A Profecia

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- Então você trouxe estes objetos para o mundo físico para que esses "abissais" não pudessem toma-los.

Amélia tomou um gole de seu chá. Ficou olhando fixamente para seu copo enquanto respondia.

- Sim... e é o meu dever protegê-los com a minha vida.

- Poderia pelo menos explicar como eles funcionam? Qual a função deles?

- Na verdade não posso... – a garota falou, de uma maneira defensiva.

- Por que?

Gael entrou na pequena sala em silêncio, juntando-se ao capitão. A celestial estava sentada em uma grande mesa de madeira. Paralela à ela estavam o magistrado e o padre Oscar. Logo atrás deles estava Irmã Martha. Ele e o capitão estavam de pé em um canto, ouvindo a conversa.

- Como eu posso explicar... – Amélia se perguntou enquanto passa o dedo na borda do copo – Eu venho de uma realidade diferente da sua. Podemos chamá-la de realidade astral. É lá onde o que vocês chamam de deuses e seus demônios residem.

Oscar pareceu um pouco insultado com o comentário da garota, mas não se manifestou, pois a celestial tinha muito mais autoridade do que ele. Ela continua:

- Essa é uma realidade que está além da imaginação humana. Não quero parecer que estou menosprezando vocês, mas a um mero relance de nosso universo irá trazer insanidade à mente dos mortais.

- Intrigante... um mundo de deuses e demônios. Você teve contato com o grande Noriamis? – perguntou o magistrado

- É mais complicado do que isso... o seu deus não existe em forma física, e ele tem muitos nomes diferentes... Não posso determinar se o vi ou não.

O padre deu um triste suspiro, mas antes que pudesse dizer alguma coisa, Gael se intrometeu na conversa.

- Mas e os seus itens? Não pode pelo menos descrever como eles funcionam?

O capitão deu uma cotovelada no braço do garoto:

- Não interrompa os seus superiores moleque!

Amélia olha para ele e diz:

- Tudo bem. É que é meio difícil de explicar... sabe como certos idiomas possuem conceitos que não necessariamente existem em outros? É a mesma coisa comigo.

- Pode tentar fazer uma descrição rudimentar de suas funções? – perguntou o magistrado

- Bem... a espada funciona do seguinte jeito: quando um campeão saca a espada sob a vista das estrelas, ela irá ter a força de mil sóis. Ela brilhará forte como todas as estrelas do céu.

- Um pouco enigmático, mas da para entender.

- O que seria um campeão? – Gael perguntou curioso, se aproximando da mesa onde estavam sentados

- Um campeão é um herói. Um mortal que conseguiu elevar sua alma após realizar um grande feito. – ela faz uma pausa para tomar mais um gole. Todos os olhos da sala estavam nela – São Nicolai foi o primeiro a operar um milagre no mundo dos mortais. Ele é um exemplo de um campeão.

- E o livro? – o capitão perguntou

Amélia pareceu incomodada quando mencionou o livro.

- O tomo possui conhecimento profano.– disse com pesar – Verdades sobre o universo que nem mesmo eu poderia compreender.

O padre iria perguntar outra coisa para a garota, mas ela o interrompe antes que pudesse dizer qualquer coisa:

- Eu sei que vocês estão curiosos. Sei que tem muitas perguntas. Mas confiem em mim... quanto menos vocês souberem, mais seguros vocês estão.

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