two

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-Vai me matar agora sua vagabunda? -falei cuspindo as palavras.

Então ela fez mais pressão em meu corpo me impedindo de me mexer por completo, a faca chegou a encostar em meu pescoço e eu senti medo dela me matar naquele momento. Mas ela não o fez. Seus olhos me encaravam, aquelas duas órbitas negras transmitiam o mais rigoroso inverno.

-Olha eu sei que você está confuso agora tá bom? Mas não precisa xingar as pessoas com nomes que elas não são! Eu sei, eu te prendi aqui e você quer respostas, eu vou te dar. Ah sim, eu sou uma pessoa horrível, mas não me xinga CARALHO se não eu vou ter que te machucar está me entendo? Cala a tua boca e fica quieto, espera só um minuto será que você consegue? Se você falar mais uma palavra... -ela ainda me encarava furiosa e eu fiquei sem reação, a sua faca ainda estava pressionada sobre meu pescoço, mas ainda tive um pouco de coragem de falar.

-Me. Tira. Daqui. Agora. Caralho. -falei pausadamente com o maxilar travado.

Então rapidamente ela escondeu sua faca na seu coturno, por um milésimo de segundo achei que ela iria me soltar mesmo, mas com a outra mão puxou uma arma do cós da sua calça, ela carregou a arma e apontou diretamente para minha cabeça.

Meu coração disparou, eu nunca tinha ficado tão perto de uma arma antes. A sua mão outra mão voltou a pressionar meu ombro contra a cabeceira e ela me encarou novamente.

-Você vai ficar quieto agora? -ela perguntou calma.

Então concordei com a cabeça, eu estava apavorado.

Ela deixou a arma descarregada em cima do criado mudo e voltou a sua atenção para mim, ela observava todo meu rosto, deixou uma das suas mãos no meu peito arranhando um pouco com suas unhas e com a outra passou a mão no meu cabelo. Eu não me neguei aos seus toques, não queria que ela me machucasse, mas eu estava sentindo um pouco de nojo. Queria tirar ela de cima de mim, mas nao podia fazer nada naquele estado.

Quando ela passou a mão em cima da minha testa senti uma dor e prendi a respiração.

-Está doendo docinho? -ela perguntou fazendo uma cara de preocupada. Concordei com a cabeça. -Desculpe, não queria ter batido tão forte. -ela fala num tom de triste.

-Você me bateu? Quando? -perguntei confuso, eu ainda não me lembrava de nada do que tinha acontecido horas atrás.

-Ah você não se lembra. Vou limpar sua testa docinho, tem um pouco de sangue. -ela saiu de cima de mim e fiquei meio aliviado.

-Tudo bem. -disse calmo.

Ela pegou sua arma e caminhou até uma porta, era o banheiro, voltou de lá com um kit de primeiros socorros. Ela colocou a caixa na cama e se sentou ao meu lado.

-Enquanto eu limpo isso aí -ela apontou para a minha testa. -você pode fazer algumas perguntas, mas por favor, não grita.

-Por que eu estou aqui? -pergunto.

-Você viu o que não deveria docinho, então trouxemos você como meu prisioneiro para você não contar nada para a polícia.

E então eu lembrei.

Flashback On

Eu estava me sentindo o cara mais triste do mundo, estava chateado e com raiva. Eu tinha meio que "fugido" de tudo. Estava perdidamente preso em meus pensamentos e comecei a andar pelas ruas de Los Angeles. Já era de madrugada e eu não sei por que caralhos eu tive essa grande ideia. Mas só queria esfriar a cabeça sem ninguém por perto.

Stockholm Syndrome | Jonah MaraisOnde histórias criam vida. Descubra agora