rindo e se pegando. A música alta de dentro era capaz de deixar o som do meu carro completamente inaudível.

Aquilo, com certeza, iria terminar com a polícia.

Mas quem se importava?

Eu não.

Giulia e eu saímos do carro, logo atraindo os olhares masculinos para nós, fazendo com que déssemos um sorriso malicioso e começássemos a andar até a casa. Considerando que éramos as mais populares desde o primeiro momento em que colocamos os pés naquela escola, já era de se esperar que fôssemos ser os centros das atenções em qualquer lugar que envolvesse nossos colegas. E, bem, Luke entrava nessa equação.

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