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"Não era essa garota que eu queria ter me formado."

🔙 oito meses atrás 🔙

—Já pegou tudo? Indentidade? Passaporte? Passagens? Você tem certeza que não deixou nada para trás minha filha? —escutei pela milésima vez minha mãe fazendo o famoso papel de mãe.

Concordei as mil vezes, eu estava nervosa mas mesmo assim chequei várias vezes todos meus documentos e se eu não tinha esquecido de nada.

—Peguei tudo, acho que estou pronta! —falei com um sorriso fraco, depois de ter colocado minha mochila nas costas e segurando uma mala média em minhas mãos.

—Eu nem acredito que a minha filha vai morar no exterior! Você se cuida lá em? Não gasta muito dinheiro e liga quando der! —dessa vez foi a vez do meu pai falar, ele sempre foi rígido mas agora ele estava com um tom até irônico na voz.

—Ligar não, melhor mandar mensagem, sempre que der e manda várias fotos de coisas bonitas também!

—Mando sim mãe, mando mensagem todos os dias e prometo que vou me cuidar, esse é o meu sonho e acredito que nada dê errado. —falei confiante.

Eu nunca pensei que eu fosse capaz de viajar para fora do Brasil, sempre foi meu sonho, mas eu sou uma pessoa um pouco pessimista, é mais fácil desistir do que persistir.

Porém eu estava aqui, juntei dinheiro suficiente e irei realizar meu sonho. Ou pelo menos metade dele, meu sonho sempre foi morar na Irlanda, infelizmente ou felizmente a agência de viagens tinha uma promoção especial para Los Angeles e eu me meti de cabeça e agora estou indo direto para lá.

—Vou sentir falta de você meu amor... —minha mãe me olhou em meus olhos, me segurei para não me emocionar, não queria que aquilo fosse uma despedida triste.

A puxei para um abraço forte e demorado, sussurrei em seu ouvido "eu te amo" me segurando para não chorar.

Fiz o mesmo com meu pai, mesmo ele sendo um homem realmente chato, eu o amava. Ele era meu pai e eu também sentiria saudades dele.

—Digam pro meu irmão que eu o "amo" também. —falei ironicamente, pois ele era um chato e dei graças de ficar longe dele.

Peguei minhas coisas, me despedi mais uma vez dos meus pais e entrei no táxi que me esperava no lado de fora da casa.

E era isso. Eu iria viajar para Los Angeles sozinha e tentar ser independente em um país desconhecido.

🔙⌛

(Aconselho a você a colocar a música que está na mídia pois vai ser uma experiência bônus)

07:07 PM, 25 de setembro, 2018.
Grande Mansão em algum lugar em Los Angeles.

E era assim que o vazio chegava, uma lembrança, uma palavra.

Uma lembrança que machucava, uma palavra que quebrava.

Lamentar uma dor passada, no presente, é criar outra dor e sofrer novamente.

Eu estava congelada no tempo. Sofrendo por um passado que não existia mais e que não conseguiria reviver. E tudo parecia me relembrar essa dor.

As lágrimas quentes escorriam pelo meu rosto relembrando da minha antiga vida, onde tudo era bom e puro. Esse lugar tinha me virado de cabeça para baixo, me fazendo me tornar o que nunca quis, me fazendo fazer coisas horrorosas. Agora eu era uma alma corrompida, corrompida pela maldade. Eu era o lado ruim da humanidade. Me tornei todas as coisas ruins que se possa imaginar.

Euforia perdida. Despedaçada. Solitária.
Transbordando de dor. Vazia.

Meus sentimentos me transbordavam e mesmo que eu chorasse todos os dias, não conseguia me aliviar, a dor era infinita, a dor de estar presa, de ser o que não sou, de não poder fazer nada, me matava a cada segundo.

Apenas continue respirando.

Tranquila e estabilizada, eu me levantei do chão gelado e limpei as últimas lágrimas. Procurei o banheiro mais próximo e lavei meu rosto. Sem coragem nem me olhei no espelho. Minha figura era degradante. Um corpo vazio.

Eu nem precisava me observar para saber que meus hematomas ainda estavam em minha pele, mesmo coberto por toda a maquiagem que eu usava, eles ainda estavam lá, me marcando. Marcando cada canto do meu corpo. Marcas de maldade. De coisas ruins.

Sai do banheiro e a raiva começou a me subir pela cabeça. Aquele lugar tinha feito coisas horríveis comigo. E eu queria de algum modo me vingar, despejar todo o ódio acumulado, todas as palavras que não disse pois me mantive calada, todos os sentimentos guardados que me sufocavam.

Meus pés estavam pesados e pisavam com com força no chão. Fui em direção ao meu quarto. Minha cara fechada estava nítida. Meus punhos estavam fechados. E a raiva tinha me tomado.

Abri a porta do quarto ligeiramente e ele estava lá. Como eu temia. Seu corpo magro e alto caminhava de um lado para o outro. Quando me viu, sua feição foi de surpresa, mas logo sua expressão se fechou. Eu me mantive parada, imóvel. Apenas encarando aqueles olhos verdes misteriosos. Pensando no que eu realmente queria fazer.

Sua boca abriu algumas vezes, tentando falar com tentativas falhas. Eu me aproximei dele lentamente e observei toda sua feição. Ele também me encarava, talvez tentando me decifrar. Mas agora eu era um quebra-cabeça com peças perdidas. Perdida na escuridão. Nem eu mesma me reconhecia. Não saberia nem explicar o que eu estava prestes a fazer.

Minha mão agora segurava o objeto pesado com força, mas dessa vez eu não tremia. Não sentia medo.

—M-me desculpe por antes. Me deixei levar pela raiva, não queria ter dito aquelas palavras. —disse ele, sua voz trêmula e rouca. Mas dessa vez eu não iria cair em seus encantos.

—Não. —falei forte e séria.

Nossos olhos se encontravam, ninguém se mexia, imóveis, paralizados, em transe, com medo.

—Não? Não o que?

—Você vai sentar naquela merda de cadeira agora —falei ainda séria. Não desgrudei meus olhos dos dele.

—Como? —ele disse confuso, deu alguns passos para trás e olhou ao redor, só depois de alguns segundos notou o que eu tinha em minhas mãos.

—Você tá surdo Marais? SENTA NA PORRA DA CADEIRA —falei em voz alta e rígida.

Tomei mais coragem e apontei a minha arma para ele, mais uma vez naquele longo dia. Em instantes seus olhos ficaram arregalados, caminhou mais para trás e sentou na cadeira que estava em um canto do quarto. Eu pude ver que ele tremia. Suava frio.

—Seu idiota você me estressa tanto. —guardei a arma atrás do coz da minha calça e peguei no meu bolso duas algemas.

—O que você vai fazer comigo? —ele perguntou fraco.

Cheguei perto dele e me deixei dar uma risada frouxa. O olhei com luxúria e mantive um sorriso cínico em meu rosto. Prendi suas duas mãos na cadeira rapidamente. Assim fazendo-o ficar preso.

—O que eu vou fazer com você? Bom, agora você vai ouvir tudo o que eu tenho a dizer. E depois vou fazer tudo o que eu quiser. E se você negar... Vai sofrer. Você me entendeu? —perguntei o olhando bem fundo em seus olhos.

Ele engoliu em seco e concordou fraco com a cabeça assim fazendo-me ficar satisfeita com a situação.

Sim, seria uma longa noite.

Continua...

Ooii pessoal, começando por um pedido de desculpas por ter ficado tanto tempo sem postar MAS EU NÃO DESISTI OK. Só peço paciência, eu vou tentar postar mais vezes até dezembro.

Mas espero que tenham gostado e não deixem de votar e comentar é muito importante para mim.

Novas confusões ainda viram. Até o próximo capítulo, beijinhos.

All The Love💙
xLív

Stockholm Syndrome | Jonah MaraisOnde histórias criam vida. Descubra agora