CAPÍTULO 04

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Luana Hernandes

Estou concentrada lendo alguns documentos da reunião que tive mais cedo com os acionistas da empresa quando o telefone da minha mesa toca.

— Alô.

— Srta. Hernandes, o seu compromisso das 11h acabou de chegar — informa Annette.

— Peça para ela entrar — digo antes de desligar.

Apesar de a Annette e eu sermos amigas há um longo tempo, quando estamos no horário de expediente, ela faz questão de manter o comportamento profissional e me chamar de Srta. Hernandes ao invés de Luana.

A porta da minha sala é aberta, e eu me levanto para receber Pietra Taylor. Estendo a mão para cumprimentá-la. Ela é uma mulher muito bonita, loira como eu, de altura mediana e que aparenta ser jovem.

— Bom dia, Sra. Taylor, sente-se, por favor.

Ela retribui o aperto de mão e se senta na poltrona que fica de frente para a minha mesa.

— Em que posso ajudá-la?

— Eu quero me divorciar do meu marido o mais rápido possível.

— Posso saber o motivo? — questiono, atenta à sua resposta.

A maioria das clientes que vem à minha procura quer se divorciar dos seus respectivos maridos, mas levar metade da fortuna deles ou ter direito a pensão. Quase nunca elas se preocupam com os filhos no processo. São raras as que pensam no bem-estar deles em primeiro lugar.

— Flagrei o meu marido na cama com outra mulher no nosso apartamento — ela responde e seu rosto demonstra puro desgosto. Não posso culpá-la, deve ter sido uma cena terrível flagrar o seu marido a traindo e ainda por cima na casa deles. Nem sei o que eu faria se estivesse no lugar dela. Para falar a verdade, sei, sim, provavelmente teria matado o desgraçado. Deve ser por isso que nunca me casei. Homens honestos, carinhosos, respeitosos e companheiros estão em extinção. Foco, Luana. Não é hora nem lugar para ficar pensando nisso.

— Sinto muito. Vocês têm filhos?

— Não.

Sinto-me aliviada por ela.

— Ótimo. Isso torna as coisas mais fáceis. Geralmente, quando o casal tem filhos, o divórcio costuma ser complicado. Vou precisar desses documentos que estão listados nesse papel primeiro para depois poder dar entrada no seu pedido — falo, entregando a folha a ela. — O seu marido está ciente do seu desejo de se divorciar?

— Sim, quando fui buscar minhas coisas no meu antigo apartamento, eu lhe avisei que entraria com o pedido de divórcio. No entanto, ele deixou claro que não assinaria os papéis.

— Tudo bem, caso não consigamos resolver o divórcio de forma consensual, podemos tomar outras medidas cabíveis. Por enquanto, vamos nos concentrar nos documentos que preciso que você me traga. Quanto mais rápido você os trouxer, mais cedo poderemos resolver essa situação.

— Claro. Obrigada — ela agradece ao ficar de pé e estende a mão para mim. Retribuo o aperto e a acompanho até a porta.

Retorno à minha mesa, alcanço o telefone e disco o ramal da minha secretária.

— Annette, assim que a Sra. Taylor trouxer os documentos que pedi, me avise imediatamente, por favor. O caso dela é prioridade para mim.

— Pode deixar, que aviso.

— Obrigada. — Encerro a ligação.

Sinto-me solidária com a situação da Pietra Taylor. Ninguém merece ser traído. Quero ajudá-la a se livrar desse casamento e do marido depressa. Ela me passou a impressão de ser uma boa pessoa.

Em Meu Coração - Série Os McNally Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora