A curta-metragem "A Consequência" é, na realidade, uma ante estreia de uma minissérie que planeio, futuramente criar.
Fazer curtas-metragens é algo que a mim me faz um pouco de confusão pois, de certa forma, sinto-me quase obrigada a contar uma história à pressa ou a ocultar pormenores que, para mim, enquanto argumentista, considero, não propriamente imprescindíveis, mas quase necessários. Quando escrevo gosto de sentir a liberdade, sentir que não há limites nem tempo.
Dada a dificuldade, foi-me sugerido que criasse uma cena que um dia poderia encaixar numa história maior. Eis que a ideia me agradou bastante e aceitei pô-la em prática.
"A consequência", título com que batizei este projeto, relata a história de Patrícia Swan. É uma adolescente que acaba de perder o pai, Jorge Swan, e a irmã gémea, Gabriela Swan, num acidente de carro. Para não bastar, este acidente trouxe-lhe algo ainda mais grave, porque no momento em que ocorreu, na realidade, ao contrário do que se pensa, não era Gabriela que ia no carro, era Patrícia. Ao contar a verdade à mãe, Isabel Swan, Patrícia afirma querer repor a verdade mas esta aconselha-la a não o fazer porque traria consequências graves, então, Patrícia, a partir de agora terá de fazer "restart" em sua vida e fingir ser Gabriela, possivelmente até ao fim dos seus dias.
Ao contrário do que muita gente possa assemelhar, não, a história não é baseada na telenovela "A Impostora" de António Barreira, que conta uma história quase semelhante. A ideia surgiu há alguns anos atrás quando ainda via séries e filmes no "Disney Chanel" e, imaginei juntar duas personagens, interpretadas pela atriz Demi Lovato, sendo estas Sunny Monrou da Série "Sunny with a Chance" de Steve Marmel e Mitchy Torres do filme Camp Rock, Matthew Diamond,
numa série só, para isso, teriam de ser gémeas. Como uma imaginativa que sou fui sempre inventando história com as duas personagens, até que surgiu esta ideia.
Patrícia assemelha-se a Sunny, uma jovem que aos 16 anos muda totalmente de vida, só que ao contrário de Sunny, para pior. É tímida, mas se puxarem por ela, torna-se divertida e engraçada, adora tocar violino e divertir-se com a irmã e os primos. É muito dada à família. Quando era mais nova sofreu de Bullying, o que a torna carente emocionalmente, busca sempre o carinho e vê o lado bom nas pessoas, mesmo que ele não exista. Tem dificuldade em fazer amigos. Os únicos que tem são mesmo a irmã e os primos. Gonçalo é o seu melhor amigo. A sua irmã é quase o oposto: extrovertida e sociável.
Estas são só algumas das características da protagonista e que realçam a dificuldades que a mesma terá em se adaptar a esta nova vida.
Na vida, por mais simples e inofensivas que possam parecer certas escolhas erradas ou certas mentiras, devemos ter noção que não será bem assim. O objetivo desta história é mostrar isso mesmo: que não devemos aceitar facilitismos, se Patrícia não se tivesse deixado levar pelo egoísmo e pela preguiça, não teria aceitado a proposta de sua irmã e evitaria a morte dela e o seu peso na consciência pela mesma, evitaria a não realização daquela que acabou por ser a última vontade de seu pai e, por fim, evitaria viver enclausurada numa vida que não é a sua que, no fundo é como se também tivesse morrido e reencarnado num novo ser.
Esta curta é incumbida de alguns simbolismos. Quanto aos nomes, optei por utilizar o apelido "swan" por duas razões: uma vez que o apelido representa o nome da nossa família, dos nossos ascendentes e, dado que a história foi inspirada em series e filmes estadunidenses, achei que faria sentido utilizar um nome desse país como uma espécie de homenagem; ao mesmo tempo, "Swan" significa "cisne". Os cisnes são animais que vivem nos lagos. No final da curta, Patrícia lança garrafas com fotos do pai, dela e da irmã no lago. As garrafas passam a habitar no lago, tal como os cisnes. É uma espécie de alegoria. Quanto aos nomes em si, apenas optei por colocar nomes o mais comuns possíveis na época em que as personagens nasceram, sem qualquer simbolismo ou significado propositado: Isabel, Jorge e a referida Tia Lúcia (anos 70) e Patrícia, Gabriela e Gonçalo (anos 90). Outros simbolismos estão associados às garrafas que Patrícia joga no lago: porquê que Patrícia coloca uma foto dela e da irmã e não apenas da irmã? Como vai passar a viver uma vida que não é a sua é como se Patrícia tivesse morrido também e está a despedir-se de si própria; uma vez que Jorge e Gabriela morreram quando foram pescar, porquê referir que eles morreram num acidente de carro e não no lago? Eles como tiveram o acidente de carro, nunca chegaram ao lago, ao levar as garrafas, é como se os tivesse a levar lá, a concluir a viagem deles.
Por fim, às opções técnicas:
- som e iluminação: relativamente ao som, optaria por utilizar som natural em todos os cenários, no exterior para parecer mais realista e no interior também porque uma vez que utilizaria a sala de minha casa e uma vez que se trata de um sitio calmo e sossegado, estaria a vontade para o fazer porque não haveria ruídos indesejáveis e que teriam de ser removidos e em pós-produção; quanto a iluminação, no cenário de interior optaria por utilizar um ou dois projetores para garantir uma boa iluminação do espaço, no exterior possivelmente não usaria porque dada a dramaticidade da cena não fica bem ser muito iluminado, optaria por filmar em luz natural, a meio da tarde, em horário de inverno, porque o sol não é tão forte nem tão escuro, a luminosidade ideal.
- Técnicas de filmagem: no storyboard e no guião técnico estão especificadas as técnicas que escolhi. Optei por utilizar os planos e ângulos com o objetivo de ajudar a explicar melhor a história e as emoções das personagens nos momentos mais cruciais. Vou dar um exemplo quando Isabel diz à filha que esta deve assumir a identidade da irmã, utilizei ângulos picado para Patrícia e contrapicado para Isabel para realçar o poder e a superioridade da mãe sobre a filha naquela situação em que a mãe praticamente a obriga a filha a fazer como ela acha que tem de ser.
- Posições de câmara: dada a minha pouca experiência, optei sempre pela utilização de planos fixos com a câmara posicionada no tripé em pontos fixos, porque tenho medo de que se fosse mesmo filmado, desfocar a imagem durante a filmagem. As únicas exceções seriam os planos de pormenor das duas fotos que teriam de filmados com câmara à mão.
