Prólogo

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Era noite fria. A garoa caia desde o fim da tarde, a chuva era fina, porém gelada. Esse clima marcava o começo do outono na grande ilha de Gagarin. Um carro luxuoso seguia sozinho por uma estrada deserta. O caminho era cercado de altos pinheiros, cujas folhas cobriam a maior parte da chuva mas, ainda assim, o asfalto permanecia molhado. A única fonte de luz eram os faróis, solitários, viajando pela floresta densa.

- Quanto tempo até chegarmos? – perguntou o homem no banco de trás.

- Aproximadamente 5 minutos, senhor.

O carro seguiu pela floresta, até que chegou em uma grande clareira. A estrada parecia acabar do nada após uns cem metros adentro.

O veículo continuou avançando na mesma velocidade e quando estava a poucos metros do fim da estrada, parou, ao notar uma discrepância. Havia uma lâmina d'água corrente, a água da chuva parecia estar sendo bloqueada por um grande domo de vidro, porém não havia vidro naquela clareira. Não havia nada.

- Acredito que é aqui senhor.

O motorista ligou o rádio do carro, mudou para um canal aleatório que soava em barulho estático. Passou alguns segundos naquele canal e então, o homem no banco de trás disse:

- Requisitando entrada no setor Oeste. Identificação: Ludwig Godric Maxwell.

Mais alguns segundos na estática e foi respondido:

- Muito bem vindo, Diretor Maxwell. Liberando passagem no setor Oeste.

O carro acelerou novamente, em direção à lâmina d'água até que a atravessou. De repente, uma gigantesca instalação pareceu se materializar, junto com o resto da estrada, antes invisível. Essa uma tecnologia desenvolvida pela empresa de Maxwell, a Laskaux, Inc. O arredomo ao redor da instalação oferecia camuflagem e proteção contra qualquer impacto físico. A única maneira de detectar o campo de força furtivo seria, por exemplo, durante a chuva.

    A instalação era gigantesca, o domo deveria ter um diâmetro de três quilômetros. Baseava-se em um grande prédio de vidro e aço, com mais de vinte andares, localizado bem no centro. De sua cobertura estendia-se uma antena de uns cinco metros, também feita de aço, que emanava uma energia branca-azulada, a qual gerava o campo de força. Ao redor do prédio central, haviam algumas construções menores, em formato retangular, feitas de concreto e vidro. Eram os departamentos de pesquisa da instalação.

    O motorista dirigiu até a torre central, estacionou o carro em frente à entrada central. Do banco de trás saiu um homem alto e esbelto, cabelos grisalhos penteado para trás, olhos azul-esverdeados, profundos e persuasivos. Ele aparentava ter uns 50 anos de idade. Estava usando um terno de veludo negro, impecável, provavelmente um dos mais caros do mercado. Aquele homem tinha uma certa aura que emanava poder e dinheiro.

    Andou em direção à entrada do prédio. Enquanto caminhava em direção do recepcionista , notou vários dos cientistas no salão olhando para ele e cochichando , mas isso não parecia abala-lo, na verdade, parecia dar a ele ainda mais confiança.

    - Boa noite diretor Maxwell. O Dr. Werner está lhe esperando em seu escritório.

    Maxwell não disse nada. Apenas olhou para o recepcionista e assentiu amigavelmente. Prosseguiu em direção ao elevador do térreo. Enquanto esperava a chegada do elevador, olhou novamente para os cientistas.

Não tinha certeza do que comentavam, visto que alguns deles o tratavam com muito prestígio, pois Maxwell financiara bilhões em pesquisas científicas que foram cruciais para o desenvolvimento do Satélite. Outros, no entanto não o viam com tanta autoridade, tanto por não ser um cientista como eles, outros por não concordarem com a ética de suas pesquisas.

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